Os herbicidas são amplamente utilizados para controle de pragas na agricultura. Contudo, apenas uma parcela atinge as pragas alvo, o restante contamina o ar, solo e a água provocando danos ao ambiente e a saúde humana. Entre os herbicidas frequentemente usados nas culturas brasileiras estão a flumioxazina e o S-metolacloro. Em uma mesma safra, os agricultores costumam combinar estes dois herbicidas, contudo não há estudos do impacto ambiental e para saúde humana desta mistura. Para avaliar possíveis efeitos em espécies não-alvo, pretende-se neste estudo realizar a exposição de Rattus novergicus a diferentes concentrações desta mistura (Apresa®). Para isso, ratas Wistar serão distribuídas em 4 grupos de 10 animais e expostos a 3 diferentes doses do herbicida comercial Apresa® (flumioxazina + S-metolacloro) e um grupo controle. Após o tratamento os animais serão eutanasiados para coleta de sangue, do fígado, rins, pulmões e intestino. O sangue será utilizado para dosagens bioquímicas, o fígado, rins, pulmões, serão usados para avaliação histopatológica.

Objetivo geral: 

Avaliar o potencial tóxico do Apresa^Ò (mistura comercial dos herbicidas flumioxazina e S-metolacloro) em ratas Wistar.

Objetivos específicos:

Avaliar se a exposição ao Apresa^Ò promove:

•  toxicidade aos animais utilizando como parâmetros o ganho médio de massa corporal, consumo de ração e água, 
•  toxicidade hepática e renal por meio de dosagens de marcadores bioquímicos e análise histopatológica dos órgãos; 
•  toxicidade ao sistema nervoso entérico utilizando como parâmetros as alterações quantitativas e morfométricas de neurônios dos plexos submucoso e mioentérico.

Apesar de todos estes indícios de toxicidade ambiental, ambos os produtos são comercializados atualmente no Brasil. Outro agravante no Brasil é a mistura de herbicidas. Segundo Gazziero (2015), 97% dos trabalhadores rurais brasileiros, costumam misturar de dois a cinco pesticidas para tratamento fitossanitário da sua lavoura. Isto porque as regiões produtoras brasileiras estão situadas em condições climáticas favoráveis ao aparecimento de pragas, doenças e plantas daninhas, que afetam a produtividade das culturas e normalmente não ocorrem de forma isolada, sendo necessário a utilização de diferentes moléculas em mistura para controle efetivo de todos os alvos. No Brasil, em outubro de 2018, as misturas em tanque foram liberadas através da instrução normativa nº 40 regulamentada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), podendo ser prescrita em receituário por qualquer profissional habilitado. Contudo, as misturas não foram avaliadas quanto a sua toxicidade e impactos ambientais. Além das misturas caseiras, recentemente liberado no mercado o herbicida Apresa^Ò, o qual consiste na mistura de flumioxazina e S-metolacloro. Registro na bula desta nova formulação não fornece dados toxicológicos da mistura, apenas dados de cada um dos seus componentes individualmente. Como não existe na literatura científica dados sobre a segurança do uso desta mistura para ambiente e seus efeitos em organismos não-alvos, neste projeto pretende-se avaliar o potencial tóxico Apresa^Ò (mistura de flumioxazina e S-metolacloro) em ratas simulando as condições comumente utilizadas no campo para a cultura da soja.