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QUALIDADE DA ÁGUA E ICTIOFAUNA DO RIO VERDE E AFLUENTES NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO COMPLEXO ARQUEOLÓGICO DE SERRANÓPOLIS, GOIÁS - NÚCLEO A
2023/1 até 2025/2
ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA
BIODIVERSIDADE NEOTROPICAL
Sistemática, Taxonomia e Biologia Comparada de Vertebrados Neotropicais
NELSON JORGE DA SILVA JR
Objetivo geral:
Realizar uma caracterização sazonal da qualidade da água e avaliar a riqueza e abundância relativa das espécies de peixes no trecho alto do rio Verde na área de influência do Complexo Arqueológico de Serranópolis, Núcleo A.
Objetivos específicos:
Analisar a influência da qualidade da água e dinâmica hídrica dos corpos d’água na preservação do patrimônio e informação resgatável do Complexo Arqueológico de Serranópolis – Núcleo A.
A bacia do rio Paranaíba possui uma área de drenagem de 220.195 km2, sendo 149.490,38 km2 (67,9%) pertencente ao território goiano, composta de cinco sub-bacias: rio Alegre, rio Claro, rio Verde, rio Corrente e rio Aporé. (GOIÁS, 2005a). A nascente do rio Verde apresenta elevado grau de degradação e a ocupação agrícola desrespeita a faixa de preservação permanente. Está situada na divisa de Mineiros com Portelândia e segue traçando a linha fronteiriça desses dois municípios até o sul, por Mineiros, passando por sua sede municipal (GOIÁS, 2005a).
No compartimento médio, o rio Verde apresenta vegetação ciliar relativamente bem conservada, sendo mais expressiva nos segmentos que o rio corre encaixado. Esse compartimento contem o município de Serranópolis, com inúmeros pontos turísticos de relevância ecológica e um importante componente arqueológico. Nesse trecho, vários pontos de desertificação ficaram evidentes após o uso inadequado do solo com o plantio da cana-de-açúcar. Dentre os aproveitamentos hidrelétricos em estudo para a bacia do rio Verde, todos os pontos no médio e alto curso do rio foram descartados, até o momento, por critérios ambientais. Em contrapartida, todo o curso médio e alto do rio Verde, por sua expressividade, preservação da vegetação e relevância ecológica foi indicada para compor uma Unidade de Conservação (GOIÁS, 2005a).
À época (2005) a sub-bacia do rio Verde apresentava um índice de 35,28% de área remanescente de Cerrado, com a ictiofauna registrando uma classe, 4 ordens, 12 famílias, 20 gêneros e 23 espécies, pobre em comparação com a prevista para a bacia do rio Paraná, muito provavelmente devido às condições temporais para a coleta efetiva de espécimes dessa sub-bacia (GOIÁS, 2005a).
No mesmo esforço foram realizados a avaliação da qualidade da água em duas campanhas sazonais (estiagem e chuva), em quatro pontos amostrais do rio Verde, revelando variações dos parâmetros de condutividade elétrica, acidez e oxigênio dissolvido (OD) no período de estiagem e carbono total, nitrogênio amoniacal, ortofosfato, turbidez, dureza, alcalinidade e coliformes totais no período de chuvas. Entretanto, essa avaliação foi feita para toda a área compreendida pelo EIBH-SWG, sem as caracterizações das sub-bacias e indicados possíveis impactos agravados com a contínua ocupação humana irregular da região. Adicionalmente, foram avaliados a susceptibilidade do solo devido ao alto grau de assoreamento, fragmentação de áreas naturais e pressões antrópicas (desmatamentos, carvoarias, não proteção de margens e nascentes) indicando áreas de proteção como tampão ecológico. Essas áreas se sobrepõem ao alto curso dos rios Verde, Claro e Corrente, onde as condições naturais são propensas e alvo de matérias primas para a produção de cerâmica, polímeros, lascamento e polimento por grupos pré-históricos (GOIÁS, 2005 b, c, d).
Os sítios arqueológicos pré-coloniais de Serranópolis, embora tenham sido objeto de iniciativas para a proteção e a conservação, encontram-se submetidos a impactos naturais e antrópicos relacionados às culturas de cana-de-açúcar, milho, soja e pecuária no complexo arqueológico como causa de uma série de processos erosivos, já ressaltada a pressão exercida nos sítios, na área da Reserva Particular de Patrimônio Natural Pousada das Araras. (BARBOSA et al. 2009; OLIVEIRA e SOUZA 2009; MARTINS, 2010; RESENDE, 2019; RUBIN et al. 2016, 2017).
A região está sujeita às atividades desenvolvidas no contexto das bacias hidrográficas em que se situam os sítios arqueológicos, tais como a presença de rejeitos e resíduos dispostos de forma irregular na região, o que potencialmente afeta a biodiversidade e impacta na presente capacidade de gerar conhecimento a respeito do aproveitamento da ictiofauna pelos grupos de caçadores-coletores na área do Complexo Arqueológico de Serranópolis em decorrência de processos erosivos que aumentariam o assoreamento.
Assim, esse projeto contempla uma caracterização ambiental da área de influência do Complexo Arqueológico de Serranópolis como subsídio a uma proposta de intervenção protecionista mais ampla desde que, além das características arqueológicas únicas, o Estudo Integrado do Sudoeste de Goiás (GOIÁS, 2005a) aponta o alto e médio rio Verde como área prioritária de preservação. Essa combinação das características arqueológicas e biológicas-ambientais se estruturam como uma ferramenta sólida para o planejamento de conservação e proteção ambiental ampla.
O Laboratório de Análises Ambientais (LAM) se apresenta com uma metodologia atual, com análises dos parâmetros físico-químicos limnológicos apoiado com um elevado poder de detecção (espectrofotometria ótica e espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente – ICP-OES) desde elementos básicos (i.e., série nitrogenada) até elementos traço (i.e., Hg, As, Pb, Cd, Zn, Cr, Cu, Al e Ni), identificando também possíveis intervenções poluentes. O Laboratório de Ictiologia oferece o suporte da caracterização básica da ictiofauna local e regional em contraste com outros levantamentos gerais prévios para um indicativo de diversidade. Além disso, será incorporado um estudo temporal de ocupação do espaço e avaliação do uso do solo nos últimos 20 anos. Trata-se de uma avaliação ambiental que poderá fornecer subsídios a ações de preservação e conservação e valoriza um importante patrimônio arqueológico onde a PUC Goiás já mantém a sua presença por décadas, inserido em uma sub-bacia do rio Paranaíba sob forte pressão antrópica. Se constitui, dessa forma, em uma intervenção de proteção ambiental ampla e condizente com documentos técnicos disponíveis (GOIÁS, 2005), caracterizando uma ação extremamente importante em uma área adjacente ao Parque Nacional das Emas, uma importante unidade de conservação do Cerrado.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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MATHEUS GODOY PIRES
Email: piresmg@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
NELSON JORGE DA SILVA JR
Email: nelson.jorge.silvajr@gmail.com |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |