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FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOCENTE: DESAFIOS POSTOS À INSERÇÃO SOCIAL DA PROFISSÃO DE EGRESSOS DA ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
2024/1 até 2026/2
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
POLÍTICAS EDUCACIONAIS E GESTÃO ESCOLAR
Estado, Políticas e Instituições Educacionais
RODRIGO FIDELES FERNANDES MOHN
OBJETIVO GERAL
O objetivo principal é analisar quais são as dificuldades e as descobertas do trabalho docente dos professores iniciantes e dos professores ingressantes, egressos dos cursos de licenciatura da EFPH, nas instituições públicas e privadas de educação básica, na busca das marcas singulares da atividade docente.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A motivação para a realização desta pesquisa origina-se de inquietações surgidas ao longo da trajetória profissional, em que pudemos perceber que os professores que iniciam a carreira docente não têm nenhum tipo de apoio, apenas uma recepção burocrática que informava questões administrativas. Ou seja, não há política de inserção de professores na carreira docente que se refere às políticas e diretrizes estabelecidas por governos estaduais ou municipais para se recrutarem, selecionarem e desenvolverem professores em sistemas educacionais. Essas políticas visam garantir a qualidade da educação e promover o desenvolvimento e a valorização profissional dos docentes.
A inserção na carreira docente tem sido tomada como objeto de estudo de várias pesquisas. Segundo Huberman (1992), o período caracterizado como o início na carreira docente é compreendido geralmente entre os três primeiros anos de magistério e é identificado como o período mais difícil, por ser a fase de transição de aluno (acadêmico) para “se tornar” professor, no qual é comum o sentimento de insegurança, medo e despreparo profissional. O período de iniciação é a etapa em que o professor busca conhecer a sua própria situação e definir os comportamentos que serão adotados no exercício da atividade profissional. Nesse período, o professor encontra algumas dificuldades, podendo perceber um distanciamento entre o idealizado durante a formação inicial e a realidade encontrada na sala de aula e na própria instituição de ensino da Educação Básica, o que coloca em xeque seus conhecimentos e pode levá-lo à desistência da carreira docente.
Huberman (1992) ressalta que esse momento do início da docência é caracterizado pelos estágios de sobrevivência e descoberta. Esse momento de sobrevivência está relacionado com o choque de realidade, no qual, entre tantas experiências, o professor passa por uma apropriação constante da docência, percebe distância entre os seus ideais e a realidade da sala de aula.
Segundo o autor, o professor só consegue enfrentar esse primeiro aspecto por acontecer paralelamente à descoberta, que é o entusiasmo do professor por estar em uma situação de responsabilidade, assumindo um papel pelo qual vem se constituindo na formação inicial. Isso porque, segundo Cunha (2009, p. 84), “[...] a docência é uma atividade complexa, que exige tanto uma preparação cuidadosa, como singulares condições de exercício, o que pode distingui-la de algumas outras profissões”.
Algumas pesquisas relatam que a insegurança, o cotidiano escolar, as condições de trabalho, somados a um sentimento de isolamento, tomam conta do professor iniciante (MARIANO, 2005). O professor, ao observar a realidade de seu trabalho, pode desenvolver conflitos e preocupações educacionais, especialmente em contextos que afrontem a sua perspectiva de trabalho e podem desestimular a continuidade da carreira (BEJARANO; CARVALHO, 2003). Tais conflitos podem ser entendidos como situações em que o professor não esperava encontrar ou que estão em contradição com suas próprias crenças e expectativas do que é ser professor (QUADROS et al., 2006).
Nesse contexto, considerando que os professores no processo de inserção na carreira docente em meio à tensão existente entre dificuldades e descobertas vão assumindo ou desistindo da carreira, a presente pesquisa propõe-se a estudar e analisar a inserção no trabalho docente, buscando compreender as contradições entre dificuldades e descobertas enquanto par dialético, por meio dos dados levantados pela Coordenação de Apoio ao Estágio, Monitoria, Egresso e Empresas Juniores (CAEME).
Partindo da contradição é que percebemos que o trabalho do professor nos primeiros momentos potencializa os processos de reconhecimento e desistência. Assim, esta pesquisa busca analisar especificamente as dificuldades e as descobertas do trabalho docente dos egressos dos nove cursos de licenciatura da EFPH da PUC Goiás, quando da inserção na carreira nas escolas públicas e privadas de Educação Básica.
Num texto denominado Apontamentos para Reflexão sobre o Conceito de Problema e sua Aplicação em Trabalhos Acadêmicos elaborado pelo professor de Filosofia Política e de Filosofia do Direito da Universidade Federal de Goiás Joel Pimentel de Ulhôa, verificamos que o autor, ao procurar aproximar-se de sua significação, caracteriza esse termo como um inacabamento, no que se refere à apreensão da realidade ou, por outra ponta, um turvamento frente ao real, em face de se desconhecer tal realidade, e, de forma simultânea, a emergência de uma necessidade imperiosa de ter de desvendá-la (pelo caminho teórico) para, assim, tornar clara essa percepção turva que se tem da realidade.
Nesse sentido, o autor expõe a seguinte ideia: "[...] o problema, percebe-se [...] é sempre uma incompletude de visão, uma carência do ver, uma dificuldade teórica: o problema não está no real, mas na visão que tenho do real que de repente se dá conta de que não consegue enxergar tudo o que a realidade me manifesta "(ULHÔA, 1998, p. 8).
Além dessa conceituação, inferimos que se faz necessário ainda esclarecermos que o problema precisa configurar-se “[...] em um enunciado explicitado de forma clara, compreensível e operacional cujo melhor modo de solução ou é uma pesquisa ou pode ser resolvido por meio de processos científicos” (LAKATOS; MARCONI, 2003, p. 127).
Tendo como base tais conceitos e, ainda, levando em conta os argumentos precedentes a respeito das reflexões elaboradas pela epistemologia do Materialismo Histórico Dialético, então, questionamos: Quais são as dificuldades e as descobertas que marcam o trabalho docente dos professores iniciantes e dos professores ingressantes, egressos da Escola de Formação de Professores e Humanidades (EFPH), nas instituições das redes pública e privada de Educação Básica, na busca das marcas singulares da atividade docente? Na busca de resposta a esse problema, pensamos que algumas questões orientadoras que poderão auxiliar-nos durante a investigação:
Buscamos compreender as diferenças com o processo de lidar com as dificuldades e as descobertas na inserção na carreira docente de professores iniciantes e de professores ingressantes em instituições escolares da rede pública e privada da educação básica.
O início da carreira docente se apresenta com singularidades, ou seja, a possibilidade dialética de o professor reconhecer-se e/ou negar-se, no movimento de reconhecimento-desistência enquanto processo contraditório de construção da docência. O trabalho docente é uma forma de atividade relacionada à oferta de serviço que apresenta, por sua natureza, uma contradição entre satisfação/prazer-insatisfação/sofrimento. Codo (1999, p. 383):
Um dos erros mais comuns quando alguém se aventura por estes territórios é o de confundir processos com fatos. Estamos falando de um campo tensional, de algo que não necessariamente tem começo ou fim trágico, que não se instala a partir de um evento qualquer, estamos falando, sempre, de forças antagônicas, cada qual a explicar e a determinar a outra. [...] Sair pelas escolas em um exercício do tipo ‘bem me quer, mal me quer’, você tem burnout, você não tem, além de não auxiliar em nada na resolução do problema, além de mentir, na medida em que apaga a psicodinâmica, ainda provoca o que quer evitar. Acrescenta-se aos dilemas do professor uma discriminação com vocação de profecia que se auto-realiza, mais um impedimento à realização do seu trabalho (grifo do autor).
Os aspectos constituintes das relações sociais são dependentes dos elementos pedagógicos relação professor-aluno, processo de avaliação, didática, documentos pedagógicos, e estes compõem a atividade docente, que na contradição entre negar-se e/ou reconhecer-se constitui as singularidades que podem reafirmar o processo de efetivação/pertencimento da atividade docente.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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MARIA CRISTINA DAS GRACAS DUTRA MESQUITA
Email: mcristinadm@yahoo.com.br |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
RENATO BARROS DE ALMEIDA
Email: renatobalmeida@hotmail.com |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
RODRIGO FIDELES FERNANDES MOHN
Email: mohnfideles@gmail.com |
Coordenador | Pesquisador | [aluno, professor] | [null, doutor] |