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ZOOARQUEOLOGIA E ARQUEOBOTÂNICA DO PERÍODO PRÉ-COLONIAL NO CERRADO
2023/1 até 2028/1
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
ESTUDOS DO QUATERNÁRIO
Paleoecologia e Ecologia de Paisagem
MATHEUS GODOY PIRES
Objetivo geral
Compreender a relação entre humanos e seu ambiente, especialmente entre humanos, fauna e flora, do período pré-colonial no Cerrado brasileiro.
Objetivos específicos
O Estado de Goiás, que comporta as nascentes das principais bacias hidrográficas brasileiras, Amazonas, Paraná/Prata e do São Francisco constitui uma área geográfica relevante para a pesquisa arqueológica pois poderia ter constituído, segundo alguns autores um corredor de deslocamento (Schmitz 1976, 1980), de confluência (Robrahn-González 1996) ou de passagem, convergência e dispersão (Morais et al. 1998) de grupos pré-coloniais.
Neste contexto as pesquisas arqueológicas no estado contribuíram para a compreensão da ocupação do território brasileiro a partir do final do Pleistoceno, início do Holoceno. Algumas áreas como a região de Serranópolis e Palestina, no sudoeste goiano tem sido objeto de estudo desde a década de 1970, destacando-se em Serranópolis mais de 40 sítios cadastrados no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA/IPHAN) em abrigos rochosos e a céu-aberto (SCHMITZ et al. 1989, 2004), com registro de evidências da cultura material envolvendo lítico, cerâmica e pintura rupestre.
As pesquisas iniciais desenvolvidas em Goiás e em particular nas áreas de cerrados tinham como foco o registro dos sítios e as escavações com a análise dos materiais com ênfase em fragmentos líticos, cerâmicos e arte rupestre, pinturas e gravuras, para os quais há bibliografia de referência (BARBERI, 2001; BARBOSA, 1992; ROBRAHN-GONZÁLEZ,1996; SCHMITZ, 1989; 2004) e análises de restos vegetais e animais provenientes de escavações, porém sem um conjunto de publicações significativas até o momento. Entretanto, a partir do ano 2000 novas abordagens na arqueologia, de caráter multidisciplinar, tem incluído na pesquisa e na análise dos dados, aspectos de geoarqueologia, (BITENCOURT, 2008) ecologia da paisagem (RUBIN et al., 2020) e análise de restos animais e vegetais (ORTEGA, 2019) além de microfósseis como palinomorfos preservados em níveis estratigráficos que possibilitam estudos de paleoambiente e paleoclima (SALGADO – LABOURIAU, 2007).
As publicações iniciais de Schmitz e equipe, principalmente na região de Serranópolis, além de indicarem as primeiras datas antigas de ocupação do sudoeste goiano, situada no limite Pleistoceno Holoceno (SCHMITZ 1989; 2004) indicavam a possibilidade de novos trabalhos e escavações, em função da qualidade do grau de preservação, do registro estratigráfico e da presença de cultura material de distintos momentos de ocupação. Nos trabalhos realizados destacaram-se na época a indústria lítica, fornecendo ao sítio uma significância científica e um potencial a novas investigações, que se ampliaram a partir da década de 90 e início dos anos 2000 com novas técnicas, procedimentos e abordagens não só do ponto de vista teórico como também tecnológico.
Embora os primeiros trabalhos elaborados por Schmitz e equipe tivessem construído um modelo de ocupação para os sítios de Serranópolis o qual foi difundido para todo o Planalto Central Brasileiro, centrado em aspectos bióticos e abióticos, o conhecimento sobre o contexto faunístico e da flora das regiões, em tempos pretéritos e atuais e as informações relacionadas a esses temas eram oriundas fundamentalmente de pesquisa bibliográfica, centrada principalmente em trabalhos de levantamento realizados em escala de abordagem regional (DIAS, 1992; EITEN, 1994; IBGE, 1993; OLIVEIRA-FILHO, A.T. & RATTER, 1995; RATTER, 1991;1992).
Segundo Barbosa (1992), a fauna e a flora associadas às fitofisionomias do bioma Cerrado teriam favorecido a adaptação dos grupos de caçadores e coletores do Holoceno Inicial indicando que o consumo de plantas e de animais como anta, veado e porco do mato, dentre outros, teriam adquirido uma importância acentuada na dieta alimentar, complementada por tatus, tartarugas e roedores, uma vez que alguns vestígios faunísticos foram encontrados nos sítios, porém não se constituíram em objeto de análise detalhada. Kipnis (2002) também destaca que o consumo de vegetais, complementado com a caça, era a base alimentar dos grupos humanos que ocuparam o Planalto Central Brasileiro no Holoceno inicial, mas poucas publicações descrevem em detalhes os restos vegetais.
Desta forma, a compreensão das relações homem/ambiente no contexto da paisagem e da apropriação dos recursos naturais, de origem animal ou vegetal, se perdia quando os estudos careciam de dados mais específicos para cada sítio, ou para cada intervalo de ocupação, uma vez que análises em escala de detalhe com a determinação taxonômica de restos biológicos provenientes das escavações ainda não eram abordados de forma significativa.
As novas perspectivas de pesquisa multidisciplinar e interdisciplinar que passaram a vigorar no contexto da arqueologia atual, onde se insere a proposta deste projeto, constitui uma resposta às indagações ainda não esclarecidas pelos trabalhos anteriores.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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JULIO CEZAR RUBIN DE RUBIN
Email: rubin@pucgoias.edu.br |
Pesquisador | Líder | [professor] | [doutor] |
MAIRA BARBERI
Email: barberimaira@gmail.com |
Pesquisador | Líder Adjunto | [professor] | [doutor] |
MATHEUS GODOY PIRES
Email: piresmg@gmail.com |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
ROSICLÉR THEODORO DA SILVA
Email: silva.rosicler@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
WILIAN VAZ SILVA
Email: herpetovaz@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |