Detalhes do Projeto de Pesquisa

PROTAGONIZANDO VIDAS: MULHERES EM NARRATIVAS

Dados do Projeto

750

PROTAGONIZANDO VIDAS: MULHERES EM NARRATIVAS

2022/2 até 2027/2

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

MEMÓRIA SOCIAL E SUBJETIVIDADE

Diversidade Cultural, Reconhecimento e subjetividade

MARIA DO ESPIRITO SANTO ROSA CAVALCANTE RIBEIRO

Resumo do Projeto

O projeto tem como objetivo evidenciar as experiências de mulheres do Séc. XIX até a contemporaneidade, no sentido de perceber os protagonismos possíveis vividos entre diferentes temporalidades. Por esta perspectiva privilegia-se como fonte a literatura escrita por mulheres, crônicas de jornais, filmes, cartas, fotografias e diários disponíveis, sobretudo, em arquivos como o IPHBC e o Arquivo Histórico de Goiás. O ponto alto desse projeto é viabilizar pesquisas de Iniciação Científica, que contemplem a dimensão temporal proposta pelo projeto e viabilize a construção de novas narrativas que evidenciem a autoimagem que as mulheres constroem de si a partir de suas vivências e, até que ponto seus protagonismos são percebidos como práticas de emponderamento.

Objetivos

3.1 -  Historicizar    a vida  de mulheres    através  de suas experiências  e   de seus lugares de sociabilidades.
3.2- Empreender um estudo a partir da categoria mulheres  como viés de leitura dessas experiências  pessoais, legítimas e legitimadoras do tempo  e do lugar  em que seus protagonismos as   tornam reconhecíveis.
3.3- Construir novas narrativas  a partir das histórias de vidas protagonizadas por mulheres,  enquanto referências  deslegitimadoras  dos saberes históricos  construídos a partir de um sujeito único.

3.1 – Objetivos específico
3.1.1- Considerar    que as mulheres  que viveram os mesmos períodos históricos, ainda que muito próximos,    não são contemporânesas pois, ‘o critério de sexo,a idade, a categoria social,  o local geográfico,  a tradição, ou a cultura”, (Corbin, 2005) que cada mulher  vivenciou  não   mensura a singularidade de sentir o seu mundo e  as  múltiplas  possibilidades de expressá-lo.
3.1.2- Considerar     essa  complexidade e simultaneidade  de experiências de vidas protagonizadas por mulheres,   se insere no  campo da história das sensibilidades.
3.1.3- Legitimar  o campo das sensibilidades como a via possível de    apreensão  do passado pelos sentidos,  o que exclui qualquer tentativa  de construção  de narrativa histórica   homogênea reduzida, portanto, a um sentido único.
3.1.4-Constatar   que as  categorias espaço e tempo , “não estão presentes no mundo empírico como um dado, mas como um produto mental, sob a forma de representações.”(Pesavento, 2004)
3.1.5-Considerar que   as representações  que estas  mulheres constroem   a partir de seus protagonismos, são  portadoras de sentidos que se constroem nos limites de suas experiências  de vida  no âmbito do espaço doméstico e de suas relações de sociabilidades.
3.1.6- Aplicar os usos dos  conceitos e categorias metodológicas   “em termos de fronteira e de contato”(Perro,1998:357)  considerando sempre  o lugar de onde falam estas mulheres, como falam e para quem falam.
3.1.7- Comprovar  que fazer história  na perspectiva da subjetividade, pressupõe  o diálogo  constante entre as fontes  do campo das representações(a oralidade, a literatura, as imagens  e outras) e o campo das práticas sociais.  
3.1.8- Contribuir para  pensar as subjetividades  como o campo  das pesquisas históricas  que   lidam com o imensurável, a vida privada e suas sutilezas e formas de revelar, de exorcizar ou esconder  as emoções guardadas  e  que podem ser narradas historicamente   ou esquecidas.
3.1.9- Legitimar   os usos das memórias  nas  pesquisas históricas e a relação  necessária  e indispensável  que estas  estabelecem com “as fontes escritas, os objetos  e a arqueologia do cotidiano.”(Perrot,1998:358)

Justificativa

Este projeto “Protagonizando vidas : mulheres em narrativas”  tem  sua primeira  versão no projeto de pesquisa de Iniciação Científica   “Vozes do Tocantins- Mulheres Sertanejas”, parcialmente concluído em julho de 2004 e que  prosseguiu até julho de 2007 , na PROPE/ UCG /PIBIC/CNPq   com o projeto “ Sertanejas do Brasil Central”, que se justificava pela pesquisa  no acervo documental de Santa Cruz de Goiás, cuja documentação manuscrita dos sécs. XVIII e XIX ( Despesas Provinciais- dízimo, venda de gado/ Fazenda Provincial- balancetes/ Fórum de Santa Cruz- Inventário post mortem do Cartório do 1º  Ofício, processos judiciais e testamentos) são referências que  oportunizam  leituras  inéditas, dentre estas, sobre  as mulheres administradoras de fazendas de gado em Goiás no séc. XIX. Acervo que  possibilitou prosseguir a pesquisa histórica  na perspectiva  de inserção dessas mulheres na economia  agropastoril do sudeste de Goiás ao longo do séc. XIX. Como resultado da  exploração desta documentação merece destacar a pesquisa monográfica   “Representações da mulher, no Goiás sertão, séc. XIX”,( 2005), de Clerismar  Aparecido Longo e, também,   a pesquisa de mestrado/UFG de Hugo Leonnardo Cassimiro,  “Trabalho e Relações Sociais de Sexo em Goiás, séc. XIX”, desdobramento do projeto de Iniciação Científica “As Mulheres e sua inserção nas Fazendas de Criar Gado em Goiás no Séc. XIX”. Mais recentemente, as monografias de conclusão do curso de licenciatura em História  em 2010, “Narrativas sobre a maternidade” de  Eduardo Henrique Oliveira e Silva  e Shirlei Fernandes Romano  “ Mulheres do Sertão: Vozes, narrativas e visibilidades”. Ambos  bolsistas PIBIC/CNPq, em projeto de Iniciação Científica:” Lembranças e Narrativas de Mulheres do Sertão.” sob minha orientação.  A partir desses projetos  reconheço que a linha de pesquisa sobre Mulheres foi se legitimando  e  consolidando como campo de pesquisa no Programa de Mestrado em História da PUC GO e também na graduação em História. Nesse sentido, destaco a disciplina de mestrado: História e Estudos de Gênero, ministrada por mim e em parceria com outras colegas por várias vezes no Programa do Mestrado como disciplina optativa. Com certeza essa disciplina contribui também, para consolidar uma produção significativa sobre os estudos feministas, mulheres e gênero na PUC GO.  Vale ainda ressaltar as orientações de mestrado, de iniciação científica, e trabalhos de conclusão de curso já concluídas e em andamento:  Em  2009, do Programa de mestrado em História de Maria das Graças Cunha Prudente, “ O Silêncio no Magistério: Professoras na Instrução Pública na Província de Goyaz no séc. XIX.” ; A dissertação  de Eli Braz da Silva Júnior : “Velha Goiás, Velha Cad:eia: as vozes que se podem ouvir”, que  através de pesquisa  em  arquivos do séc. XIX, na cidade de Goiás,  dá voz ás mulheres presidiárias. Em 2010:  Rúbia Carla Martins Rodrigues:  “História e Memória do Movimento Feminista em Goiânia”. Em 2012: “ Os Crimes de Maria: um estudo sobre a criminalidade feminina na cidade de Goiás,  Séc. XIX”, de Lúcia Ramos de Souza; Dymilla Francyella Freitas  Menezes. “Conquistas  e Resistências: Historicizando as  Experiências de  Mulheres  em  Aragarças e Barra do  Garças (1970 A 1990)”; Em 2013: Neide Sousa Almeida Rodrigues: “Fotografia, Gênero e Cidade: Bela Vista de Goiás sob as lentes de Antônio Faria”;  Wayne Gonçalves da Silva: “ As cantoras de Rádio em Goiânia nas décadas  de 1950 e 1960”; Henrique Pinto Coelho: “É Favor  me Olhar com Cuidado: Mulheres e suas Representações nas Fotografias de Luiz Pucci  em Goiânia”, Nilson de Sousa Freire. “Casamento, Embates e Arranjos Políticos em Goiás: uma abordagem das relações de poder na perspectiva de gênero”; Em  2013,conclusaõ da orientação de Iniciação Cientifica:  “A  TRAJETÓRIA DE CONQUISTA DOS DIREITOS DAS MULHERES NO GOIÁS SERTÃO”. de Marília Queiroz Costa,  bolsista PIBIC  PUC  GO.  Em 2014: “A Emancipação das Mulheres e suas controvérsias”, pesquisa de TCC de história de Leita Cristina da Silva. Em 2015 “ O Corpo e a Ditadura da Moda na perspectiva do filme: O Diabo Veste Prada”,  orientação do TCC de história, de Lorena Maria Gonçalves; ”. Em  2015 dissertação de mestrado: “Representações das Mulheres no Jornal Daqui” de Esdra Basílio;  2015 “ Cora Coralina e suas outras mulheres”, TCC de História de Ana Paula Pereira Afonso. Em 2015, conclusão da supervisão  de pós doutorado  da profa. Dra. Cristiane Thais do Amaral Cerzósimo Gomes, da Universidade Federal do Mato Grosso: “IMIGRAÇÃO DE SOLTEIROS NA ROTA DO PRATA: vivências, experiências e sensibilidades de italianos em Mato Grosso (1856 a 1914).”Em  2016 Tatiana Luiza Souza Coelho. Dissertação de mestrado:  “As Mulheres do(no) Pasquim. O Risível  sob  os  Traços de Ziraldo”;. Em 2016 Lindinalva Gomes da Silva. Dissertação de mestrado: “Mulheres Negras na Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado, Séc. XX em Goiás”;  2016  dissertação de mestrado de  Sônia Nogueira Leandra. “AS MULHERES NEGRAS NA LUTA CONTRA A ESCRAVIDÃO: submissão e resistência em Vila Boa- GO (Séc. XIX)”.   Em  2017 orientação de Iniciação Científica:   “ A Violação dos Direitos Humanos das Mulheres e  a Lei Maria da Penha (2006-2017)”, da bolsista voluntária de Iniciação Científica Letícia Plácido Cabral.  E  2018  orientação de mestrado: “A Representação Política das mulheres em Goiás, a partir da Lei 9.504/1997( Lei de Cotas), da mestranda  Daiane Alves de Sá. Em   2022 orientação de mestrado:  Direitos Humanos e o sistema prisional: mulheres transexuais/ travestis egressas do sistema penitenciário do Distrito Federal e Goiás, de Ludmila Soares Paiva.
  Merece evidenciar a importância  para a  pesquisa histórica em Goiás, com destaque para  as possibilidades de  pesquisas sobre as mulheres,  o acervo  documental do  IPEHBC – Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central  da Universidade Católica de Goiás, que dispõe de documentos manuscritos dos sécs. XVIII, XIX, XX(Processos de gênero, dispensas matrimoniais, compromissos de irmandades, diários, visitas pastorais e cartas de ordenação presbiterial) e  cópias da documentação da Capitania de Goiás(1731-1822). E o acervo do Arquivo Histórico de Goiás ( os registros de coletoria). Fontes   que evidenciam    a existência de mulheres  proprietárias de gado, de escravos, de terras, de engenho e tavernas,”fontes de onde se pode partir para outras, com mais riquezas de detalhes, pela forma como expõem nominalmente os  lançamentos de impostos.” ( Cassimiro, 2006)
               A  referência a esta disponibilidade documental é apenas para   indicar as possibilidades de pesquisas  através de projetos que tem  como pressuposto de pesquisa  as experiências de  mulheres e seus protagonismos ainda não legitimados nas narrativas históricas. Dentre estas fontes,  vale destacar   o acervo iconográfico  do  fotográfo   Hélio de Oliveira, que em 50 anos de fotografia dispõe de 34.000 fotos, uma fonte  inédita, que pode  ser explorada  na pesquisa histórica em Goiás, com ênfase na representação das mulheres  em Goiás, nas suas primeiras décadas do Séc. XX. Os álbuns  de  famílias, também, reveladores da memória de  lugares e tempos, constituem   fontes  de primeira mão  para as  narrativas históricas inéditas  possíveis  de recontar a vida das mulheres do ponto de vista memória imagética.
                      Vale  lembrar que  este projeto  proposto  é o desdobramento de descobertas de  novas fontes  e lacunas  na pesquisa histórica  no decorrer  da execução dos  projetos de  iniciação científica, de TCC e  orientações  de mestrado,  que o antecedem.  As  etapas  que o precedem não esgotaram  todo o referencial  que ainda deve ser pesquisado, tanto  fontes de arquivos, quanto fonte oral,   vale ressaltar a observação de uma das bolsistas de iniciação científica  daquela primeira fase do projeto:
Quando este projeto de pesquisa sobre as mulheres sertanejas começou a ser executado o que mais chamou a atenção foi  a  inexistência de produção bibliográfica  a respeito do assunto ou, quase nenhum estudo de memórias voltado para essas mulheres. (Sílvia Clímaco ,2004)
            Com certeza,  há muito o que se perguntar e há muito o que  se revelar sobre  as  singularidades  das histórias dessas mulheres  que viveram o  Sertão do Brasil  Central   e o Goiás moderno, portanto,  propor esta temática é apenas o começo de  possibilidades  de pesquisas que só agora  vislumbram novas perspectivas  de abordagens históricas. Lembrando Câmara  Cascudo quando disse “ não existem pequenos temas  e sim pequenos investigadores”, fica o desafio de saber sempre  o que se quer perguntar  e onde se pretende chegar para não correr-se o risco de uma produção mimética, plástica e sem interlocução com  as demandas  desafiadoras do tempo em que insere-se esse projeto.
        Em tempos de  novas possibilidades   paradigmáticas vale lembrar   a observação de Matos quando reconhece que  a temática dos estudos de  gênero e mulheres  por serem flexíveis e abrangentes  impõem “ dificuldades para definições precisas, exigem criatividade, sensibilidade e imaginação.  São muitos os obstáculos para os pesquisadores que se atrevem a enveredar pelos estudos de gênero_ campo minado de incertezas, repleto de controvérsias e de ambigüidades, caminho inóspito para quem procura marcos teóricos fixos e definidos.( Matos, 2002:1060)

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
MARIA DO ESPIRITO SANTO ROSA CAVALCANTE RIBEIRO
Email: mariarosacavalcante@gmail.com
Coordenador Pesquisador [professor] [doutor]