Na prática da medicina veterinária, garantir o êxito dos objetivos terapêuticos demanda que o médico veterinário e sua equipe sejam devidamente capacitados nas técnicas semiológicas. O profissional encarregado desses procedimentos deve possuir compromisso ético e conhecimentos técnicos abrangentes (CROW & WALSHAW, 2000). A utilização de animais em práticas acadêmicas, com o propósito de ilustrar processos biológicos conhecidos, é tradicionalmente justificada com base na sua relevância para o aprendizado, respaldada pela crença de que os animais não são seres sencientes (FEIJÓ et al., 2010). Essa prática também encontra respaldo na confiança atribuída às razões acadêmicas (FISCHER; TAMIOSO, 2013). No entanto, o avanço do conhecimento científico, aliado à mudança de percepção da sociedade e da comunidade acadêmica, tem suscitado repúdio e intolerância em relação à prática de sacrificar a vida de animais saudáveis meramente para reproduzir processos já consolidados (BASTOS et al., 2002). Dessa forma, torna-se imperativo desenvolver alternativas para um ensino ético e de elevada qualidade, em estrita conformidade com a legislação brasileira (Lei 11794, 2008). Além disso, é essencial alinhar-se com os princípios dos 3Rs (replacement, reduction e refinement), conforme proposto por Mallia et al. (2018), e atender às diretrizes da Resolução Normativa 30 do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), que estipula a responsabilidade de todos os envolvidos no uso de animais em atividades de ensino ou pesquisa científica de "promover o desenvolvimento e o uso de métodos alternativos que substituam o uso ou reduzam o número de animais" (CONCEA, 2016). Face ao exposto, esse estudo objetiva desenvolver e validar modelos de treinamento de baixo custo como alternativas ao uso de animais no ensino da semiologia e clínica médica de pequenos animais.

Criar modelos de treinamento de baixo custo que simulem de forma realista as condições anatômicas e fisiológicas de pequenos animais, proporcionando uma alternativa para o ensino de semiologia e clínica médica; realizar análise comparativa entre o desempenho dos alunos de graduação ao utilizar os modelos de baixo custo e a prática em animais vivos e cadáveres, para verificar a eficácia do treinamento alternativo e fornecer oportunidades para que os estudantes adquiram habilidades práticas essenciais no diagnóstico e tratamento de pequenos animais, garantindo que o treinamento seja clinicamente relevante e alinhado às exigências profissionais.

A utilização de animais em atividades de ensino na área médica, especificamente no treinamento de semiologia e clínica médica de pequenos animais, tem sido uma prática comum ao longo dos anos. Contudo, a crescente preocupação com o bem-estar animal, a ética no ensino e o impacto ambiental associado a essas práticas têm motivado uma revisão crítica de métodos tradicionais.

A redução do uso de animais por métodos alternativos no ensino responde a uma demanda ética crescente e contribui para a formação de profissionais mais conscientes e responsáveis. Metodologias inovadoras, podem oferecer uma experiência de aprendizado eficiente assim como a abordagem tradicional, promovendo a aquisição de habilidades práticas

Nesse contexto, surge a necessidade de explorar e desenvolver meios alternativos que permitam o ensino efetivo e ético, preservando a integridade dos animais e atendendo aos padrões educacionais exigidos. Este projeto de pesquisa visa preencher essa lacuna, proporcionando uma abordagem inovadora e sustentável no processo de formação de profissionais médicos veterinários.