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AS CASACAS DE CLIO: OS ARQUÉTIPOS AUTORITÁRIOS DO LEGADO PATRIMONIAL
2022/2 até 2024/2
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
CULTURA, PODER E REPRESENTAÇÕES
Poder e representações
EDUARDO GUSMÃO DE QUADROS
- GERAL: Identificar os arquétipos autoritários evidenciados na política cultural promovida pelo estado ditatorial, em particular na visão do legado do tempo, a partir dos discursos e práticas patrimoniais do Iphan.
- ESPECÍFICOS:
- Compreender como o projeto de futuro nacional levou à valorização e uma forma de sensibilidade com as heranças do passado;
- Analisar as publicações e as decisões tomadas pelo órgão governamental responsável pelo patrimônio histórico brasileiro;
- Inserir a perspectiva regional no estudo da história das políticas patrimoniais e a os traços da inserção de Goiás no projeto de integração territorial;
- Apontar os efeitos da Guerra Fria na construção de um tempo histórico que reforça os aspectos cívicos em detrimento da cidadania e que aponta para as qualidades da hegemonia capitalista.
- Refletir teoricamente sobre a vigência dos arquétipos autoritários, seu funcionamento infrapolítico, desde a perspectiva pioneira da Escola de Frankfurt e de Theodor Adorno em especial;
- Formar novos pesquisadores, demonstrando a importância de demarcar as heranças ditatoriais na historiografia e na política patrimonial brasileira.
No caso brasileiro, teremos a imposição do regime ditatorial em 1964. Nossos olhos se voltam, então, para a emergência dos arquétipos autoritários a partir da busca de legitimação das ações repressivas promovidas pelo Estado. O combate fundamental da esfera política, expresso por Schmitt (2008) por meio da relação amigo-inimigo, ultrapassou os limites dos Direitos Humanos para a eliminação dos inimigos, o que foi concretizado pelo Ato Institucional Nº 5. Nesse ato, além da caça ao perigoso “inimigo interno”, já se fala na “imperiosa adoção de medidas que impeçam sejam frustrados os ideais superiores da Revolução, preservando a ordem, a segurança, a tranquilidade, o desenvolvimento econômico e cultural...” (apud FICO, 2014, p.383).
Esse projeto de pesquisa pretende analisar exatamente a política cultural que encarnou esses ideais e de que modo eles permaneceram no período da lenta redemocratização (1979-1985). O foco está nas noções, valores e ações realizadas por meio do órgão responsável pelo patrimônio brasileiro. Em 1967, foi empossado o arquiteto Renato Soeiro na gestão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), substituído em 1979 por Aloísio Magalhaes até 1982. Ambos buscaram, nas palavras de Santos (2019), construir uma “memória nacional unificada” por meio da atuação estatal. Há ainda, paralelamente, a atuação do Conselho Federal de Cultura, já estudado por Maia (2012) e que corrobora tais metas.
A pesquisa aqui proposta se divide em três áreas correlacionadas:
Na articulação destas três esferas, ou três escalas de análise, podemos compreender melhor o título dado ao projeto. Os gestores das políticas culturais não eram propriamente militares com suas “fardas”, mas profissionais liberais que, com suas “casacas” autoritárias, advogaram noções coadunadas com a organização hierárquica da sociedade, com as políticas de repressão, com a difusão do espírito cívico conforme os parâmetros ditatoriais. O conflito entre os dois ramos da elite política, fundadores da república brasileira (CARVALHO, 1998), estava relativamente bem resolvido.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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EDUARDO GUSMÃO DE QUADROS
Email: eduardo.hgs@hotmail.com |
Coordenador | Líder | [professor] | [doutor] |