Das mais de 100 mil espécies de animais conhecidas, muitas possuem, para sua defesa ou captura de alimento, secreções tóxicas. Destas espécies, usualmente o veneno se apresenta como um coquetel de moléculas com uma variedade de ações. As propriedades das moléculas presentes nestes venenos as tornam potencial candidatas para o desenvolvimento de substâncias úteis, seja como fármacos ou como agentes bioativos de uso tecnológico. Desta forma, este projeto visa realizar um estudo bioprospectivo nos venenos de alguns animais comumente encontrados no cerrado brasileiro, com a finalidade de contribuir no conhecimento sobre a biologia destas espécies, bem como das propriedades e usos biotecnológicos destas moléculas.

Objetivo Geral 

Ampliar o conhecimento, a produção científica e a formação de recursos humanos em relação ao envenenamento, composição da peçonha e compostos com potencialidades biotecnológicas presentes nas secreções animais.

Objetivos Específicos

¿ Formação de recursos humanos na área de toxinologia, visando ampliar o quadro de profissionais especialistas. 

¿ Manutenção e ampliação de banco de venenos e peçonhas. 

¿ Fazer um estudo prospectivo das peçonhas e venenos animais na busca de moléculas bioativas, que possuam potencial na utilização para produção de novos medicamentos. 

¿ Fazer um estudo comparativo entre serpentes adultas e filhotes com o objetivo de identificar quais moléculas estão presentes nas peçonhas considerando o desenvolvimento ontogenético. 

¿ Isolar e caracterizar biomoléculas com potencial biotecnológico. 

¿ Identificar os principais mecanismos fisiopatológicos envolvidos com a sintomatologia dos envenenamentos humanos pelas espécies estudadas. 

¿ Realizar o fracionamento das peçonhas e venenos das espécies estudadas. 

¿ Realizar ensaios de atividade biológicas in vivo e in vitro com as peçonhas e venenos estudados. 

¿ Identificar os principais componentes e realizar uma busca por peptídeos com atividade antimicrobiana, antiviral, antinociceptiva, antinflamatória, anticoagulante, antihipertensivo. 

¿ Identificar a estrutura primária e massa molecular das moléculas mais representativas de cada uma das peçonhas 

¿ Avaliar as peçonhas e venenos quanto às atividades enzimáticas, de fosfolipase, fosfodiesterase, 5’-nucleotidase, fosfatase, hialuronidase, L-aminoácido oxidase, atividades proteolíticas. 

¿ Avaliar a toxicidade e as atividades coagulante, necrosante, hemorrágica, miotóxica, edematogênica, nociceptiva, fibrinogenolítica das peçonhas e venenos a serem estudados.

A produção de toxinas no reino animal é uma estratégia importante que garante sua sobrevivência em um ecossistema altamente competitivo. Assim, para defenderse ou defender seu território, animais peçonhentos e venenosos produzem grande número de metabólitos, cujas combinações resultam em ampla variedade de moléculas complexas com propriedades químicas e farmacológicas com alto grau de especificidade. Embora sejam registrados numerosos acidentes com animais peçonhentos e/ou venenosos em todo o mundo, cuja estimativa chegam a mais de 3 milhões de acidentes, com aproximadamente 150.000 óbitos anualmente (Warrell, 2019), várias moléculas com efeitos hipotensivo, coagulante, anticoagulante, analgésicos, antinflamatórios, antiparasitários, antibacterianos, antifúngicos e antivirais, vêm sendo identificadas nos últimos anos na tentativa de se desenvolver novos tratamentos para uma grande variedade de doenças como por exemplo câncer e esclerose múltipla, moléculas estas isoladas ou sintetizadas a partir de 700 espécies conhecidas de Conus, 725 espécies de serpentes peçonhentas, aproximadamente 1500 espécies de escorpiões, ou ainda 37.000 espécies conhecidas de aranhas (Smallwood e Clark, 2021). Desta forma, este projeto visa realizar um estudo bioprospectivo nas peçonhas e venenos de alguns animais venenosos e peçonhentos, comumente encontrados no cerrado brasileiro, com a finalidade de contribuir no conhecimento da composição destes venenos e peçonhas e, também isolar componentes biologicamente ativos que possam ser utilizados como ferramentas farmacológicas, ou protótipos para o desenvolvimento de novas drogas, abrindo um vasto campo para a pesquisa biotecnológica.