As infecções do trato urinário (ITUs) estão entre as mais frequentes doenças infecciosas, diagnosticadas nas práticas comunitárias e hospitalares. Desde a introdução dos antibióticos para o tratamento das infecções em humanos, o aumento da prevalência da resistência bacteriana aos antimicrobianos aumentou. As maiores taxas da resistência bacteriana eram restritas ao ambiente hospitalar, entretanto, com a disseminação de clones de genes de resistência a múltiplas drogas do ambiente hospitalar para a comunidade e o uso abusivo de antimicrobianos, muda o cenário da prevalência da resistência bacteriana causadoras de infecções comunitárias, principalmente em relação às ITUs. O surgimento de cepas cada vez mais resistentes aos antibióticos na comunidade complica o manejo probabilístico de infecções graves do trato urinário e aquelas com risco de complicações. O estudo tem por objetivo analisar os padrões e variações do crescimento da resistência bacteriana a antimicrobianos usados no tratamento de infecções do trato urinário adquiridas na comunidade, causadas por bactérias gram-negativas e gram-positiva multirresistentes. Trata-se de estudo de série temporal a ser conduzido no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2019, na cidade de Goiânia, Serão analisados registros de uroculturas positivas de origem comunitária que resultaram no isolamento e identificação de E. coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus spp., Enterobacter, Pseudomonas aeruginosa e Enterococcus faecalis em pessoas de todas as idades. Os registros foram emitidos por quatro laboratórios com abrangência em toda região do município de Goiânia. Será considerado somente o resultado do primeiro registro de cada paciente para evitar a duplicidade de resultados, a menos que tenha ocorrido episódio de reinfecção três meses após a primeira. Serão excluídos os resultados que, independentemente do motivo, não foram concluídos, e o paciente não retornou para coletar nova amostra foram excluídos; e os pacientes hospitalizados. Serão avaliados os seguintes antimicrobianos: Colistin, polymixin B, aztreonam, aminoglycosides, tigecycline, cefepime, piperacillin-tazobactam, carbapenems, aminoglycosides, ceftazidime-avibactam, ceftolozane-tazobactam, Oxacilina, Ciprofloxacina, Levofloxacina, Norfloxacina, Nitrofurantoina, Trimetoprin/Sulfametoxazol, Amoxacilina/Clavulanato, Penicilina, Ampicilina, Vancomicina, Ceftazidima Cefitriaxona, Cefotaxima, Cefalexina, Cefepima, Rifampicina, Ampicilina/Sulbactam. Os dados da fosfomicina não serão avaliados por não estarem disponíveis, por não ser um agente comumente testado. As interpretações dos resultados serão feitas de acordo com as recomendações do Clinical and Laboratory Standards Institute, em sua respectiva versão até 30 de dezembro de 2019 e o critério de bactéria multirresistente adotado neste estudo será o definido pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças considerando o termo como ¿resistente a três ou mais classes de antibióticos¿. A análise descritiva dos dados demográficos e da resistência bacteriana aos antimicrobianos testados será realizada utilizando frequência absoluta (n) e relativa (%). A regressão logística bivariada será usada para avaliar o risco da resistência do E. coli, Klebsiella pneumoniae, Proteus spp., Enterobacter e Pseudomonas aeruginosa resistente aos antimicrobianos em relação ao sexo e idade. Para avaliar a tendência dos padrões de resistência das bactérias multirresistentes em estudo será utilizada a regressão linear generalizada de Prais-Winsten (ANTUNES & CARDOSO, 2015). A seguir, com o valor do coeficiente ß1 e erro padrão (EP) da análise de regressão será calculada a variação percentual anual (VPA) e respectivo intervalo de confiança de 95% (IC 95%). As tendências serão classificadas em crescentes, quando os coeficientes de regressão forem positivos, em decrescentes quando forem negativos e em estáveis quando não forem significativamente diferentes de zero (p-valor > 0.05).

 - OBJETIVO GERAL

Analisar os padrões e variações do crescimento da resistência bacteriana a antimicrobianos usados no tratamento de infecções do trato urinário adquiridas na comunidade, causadas por bactérias gram-negativas e gram-positiva multirresistentes

 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Analisar o crescimento da resistência antimicrobiana em bactérias gram-negativas e gram-positiva multirresistentes aos antimicrobianos usados no tratamento de ITUs adquiridas na comunidade.

- Determinar o padrão de resistência antimicrobiana em bactérias gram-negativas e gram-positiva multirresistentes aos antimicrobianos usados no tratamento de ITUs adquiridas na comunidade

Diferentes estudos já demonstraram a prevalência das ITU e que estas variam dentro de um mesmo país ou mesmo dentro da mesma região ou ainda de instituição para instituição. Diante desta variabilidade no perfil de resistência das ITU interinstitucional e dos seus agentes etiológicos torna imperativo que se conheça as características epidemiológicas destes microrganismos para que seja norteada a terapia empírica. Conhecer a prevalência dos agentes etiológicos e o seu respectivo perfil de susceptibilidade é fundamental para estabelecer a terapia empírica inicial é mais direcionada. Esta conduta evita o uso de antimicrobianos desnecessários e, sobretudo pode minimizar a pressão seletiva e retardar a emergência de bactérias mais resistentes.

            Desde o advento da introdução da penicilina no arsenal terapêutico de uso em humanos o mundo assiste a crescente prevalência de microrganismos cada vez mais resistentes aos antimicrobianos disponíveis. Esta realidade também já é evidenciada entre os microrganismos causadores de ITU.

            Este é um desafio contemporâneo, monitorar a evolução das resistências entre os microrganismos associados com as infecções em humanos o que representa um desafio tanto para as infecções que ocorrem nos estabelecimentos de saúde quanto daquelas que ocorrem fora destes estabelecimentos. 

            O aumento de bactérias multirresistentes representa um desafio para o tratamento destas infecções, necessitando, portanto de revisões, análises periódicas do perfil de susceptibilidade dos microrganismos associados com estas infecções para monitorar a resistência antibiótica regional de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas isoladas de amostras de urina para permitir a seleção informada do antimicrobiano mais apropriado para o tratamento empírico de pacientes ambulatoriais com infecção urinária e até mesmo detectar a emergência de novos patógenos causadores de ITU. 

A criação de um sistema de monitorização da resistência bacteriana seria um importante passo na detecção da resistência, contribuindo na seleção da terapia empírica local mais eficaz e permitindo a implementação de medidas de prevenção. Estas medidas têm seu impacto social e econômico, pois reduz os custos na medida em que diminui o uso de drogas mais caras, e mais tóxicas como também reduz a necessidade de internação, reduz a morbidade e mortalidade.

            No Brasil são poucos os estudos que investigam a evolução temporal da resistência antimicrobiana dos uropatógenos em pacientes com ITU adquirida na comunidade.

            O primeiro período do estudo será de oito anos por conta da disponibilidade de dados no laboratório onde foram feitos os diagnósticos de infecção urinária e o segundo período será de 10 anos de estudo onde se pretende comparar a evolução da resistência dos principais patógenos envolvidos com a ITU.