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BEM-ESTAR PSICOLÓGICO NO TRABALHO: O QUE NOS DIZ A LITERATURA?
2023/1 até 2026/2
ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E DA SAÚDE
CLÍNICA, SUBJETIVIDADES E SAÚDE
Psicologia Clínica
HELENIDES MENDONÇA
A presente pesquisa tem como propósito geral ampliar os estudos acerca do bem-estar psicológico no trabalho ao identificar o estado da arte das pesquisas e ampliar a sua rede nomológica.
Em que pese os estudos desenvolvidos nas últimas décadas sobre bem-estar psicológico no trabalho terem crescido exponencialmente e demonstrado os seus benefícios para a saúde, a qualidade de vida e a produtividade dos indivíduos, não há consenso acerca de sua conceituação, demonstrando necessidade de ampliar os estudos. Além disso, o conhecimento científico produzido sobre o bem-estar psicológico é desigual e aponta lacunas e inconsistências teóricas relacionadas ao construto (Dagenais-Desmarais et al. 2017).
Em termos conceituais, parece fundamental lançar mais luz sobre o conceito de bem-estar psicológico no trabalho, contrastando-o com outros construtos semelhantes. Para Dagenais-Desmarais e colaboradores (2017), o bem-estar psicológico no trabalho deve ser analisado considerando-o como um fenômeno organizacional, portanto o contexto não pode ser desconsiderado.
A presente pesquisa consiste em desenvolver um conjunto de estudos que permitem ampliar o conhecimento atual acerca do bem-estar psicológico no trabalho. A proposta geral da pesquisa contempla, uma ampla pesquisa bibliográfica a ser desenvolvida nos próximos dois anos.
Este projeto engloba duas etapas distintas e complementares. Primeiramente, será feita uma revisão sistemática da literatura para compreender o estado da arte das pesquisas sobre bem-estar psicológico no trabalho e um estudo bibliométrico.
São objetivos deste estudo:
Para conhecer o estado da arte dos estudos sobre o bem-estar psicológico no trabalho, primeiramente, será feito um estudo bibliométrico com foco na literatura nacional e internacional dos últimos dez anos. Esse estudo nos dará um panorama das pesquisas sobre a temática,
No mundo contemporâneo, especialmente no ocidente, as estatísticas sobre problemas de saúde psicológica entre os trabalhadores são alarmantes. No Brasil, 70% da população ativa esta estressada (Silva & Salles, 2016). Nos Estados Unidos, o estresse está aumentando e o trabalho é um dos principais estressores experimentados pelos americanos (APA, 2016). Mais de 75% das deficiências de curto e longo prazo no trabalho são atribuíveis a problemas de saúde psicológica (Watson Wyatt, 2005). Em vista desses fatos, não é surpresa que a saúde psicológica no trabalho seja uma das principais preocupações dos gestores e líderes empresariais (Watson Wyatt, 2005).
Pesquisadores e profissionais estão cada vez mais preocupados com a saúde ideal dos trabalhadores em razão de suas importantes consequências para indivíduos, organizações e sociedade (Boudrias et al., 2011). Estudos tem demonstrado os efeitos nefastos para os trabalhadores, organizações e sociedade quando a saúde psicológica no trabalho é ruim, a saber: condições depressivas, hipertensão e problemas cardíacos (Code & Langan-Fox, 2001; Mills et al., 2015), custos de seguro médico, perda de produtividade dos funcionários, absenteísmo do trabalho, riscos de incorrer em demandas legais entre empregado e empregador (Danna & Griffin, 1999; Stephens & Joubert, 2001; Sears, Shi, Coberley & Pope, 2013). Na Europa, alguns dados indicam que o estresse no trabalho é a causa de 50% a 60% das ausências ao trabalho (Paolli & Merllié, 2000; EU-OSHA, 2016).
Em termos econômicos, as consequências da má saúde psicológica dos trabalhadores têm se elevado surpreendentemente. Nos Estados Unidos, esses custos foram avaliados, em 1990, por cerca de 150 bilhões de dólares (Karasek & Theorell, 1990). Quanto à União Europeia, em média, foi estimado que os problemas de saúde psicológica abarcam entre 3% e 4% do produto interno bruto (Gabriel & Liimatainen, 2000). Apesar de não termos encontrado dados brasileiros sobre o impacto econômico dos problemas com a má saúde dos trabalhadores, é sabido que esses números são enormes.
Diante de tais evidências, profissionais e pesquisadores defendem cada vez mais a importância de favorecer o bem-estar ideal dos trabalhadores, além das tentativas de curar doenças mentais. Em que pese várias correntes de pesquisas revelarem haver benefícios com a melhoria da saúde psicológica, pouca atenção tem sido dada ao bem-estar psicológico dos trabalhadores em comparação com os estudos relacionados ao sofrimento psíquico. Na esteira dos estudos que investigam os benefícios da saúde psicológica no trabalho estão os estudos que a relacionam com melhor desempenho individual (Judge, Thoresen, Bono, & Patton, 2001; Wright, Cropanzano, Denney, & Moline, 2002; Carver & Scheier, 2008), comportamentos pró-sociais (Lee & Allen, 2002; Podsakoff, MacKenzie, Paine, & Bachrach, 2000), resiliência e diminuição de problemas de saúde mental (Keyes, 2007), maior vitalidade e funcionamento positivo em diferentes áreas da vida (Keyes & Annas, 2009), mais criatividade (Bakker & Xanthopoulou, 2013; Mendonça et al., 2018), aumento na produtividade (Harter, Schmidt, & Hayes, 2002), assim como maior satisfação dos clientes (Schneider, Hanges, Smith, & Salvaggio, 2003). Dentre todos esses estudos a respeito o impacto do bem-estar no trabalho nas atitudes, comportamentos e ou processos organizacionais, apenas um foi desenvolvido no Brasil (Mendonça et al., 2018), sendo resultado dos estudos implementados pelo grupo de pesquisa coordenado pela autora deste projeto.
Em vista das consequências positivas associadas à saúde psicológica ideal, estamos convencidos de que é extremamente relevante que os pesquisadores se concentrem nessa faceta da saúde psicológica no trabalho, que carece de consenso sobre a sua estrutura conceitual e seus antecedentes e consequentes.
O projeto em tela é um primeiro passo na busca de preencher essa lacuna e será coordenado por uma doutora que está vinculada a um núcleo de excelência em Cultura e Saúde no Trabalho, ligado a ANPEPP, e que há vinte anos formou o seu próprio grupo de pesquisa ligado à Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
Este projeto permitirá que os avanços sejam continuados, além de ampliar os estudos, antes focados prioritariamente nos aspectos negativos da díade saúde-doença no trabalho. Nos últimos anos, pesquisadores têm buscado melhor compreender a saúde sob a perspectiva do bem-estar no trabalho, inicialmente a partir de seus antecedentes. Estudos recentes, no entanto, têm buscado compreender também os impactos do bem-estar sobre os indivíduos e as organizações.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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FABIO JESUS MIRANDA
Email: fabiojmiranda@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
HELENIDES MENDONÇA
Email: helenides@pucgoias.edu.br |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |