Desde 1996, a disponibilidade universal e gratuita de terapias antirretrovirais (TARV) na rede pública, causou um impacto notável na morbimortalidade, com taxa de mortalidade caindo de 9,7 para 5,6 óbitos por 100 mil habitantes em 20 anos. Apesar da queda do número de doenças oportunistas, as infecções fúngicas, em especial a histoplasmose disseminada, é ainda, uma das principais causas de óbito em pessoas HIV/Aids. O foco do Histoplasma capsulatum, a infecção pulmonar, com disseminação hematogênica e o prognóstico da doença, dependem do sistema imunológico e resposta do hospedeiro, do tamanho do inóculo inalado e a da virulência fúngica. A maioria dos pacientes com AIDS e histoplasmose disseminada necessitam de altas doses de agentes antifúngicos. Embora a anfotericina B lipossomal (L-AmB), polieno antifúngico de amplo espectro, seja considerada o medicamento de escolha para a histoplasmose disseminada associada à AIDS, muitos pacientes na América Latina são tratados com anfotericina B desoxicolato, às vezes, o único medicamento disponível. A toxicidade renal dá-se tanto a nível glomerular, quanto tubular. Não é totalmente conhecida a importância da dosagem de biomarcadores renais na definição da nefrotoxicidade, o perfil genético individual em relação a genes candidatos (APOL1) a nefropatias e o perfil genético do H. capsulatum em amostras clínicas. Em caso de provável associação entre a presença e/ou elevação dos biomarcadores de nefrotoxicidade e SNPs do gene APOL1, estes resultados poderão conduzir a uma propedêutica personalizada nos pacientes HIV/AIDS co-infectados com H. capsulatum evitando lesão renal aguda induzida por nefrotoxicidade a LAmB ao utilizar KIM-1, OP e CLU como biomarcadores. O potencial impacto deste projeto visa a geração de um processo inovador em diagnóstico na área da saúde propondo otimizar a escolha do tratamento para os pacientes HIV/Aids coinfectados com Histoplasmose no Brasil e no mundo.

O objetivo do projeto é reconhecer os descritores moleculares para avaliação da nefrotoxicidade em pacientes HIV/Aids co-infectados com H. capsulatum tratados em 03 regimes com Anfotericina B lipossomal. Além disso, pretende-se avaliar a diversidade genética dos H. capsulatum presentes em amostras de sangue dos pacientes envolvidos.

O reconhecimento de descritores moleculares do gene APOL1 e regiões intergênicas se aplicam à predição de nefrotoxicidade e à determinação do perfil genético de Histoplasma capsulatum, respectivamente, para avaliar o uso de anfotericina lipossomal em pacientes HIV/Aids com histoplasmose disseminada?

A histoplasmose disseminada é uma doença endêmica que frequentemente ocorre em pacientes internados em instituições sem acesso a testes diagnósticos modernos e que têm acesso limitado a L-AmB. Em grande parte dos casos, os médicos assistentes acabam dependendo de testes como cultura e, dado o crescimento lento desse fungo, o diagnóstico e o tratamento acabam ocorrendo tardiamente. Com base no que foi publicado até agora, a segurança não parece ser uma preocupação com doses únicas altas de L-AmB. Os resultados deste estudo poderão servir como base para um futuro estudo comparativo randomizado de fase III. As instituições escolhidas pelo pesquisador principal para o presente estudo clínico foram selecionadas de um estudo anterior, do mesmo grupo, que demonstrou altas taxas de histoplasmose nos centros escolhidos [11].
Os pacientes com HIV/AIDS co-infectados com H. capsulatum e tratados com Anfotericina lipossomal podem desenvolver alterações da função renal. Este projeto faz parte do primeiro estudo a avaliar a predição de nefrotoxicidade, nesses pacientes, por meio de biomarcadores genéticos, que irão analisar a presença de polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) no gene APOL1, associada a lesões renais agudas. Dessa forma, este estudo poderá impactar substancialmente no tratamento de pacientes HIV/AIDS co-infectados com H. capsulatum, na medida em que, havendo uma associação entre a nefrotoxicidade e o gene APOL1, conduzirá uma propedêutica personalizada a esses pacientes, alterando o tratamento, no Brasil e no mundo.