Nos últimos anos, tem havido um número crescente de tentativas de explicar modelos cognitivos/comportamentais a partir de uma perspectiva behaviorista ou behaviorista radical. Esses modelos, apresentados pela psicologia cognitiva e abordagens cognitivo-comportamentais, refletem essas concepções filosóficas e podem ser resumidos em três ideias básicas: 1) a atividade cognitiva influencia o comportamento, 2) a cognição pode ser monitorada e modificada, e 3) as mudanças cognitivas produzem mudanças comportamentais. Embora não haja uma definição operacional de cognição, esforços têm sido feitos para especificar o termo, como feito por Beck (1970). As intervenções psicológicas, especialmente em contextos clínicos, tradicionalmente visam identificar e modificar como os indivíduos estruturam e organizam cognitivamente sua percepção de comportamentos/eventos no mundo, em si mesmos e nos outros. No entanto, Skinner (1957/1978) argumenta que "qualquer descrição do comportamento verbal será incompleta até que sua relação com o restante do comportamento do organismo seja esclarecida". Skinner vê a ciência cognitiva como o criacionismo da psicologia, uma tentativa de reivindicar o self ou a mente interna, que segundo ele não existe em uma análise científica. O comportamento verbal, em particular, muitas vezes serve como a última base para abordagens cognitivo-comportamentais, que inserem variáveis intermediárias ou mediadoras inventadas como explicações para o comportamento. Essas construções inventadas foram adequadamente descritas por Smith (2007) e Fryling (2013), especialmente no que se refere ao comportamento verbal. Experimentos recentes realizados por Bernardy, Simonassi e Andrade Souza (2020) demonstraram empiricamente que lacunas na análise do comportamento verbal não exigem construtos em suas descrições. Eles mostraram que comportamentos verbais privados podem ser inferidos baseados em variáveis não aparentes. É importante estudar posteriormente as possíveis variáveis não aparentes, tornando-as variáveis independentes que podem ser manipuladas. Variáveis não aparentes parecem desempenhar funções significativas na análise do comportamento verbal, como demonstrado por Bernardy (2023) e Miguel (2016), onde intraverbais treinados bidirecionalmente podem funcionar como autoclíticos. Variáveis não aparentes podem ser responsáveis pelo surgimento do comportamento verbal (linguagem), mesmo quando autoclíticos qualitativos como "um", "e", "o" não foram explicitamente treinados, mas provavelmente surgiram da comunidade verbal dos participantes. Skinner (1986) enfatizou a dificuldade de estudar o comportamento verbal, comparando-a ao desafio de obter dados para a Teoria da Evolução. Ele argumentou que o comportamento verbal não deixou artefatos até o advento da escrita, mas ressaltou a importância da análise operante do comportamento verbal. Para enfrentar esses desafios, são necessárias investigações empíricas e experimentais. Aspectos negligenciados do comportamento verbal, como o surgimento de complexidade e o estudo de relações mais sutis, merecem atenção. Isto posto, o projeto de pesquisa tem como seu objetivo investigar as variáveis determinantes do comportamento verbal, considerando tanto os episódios verbais públicos quanto privados, com o objetivo de melhor compreender o comportamento relativo a influência do contexto, das relações funcionais e das variáveis não aparentes na aquisição, desenvolvimento e modificação do comportamento verbal.

Investigar as variáveis determinantes do comportamento verbal, considerando tanto os episódios verbais públicos quanto privados, a fim de compreender melhor a influência do contexto, das relações funcionais e das variáveis não aparentes na aquisição, desenvolvimento e modificação do comportamento verbal.

A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de aprofundar a compreensão do comportamento verbal e sua aquisição, superando limitações teóricas e conceituais, explorando variáveis não aparentes, e buscando evidências empíricas e experimentais para embasar os estudos nessa área. A pesquisa pretende contribuir para o avanço do conhecimento sobre o comportamento verbal, fornecendo bases sólidas para o desenvolvimento de intervenções e práticas clínicas mais efetivas. A pesquisa busca também investigar e aprimorar os estudos relacionados ao comportamento verbal e sua aquisição, em contraposição a abordagens que negligenciam variáveis não aparentes e tendem a utilizar construtos teóricos ou construções inventadas. Através de uma análise empírica e experimental, busca-se compreender de forma mais aprofundada as complexidades envolvidas no comportamento verbal, incluindo a influência do contexto, a interação entre operantes e respondentes, e a importância das pré-correntes verbais-vocais. Ao considerar a relevância do contexto na determinação do comportamento verbal, a pesquisa propõe uma abordagem multiescalar e uma análise molar do comportamento verbal, buscando compreender as variáveis complexas envolvidas no uso e significado dos termos verbais. Além disso, a pesquisa também investiga a interação entre o comportamento verbal público e privado, buscando identificar as diferenças nas variáveis funcionais que operam em cada contexto e as implicações do princípio do reforço nesses episódios verbais.