A condição de adoecimento potencialmente constrói uma sensação de desamparo e de sofrimento generalizado na pessoa, sendo que a doença crônica é caracterizada pela sua permanência e possibilidade de incapacitar o sujeito, impondo um tratamento de longa duração que, no limite, impacta a qualidade de vida (QV) dos enfermos. Qualidade de vida é considerada como uma avaliação subjetiva que a pessoa faz de diferentes aspectos da vida e em relação à sua condição de saúde e doença, dentro do que é potencialmente possível. Particularmente, doenças onco-hematológicas são incidentes e com mortalidade consideráveis. Assim, estima-se cerca de seis mil casos novos de leucemia em homens e quase cinco mil casos em mulheres anualmente. Por outro lado, o Linfoma Não Hodgkin ocupa a posição de 11ª neoplasia mais frequente entre todos os cânceres, enquanto o Linfoma de Hodgkin ocupa a 17ª posição (Brasil, 2018). A taxa de anos potenciais de vida perdidos para linfomas e leucemias é de 1,39, para o período de 1979 a 2015, partindo da premissa que o limite superior de idade é 80 anos. No ano de 2015, a taxa bruta de mortalidade por Leucemias e Linfomas na população brasileira foi de 6,08 por 100 mil habitantes (Brasil, 2018). Este estudo objetiva descrever e analisar as configurações da qualidade de vida de pacientes com doenças onco-hematológicas. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, transversal e exploratório, sendo concretizado em um hospital público federal, com amostra intencional de 40 pacientes, com idade entre 18 e 80 anos. Os dados serão submetidos à análise temática de conteúdo, com uso do Iramuteq, e discutidos à luz dos referenciais teóricos dos estudos de qualidade de vida em saúde.

Objetivo Geral

Descrever e analisar as configurações da qualidade de vida de pacientes com doenças onco-hematológicas.

Objetivos Específicos

- Realizar uma revisão sistemática da literatura sobre qualidade de vida de enfermos onco-hematológicos;

- Avaliar relatos sobre a relação entre conscientização sobre o diagnóstico, tratamento e emoções associadas;

- Investigar as manifestações de emoções negativas, bem como o coping associado a tais emoções;

- Avaliar os relatos sobre as dimensões da Existência (Being), Pertença (Belonging) e Ação (Becoming), associadas à qualidade de vida geral, após o conhecimento do diagnóstico da doença onco-hematológica; e,

- Avaliar processos de resiliência frente aos principais estressores decorrentes da doença onco-hematológica.

Justificativa

Na prática clínica, observa-se que os pacientes com doença onco-hematológica, em sua maioria, tendem a sentir sintomas de ansiedade, frequentemente, por eles associados à hospitalização e aos prejuízos acarretados pelo diagnóstico em si. Da mesma forma, são utilizadas por eles diferentes estratégias de coping (enfrentamento psicológico), ainda pouco descritas na literatura em língua portuguesa. Tal condição, possibilita um interessante campo de exploração sistematizada sobre a QV desses enfermos e que pode contribuir para a qualificação dos cuidados em saúde. Por outro lado, a literatura produzida a partir da realidade de pacientes onco-hematológicos no Brasil é escassa.