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AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO BRASIL COM O ORIENTE MÉDIO DURANTE A GUERRA FRIA
2022/1 até 2027/2
ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO
GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Política Externa e Desenvolvimento
DANILLO ALARCON
Objetivo Geral
O objetivo geral da pesquisa é examinar as relações internacionais do Brasil com o Oriente Médio durante o período da Guerra Fria a partir especialmente das decisões, leituras e interpretações brasileiras acerca dos aspectos sócio-políticos dos países da região.
Objetivos Específicos
- Revisar a bibliografia sobre as relações internacionais do Brasil durante a Guerra Fria, buscando apreender particularmente as considerações e avalições sobre as relações com o Oriente Médio;
- Desenvolver pesquisas sobre as relações do Brasil com os países do Oriente Médio durante a Guerra Fria, recortadas a partir de eventos, governos e países da região;
- Incentivar a pesquisa no campo da história das relações internacionais, observando aspectos da política externa bem como as visões sociais distintas sobre o mundo durante a Guerra Fria e em especial seus desdobramentos no Oriente Médio;
- Fortalecer a utilização dos documentos digitalizados em plataformas abertas para a promoção da pesquisa científica;
- Promover a produção de artigos sobre os recortes da pesquisa tendo em vista apresentá-los em eventos e para a publicação.
Entendendo que a Guerra Fria foi um conflito global (WESTAD, 2005; 2010), esta pesquisa busca compreender como as três variáveis indicadas influenciaram na leitura e na interpretação que havia no Brasil acerca das distintas dinâmicas que se desenrolavam no Oriente Médio. Para Khalidi (2009, p. 102), “most conflicts in the region are in fact essentially fairly recent, dating only to the twentieth century, even if in some cases they have older roots”. O autor faz, assim, uma importante exortação a respeito da análise dos conflitos do Oriente Médio: ele enfatiza que é preciso pensá-los a partir de questões do século XX como o nacionalismo, a criação de Estados, as fronteiras artificiais, e o processo de descolonização ao invés de tentar imputar-lhes raízes históricas imemoriais. Assim, esta pesquisa justifica-se por lançar os olhos para a produção acadêmica sobre o Oriente Médio, seus conflitos e as possíveis conexões e interrelações do Brasil com a região. A lógica de uma sistema internacional só se sustenta a partir dessas interações e é preciso averiguar a extensão e os vieses com que ela acontecia.
Os livros referenciais na área de história das relações internacionais e da política externa brasileira têm poucas notas sobre os países do Oriente Médio. A situação concreta dessas relações explica-se em partes pela própria formação e consolidação dos Estados na região e pelo lento processo com que alguns se tornaram efetivamente independentes das potências coloniais europeias. Dessa forma, esse projeto, ao olhar para essa literatura busca apreender os marcos e as motivações, desde uma leitura brasileira, para esse relativo afastamento, questionando-o a partir das fontes primárias que se pretende estudar. Acerca da bibliografia específica das relações do Brasil com países da região, indicam-se a seguir, a partir de Alarcon (2021), trabalhos considerados importantes, mas sem exaurir as fontes secundárias sobre o assunto.
A tese de Monique Sochaczewski (2017), que trata das relações entre o Império Brasileiro (e, posteriormente, Primeira República) e o Império Otomano até o final da Primeira Guerra Mundial é um ótimo amparo para se compreender as trocas entre as duas partes em um contexto anterior à desintegração do Oriente Médio em vários Estados. O livro “The Middle East and Brazil”, organizado por Paul Amar (2014) também é fundamental pois traz uma abordagem pluridisciplinar sobre o contato do Brasil com os países do Oriente Médio. O livro “Brasil e Israel – diplomacia e sociedades”, organizado por Norma Breda dos Santos (2000), é certamente um dos destaques pela pluralidade de artigos que tentam percorrer desde os primórdios da criação de Israel até os anos 1990. O artigo de Casarões e Vigevani (2014), sobre a questão Israel-Palestina na ONU e a posição defendida pelo Brasil, também é relevante ao buscar “analisar o desenvolvimento das relações entre Brasil e Israel, a partir de uma perspectiva histórica, retomando pontos de convergência e divergência no relacionamento bilateral à luz de novas interpretações e dados”. Destacam-se também a dissertação e a tese de Jonathan Grossman (2012; 2018), nas quais foram abordadas as relações do Brasil com Israel nos anos 1960 e 1970. Esses trabalhos, junto com outros, certamente serão fruto de exame desta pesquisa.
Considerando-se a Guerra Fria, é importante estudar as relações do Brasil com as duas superpotências. A bibliografia acerca das relações com os EUA é consideravelmente mais extensa do que em relação à URSS, da qual se destaca a tese de Gianfranco Caterina (2019). As relações com os Estados Unidos eram complexas pois esses não tinham interesse em patrocinar o modelo de substituição de importações escolhido pelo Brasil e, no trato com a América Latina, a postura era de incentivar o livre comércio (RICUPERO, 2017). Essas dificuldades de encontrar recursos para o desenvolvimentos perpassarão todo o período da Guerra Fria, em escalas distintas e com consequências políticas importantes. Como pontua Spektor (2011, p. 229), “global ideological confrontation limited policy space at home [no Brasil], skewing the balance of power among local elites towards the military and the ideological right”. Nos países do Oriente Médio, o jogo político doméstico também foi fortemente marcado por esses constrangimentos. A diferença crucial era a proximidade geográfica e a própria importância geoestratégica do Oriente Médio para ambas as superpotências (KHALIDI, 2009).
Rafael Ioris (2017), em sua pesquisa sobre o desenvolvimento nacional na década de 1950, avaliou como diversos periódicos e publicações de determinados grupos políticos e econômicos lidavam com os dilemas do crescimento nacional e as questões afins. Dentre o material estudado pelo autor estão a revista “Desenvolvimento e Conjuntura”, da Confederação Nacional da Indústria, o periódico “A Voz do Metalúrgico”, de trabalhadores industriais do Rio de Janeiro, e o jornal “Imprensa Popular” do Partido Comunista Brasileiro (PCB). A proposta desta pesquisa, ao expandir suas fontes primárias para os jornais e revistas do período da Guerra Fria, acessíveis pela Hemeroteca Digital, é justamente averiguar como a transmissão dos fatos e das opiniões sobre o Oriente Médio e suas dinâmicas regionais eram tidas por diferentes atores e grupos no Brasil. Isso não só auxilia a ampliar o rol de fontes, mas a compreender que o Oriente Médio não era uma região alheia ou isenta de leituras ideológicas, sendo fruto de amplas especulações, debates e interpretação também na mídia nacional. A indagação que permanece, a que parte da pesquisa busca responder, é a profundidade com que outras leituras, que não as relacionadas com as três variáveis da Guerra Fria, reforçavam (ou criavam) estereótipos sobre os países e culturas estudados.
Dentre os tópicos e temáticas que poderão ser explorados na pesquisa, e que carecem de uma abordagem mais aprofundada, estão:
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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DANILLO ALARCON
Email: danillo@pucgoias.edu.br |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |