Detalhes do Projeto de Pesquisa

QUALIDADE DA ÁGUA E ICTIOFAUNA DO RIO VERDE E AFLUENTES NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO COMPLEXO ARQUEOLÓGICO DE SERRANÓPOLIS, GOIÁS - NÚCLEO A

Dados do Projeto

864

QUALIDADE DA ÁGUA E ICTIOFAUNA DO RIO VERDE E AFLUENTES NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO COMPLEXO ARQUEOLÓGICO DE SERRANÓPOLIS, GOIÁS - NÚCLEO A

2023/1 até 2025/2

ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA

BIODIVERSIDADE NEOTROPICAL

Sistemática, Taxonomia e Biologia Comparada de Vertebrados Neotropicais

NELSON JORGE DA SILVA JR

Resumo do Projeto

Estudos preliminares de uso, ocupação e qualidade ambiental das bacias hidrográficas do sudoeste Goiano foram realizados no âmbito do Estudo Integrado da Bacia Hidrográfica do Sudoeste Goiano em 2005, porém sem detalhamento regional. Dezessete anos depois, o conhecimento dos aspectos ambientais da região evoluiram através de estudos esparsos e de pequena escala, principalmente associados à presença do Complexo Arqueológico de Serranópolis, no trecho médio do rio Verde, em Goiás. A evolução da prática agropecuária na região ao longo dos anos promoveu a destruição da vegetação original, levando à extinção de nascentes, assoreamento dos corpos d¿água naturais e destruição dos habitats aquáticos, o que potencialmente acarretará esgotamento e inviabilização dos solos agricultáveis na região. Este estudo pretende obter dados sobre as consequências dessa realidade ambiental sobre a qualidade da água e da ictiofauna no trecho amostrado, bem como promover a construção de patrimônio zoológico de referência para a região para subsídio de estudos zooarqueológicos, zoológicos, agrícolas e sanitários.

Objetivos

Objetivo geral:

Realizar uma caracterização sazonal da qualidade da água e avaliar a riqueza e abundância relativa das espécies de peixes no trecho alto do rio Verde na área de influência do Complexo Arqueológico de Serranópolis, Núcleo A.

Objetivos específicos:

  • Complementar o inventário taxonômico da ictiofauna com ocorrência na área de estudo;
  • Avaliar o padrão espaço-temporal dos indicadores ecológicos composição, abundância, riqueza de espécies, índices de diversidade, dominância e equidade;
  • Acompanhar as alterações na composição, diversidade, abundância e demais indicadores ecológicos da ictiofauna ao longo de dois ciclo hidrológico
  • Comparar os indicadores ecológicos com a variação dos parâmetros ambientais;
  • Avaliar o padrão espaço-temporal do hábito alimentar, da atividade reprodutiva e a dinâmica trófica das principais espécies;
  • Elaborar um checklist das espécies com registro de ocorrência na área de estudo;
  • Construir coleção zoológica de referência para o estudo zooarqueológico.
  • Caracterizar e analisar as condições limnológicas e de qualidade das águas superficiais de acordo com os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA N°357/2005 para água classe II, nos pontos amostrais;
  • Avaliar a variação espaço temporal dos parâmetros limnológicos nos pontos amostrais da área de estudo;
  • Analisar os resultados dos parâmetros monitorados em função dos usos e ocupações da área do entorno;

Analisar a influência da qualidade da água e dinâmica hídrica dos corpos d’água na preservação do patrimônio e informação resgatável do Complexo Arqueológico de Serranópolis – Núcleo A.

Justificativa

A bacia do rio Paranaíba possui uma área de drenagem de 220.195 km2, sendo 149.490,38 km2 (67,9%) pertencente ao território goiano, composta de cinco sub-bacias: rio Alegre, rio Claro, rio Verde, rio Corrente e rio Aporé. (GOIÁS, 2005a). A nascente do rio Verde apresenta elevado grau de degradação e a ocupação agrícola desrespeita a faixa de preservação permanente. Está situada na divisa de Mineiros com Portelândia e segue traçando a linha fronteiriça desses dois municípios até o sul, por Mineiros, passando por sua sede municipal (GOIÁS, 2005a).

No compartimento médio, o rio Verde apresenta vegetação ciliar relativamente bem conservada, sendo mais expressiva nos segmentos que o rio corre encaixado. Esse compartimento contem o município de Serranópolis, com inúmeros pontos turísticos de relevância ecológica e um importante componente arqueológico. Nesse trecho, vários pontos de desertificação ficaram evidentes após o uso inadequado do solo com o plantio da cana-de-açúcar. Dentre os aproveitamentos hidrelétricos em estudo para a bacia do rio Verde, todos os pontos no médio e alto curso do rio foram descartados, até o momento, por critérios ambientais. Em contrapartida, todo o curso médio e alto do rio Verde, por sua expressividade, preservação da vegetação e relevância ecológica foi indicada para compor uma Unidade de Conservação (GOIÁS, 2005a).

À época (2005) a sub-bacia do rio Verde apresentava um índice de 35,28% de área remanescente de Cerrado, com a ictiofauna registrando uma classe, 4 ordens, 12 famílias, 20 gêneros e 23 espécies, pobre em comparação com a prevista para a bacia do rio Paraná, muito provavelmente devido às condições temporais para a coleta efetiva de espécimes dessa sub-bacia (GOIÁS, 2005a).

No mesmo esforço foram realizados a avaliação da qualidade da água em duas campanhas sazonais (estiagem e chuva), em quatro pontos amostrais do rio Verde, revelando variações dos parâmetros de condutividade elétrica, acidez e oxigênio dissolvido (OD) no período de estiagem e carbono total, nitrogênio amoniacal, ortofosfato, turbidez, dureza, alcalinidade e coliformes totais no período de chuvas. Entretanto, essa avaliação foi feita para toda a área compreendida pelo EIBH-SWG, sem as caracterizações das sub-bacias e indicados possíveis impactos agravados com a contínua ocupação humana irregular da região. Adicionalmente, foram avaliados a susceptibilidade do solo devido ao alto grau de assoreamento, fragmentação de áreas naturais e pressões antrópicas (desmatamentos, carvoarias, não proteção de margens e nascentes) indicando áreas de proteção como tampão ecológico. Essas áreas se sobrepõem ao alto curso dos rios Verde, Claro e Corrente, onde as condições naturais são propensas e alvo de matérias primas para a produção de cerâmica, polímeros, lascamento e polimento por grupos pré-históricos (GOIÁS, 2005 b, c, d).

Os sítios arqueológicos pré-coloniais de Serranópolis, embora tenham sido objeto de iniciativas para a proteção e a conservação, encontram-se submetidos a impactos naturais e antrópicos relacionados às culturas de cana-de-açúcar, milho, soja e pecuária no complexo arqueológico como causa de uma série de processos erosivos, já ressaltada a pressão exercida nos sítios, na área da Reserva Particular de Patrimônio Natural Pousada das Araras. (BARBOSA et al. 2009; OLIVEIRA e SOUZA 2009; MARTINS, 2010; RESENDE, 2019; RUBIN et al. 2016, 2017).

A região está sujeita às atividades desenvolvidas no contexto das bacias hidrográficas em que se situam os sítios arqueológicos, tais como a presença de rejeitos e resíduos dispostos de forma irregular na região, o que potencialmente afeta a biodiversidade e impacta na presente capacidade de gerar conhecimento a respeito do aproveitamento da ictiofauna pelos grupos de caçadores-coletores na área do Complexo Arqueológico de Serranópolis em decorrência de processos erosivos que aumentariam o assoreamento.

Assim, esse projeto contempla uma caracterização ambiental da área de influência do Complexo Arqueológico de Serranópolis como subsídio a uma proposta de intervenção protecionista mais ampla desde que, além das características arqueológicas únicas, o Estudo Integrado do Sudoeste de Goiás (GOIÁS, 2005a) aponta o alto e médio rio Verde como área prioritária de preservação. Essa combinação das características arqueológicas e biológicas-ambientais se estruturam como uma ferramenta sólida para o planejamento de conservação e proteção ambiental ampla. 

O Laboratório de Análises Ambientais (LAM) se apresenta com uma metodologia atual, com análises dos parâmetros físico-químicos limnológicos apoiado com um elevado poder de detecção (espectrofotometria ótica e espectrometria de emissão atômica por plasma acoplado indutivamente – ICP-OES) desde elementos básicos (i.e., série nitrogenada) até elementos traço (i.e., Hg, As, Pb, Cd, Zn, Cr, Cu, Al e Ni), identificando também possíveis intervenções poluentes. O Laboratório de Ictiologia oferece o suporte da caracterização básica da ictiofauna local e regional em contraste com outros levantamentos gerais prévios para um indicativo de diversidade. Além disso, será incorporado um estudo temporal de ocupação do espaço e avaliação do uso do solo nos últimos 20 anos. Trata-se de uma avaliação ambiental que poderá fornecer subsídios a ações de preservação e conservação e valoriza um importante patrimônio arqueológico onde a PUC Goiás já mantém a sua presença por décadas, inserido em uma sub-bacia do rio Paranaíba sob forte pressão antrópica. Se constitui, dessa forma, em uma intervenção de proteção ambiental ampla e condizente com documentos técnicos disponíveis (GOIÁS, 2005), caracterizando uma ação extremamente importante em uma área adjacente ao Parque Nacional das Emas, uma importante unidade de conservação do Cerrado.

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
MATHEUS GODOY PIRES
Email: piresmg@gmail.com
Pesquisador Pesquisador [professor] [doutor]
NELSON JORGE DA SILVA JR
Email: nelson.jorge.silvajr@gmail.com
Coordenador Pesquisador [professor] [doutor]