O autoestigma relacionado a obesidade e sobrepeso tem sido investigado como um dos fatores que prejudicam a adesão ao tratamento, o engajamento no desenvolvimento de hábitos saudáveis, impactando negativamente na qualidade de vida dos indivíduos. O efeito protetor da autocompaixão no estigma do peso vem sido descrito pelos baixos níveis de atitudes de autoisolamento e autojulgamento, bem como na baixa superidentificação com pensamentos e sentimentos negativos. Alguns modelos psicoterápicos, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e Terapia Focada na Compaixão (TFC) vem demonstrando bons resultados no tratamento do autoestigma do peso e desenvolvimento da autocompaixão como recurso de enfrentamento do sofrimento. Entretanto, há carência de maiores investigações empíricas sobre o papel da autocompaixão no autoestigma do peso. Dessa forma, essa pesquisa desenvolverá dois estudos. No estudo 1, será realizada uma pesquisa aplicada sobre os efeitos de duas intervenções clínicas on-line, em grupo, para o autoestigma relacionado ao peso, em mulheres (n=20) com obesidade ou sobrepeso. Um grupo receberá uma intervenção com ACT e o outro grupo receberá uma intervenção com ACT associada a componentes da TFC, em 10 sessões para cada uma das intervenções. Medidas iniciais e finais serão aplicadas ,assim como no follow-up após 3 meses do fim das intervenções. O estudo 2 investigará, por meio da análise dos dados verbais, os processos de mudança provenientes das intervenções do terapeuta e seu impacto no relato verbal do eu (self) do cliente.

Objetivo geral: 

Comparar dois tipos de intervenções baseadas em ACT e ACT com elementos da TFC no desenvolvimento flexibilidade psicológica e autocompaixão e na associação com os desfechos em relação ao senso de eu (self) e ao autoestigma do peso.

Objetivos específicos: 

Identificar os efeitos dos processos de esquiva experiencial, impulsividade e fusão cognitiva no autoestigma do peso e IMC; 

Identificar os efeitos da compaixão no autoestigma do peso e IMC; 

Identificar relatos verbais que ilustram os processos de rigidez psicológica, flexibilidade psicológica e autocompaixão.

Identificar relatos verbais que ilustram a mudança do self ao longo do processo.

Analisar a reelaboração do senso de eu (self contextual) na dinâmica do processo de intervenção.

O autoestigma relacionado a obesidade e sobrepeso tem sido investigado na literatura como um dos fatores que prejudicam a adesão ao tratamento, o engajamento no desenvolvimento de hábitos saudáveis, impactando negativamente na qualidade de vida dos indivíduos. Ainda não sendo bem estabelecido o seu papel nos resultados de tratamento em relação as medidas de peso. No entanto, achados empíricos vêm indicando associações entre o autoestigma e impactos nos tratamentos para obesidade e sobrepeso. Abordagens terapêuticas baseadas em mindfulness, aceitação e compaixão, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e Terapia Focada na Compaixão (TFC) vem sendo desenvolvidas com resultados favoráveis para o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento do sofrimento que no autoestigma está fortemente relacionado a vergonha e ao autocriticismo exacerbado e autoconceito ou senso de eu(self) negativo. Dessa forma, entende-se como relevante ampliar os estudos empíricos que investigam os efeitos de intervenções para o autoestigma relacionado ao peso, incluindo investigações se um direcionamento mais explicito para o desenvolvimento da autocompaixão tem maiores efeitos na redução do estigma e se o senso do eu (self) será afetado pelos processos terapêuticos das intervenções propostas levando a diminuição de relatos da autocritica e vergonha.