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ATUAÇÃO DO CANABIDIOL NO GANHO DE PESO, MARCADORES GLICÊMICOS, HEPÁTICOS E RENAIS EM RATOS WISTAR, MANTIDOS COM DIETA HIPERLIPÍDICA
2022/2 até 2024/2
ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA
GRUPO DE FISIOLOGIA APLICADA
Sociedade, Ambiente e Saúde
GRAZIELA TORRES BLANCH
OBJETIVO GERAL
Demonstrar o impacto da suplementação alimentar com o CBD em modelos de obesidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
-Pesquisar os efeitos metabólicos do CBD em ratos obesos e não obesos.
-Analisar os níveis glicêmicos de ratos obesos e não obesos submetidos à suplementação com CBD.
-Analisar possível benefício na hipertrofia cardíaca de ratos obesos e não obesos submetidos à suplementação com CBD.
- Analisar o perfil lipídico, renal e hepático de ratos obesos e não obesos submetidos à suplementação com CBD.
A distribuição de sítios do SECB possibilita a compreensão de possíveis ações relacionadas, como o controle a ingestão de alimentos e da saciedade; regulação da secreção de hormônios do SNC e dependentes de hormônios hipotalâmicos/hipofisários; modulação do sistema imunológico e seu papel inflamatório; lipogênese e resistência insulínica. (GODOY-MATOS et al., 2006). Ademais, essa distribuição de sítios, principalmente de receptores CB1 em órgãos periféricos como a tireoide, trato gastrointestinal e glândula adrenal, podem controlar o comportamento alimentar e auxiliar no ganho de peso corporal (KANO et al., 2009).
Concomitantemente, o apetite e os comportamentos alimentares também possuem outras vias relacionadas ao SECB, principalmente relacionadas aos receptores CB1 no SNC. Pode haver modulação através desse sistema a nível mesolímbico e hipotalâmico. Sendo nesse primeiro pela modulação da motivação de ingestão alimentar e no segundo através de mediadores orexigênicos e anorexigênicos. Além disso, foi demonstrado também que o THC age induzindo o a ingestão alimentar, enquanto a Anandamida age, de forma dependente de receptores CB1, induzindo a hiperfagia quando administrada no hipotálamo (KANO et al., 2009). O THC já foi aprovado como um estimulante de apetite no tratamento de síndrome consumptiva induzida pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou pacientes com Alzheimer, e também como medicação anti-emética e anti-náusea em pacientes tratados com quimioterápicos (KANO et al., 2009).
Por outro lado, há vias relacionadas aos SECB que auxiliam no controle do apetite. Alguns estudos em modelos animais relacionados à SM, já demonstraram que o uso de antagonistas de receptores CB1 (Rimonabanto) agem na diminuição na procura por alimentos doces; perda de peso; redução do estado inflamatório resultante da obesidade; resistência ao desenvolvimento de esteatose hepática e diminuição da resistência periférica à ação da insulina (GODOY-MATOS et al., 2006). O Rimonabanto chegou a ser comercializado como um medicamento para tratar a obesidade, tendo apresentados resultados quanto a perda de peso e diminuição da lipogênese, porém ele foi retirado de circulação quando uma série de estudos começaram a demonstrar efeitos colaterais relacionados a depressão, ideação suicida e ao suicídio. Vemos então que ao falarmos da ativação desses receptores não podemos ter uma visão simplista, pois a modulação mediada por eles é ampla e pode inclusive se relacionar com humor e bem-estar (BLOOMFIELD et al., 2019; GODOY-MATOS et al., 2006; GRUDEN et al., 2016; HILL; PATEL, 2013; ROMERO-ZERBO et al., 2020; ZOU; KUMAR, 2018).
A obesidade é caracterizada pelo índice de massa corporal acima de 30 kg/m² sendo um problema de saúde pública no Brasil, que apresentou números aumentados em 67,8% entre os anos de 2006 e 2018, apresentando uma prevalência atual de 18,9% entre a população brasileira (“Pesquisa Vigitel Brasil 2018”, 2018). Ademais, pode estar associada à predisposição de diversas doenças como hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes, angina, acidente vascular cerebral, dislipidemias, esteatose hepática, alterações ósseas secundárias à obesidade, doença arterial coronariana, infarto de miocárdio, aterosclerose, insuficiência cardíaca congestiva, fibrilação atrial, cardiomiopatia dilatada, cor pulmonale e síndrome de hipoventilação, apneia do sono e depressão (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA - CFM, 2015; FERREIRA; SZWARCWALD; DAMACENA, 2019).
A síndrome metabólica (SM) está relacionada com ganho de peso visceral, aumento da resistência insulínica, diabetes, hipertensão e esteatose hepática. Há também um quadro de inflamação associado a SM, essa resposta está relacionada com ativação imune de macrófagos, que por sua vez convoca mediadores inflamatórios, como a Interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF) e prostaglandina E2. Além disso, os macrófagos também são responsáveis pela síntese de dois importantes agonistas dos receptores canabinóides, a Anandamida e a 2-AG, que estão relacionados com o aumento da lipogênese, resistência insulínica, esteatose hepática e aumento da ingestão de alimentos através dos receptores CB1. O uso de canabinoides, como o Δ9 ¿ THC, está relacionado com a redução de atividades inflamatórias exacerbadas, causando uma inibição da atividade dos macrófagos.(GODOY-MATOS et al., 2006; MCALLISTER; GLASS, 2002).
Os receptores CB2 são expressos em órgãos do sistema imune e no cérebro, sendo em menores quantidades neste último. Acredita-se que esses receptores desempenham um papel de proteção, para limitar e evitar comprometimento tecidual, através de sinalização lipídica. Logo, o desequilíbrio e a disfunção de receptores CB2 podem apresentar um importante papel no desenvolvimento de doenças. O aumento de níveis de canabinoides e a estimulação do CB2 em humanos está relacionada, de forma positiva ou negativa, ao desenvolvimento de obesidade, doença hepática gordurosa não alcoólica, isquemia hepática-lesão por reperfusão, fibrose e cirrose hepática, diverticulite, colite, doença inflamatória intestinal, pancreatite e câncer (PACHER; MECHOULAM, 2011).
Na doença hepática a ativação dos receptores CB2 em diferentes células hepáticas causam a mediação do apoptose celular, efeitos anti-fibróticos, atenuam a inflamação e a geração de espécies de oxigênio e nitrogênio reativos. Essa ativação pode causar uma atenuação da inflamação e do ganho de peso relacionados à obesidade e idade. Além desses efeitos, os receptores CB2 quando estimulados também causam uma atenuação da inflamação e da sensitividade visceral em doenças inflamatórias gastrointestinais. Por fim, no câncer os receptores CB2 apresentam dubiedade de ação, pois podem causar tanto a atenuação dos fatores de crescimento tumoral, quanto a promoção desses fatores (PACHER; MECHOULAM, 2011).
No Brasil, o CBD já pode ser prescrito, ainda que de maneira muito controlada e de com alto custo. Essa prescrição acontece normalmente para o tratamento de doenças neuropsiquiátricas, como o transtorno de ansiedade social, psicose e distúrbios do sono (CRIPPA; ZUARDI; HALLAK, 2010). Em alguns estados dos EUA, como California, Colorado, Nevada, Oregon e Washington , compostos derivados da Cannabis já são utilizados para acelerar a recuperação muscular de atletas e aumentar a performance (YORKWILLIAMS et al., 2019). Além disso, o CBD é um dos compostos do extrato da Cannabis sativa, responsável por cerca de 40% de sua composição, além de ser um composto não psicoativo, ao contrário do THC, e já é um composto legalizado no Brasil para o uso terapêutico. Diante disso, e tendo em vista os possíveis efeitos metabólicos, o uso de canabinoides pode auxiliar na redução dos efeitos adversos oriundos da SM, caracterizando-se como um possível suplemento alimentar com baixa adversidade a ser utilizado como adjuvante no tratamento dessa síndrome (PACHER; MECHOULAM, 2011).
Ademais, alguns estudos abordam o uso do CBD em modelos animais de obesidade, apresentando resultados positivos quanto ao controle de peso, perfil lipídico e glicêmico. (PACHER; MECHOULAM, 2011). Dessa forma torna-se de especial relevância o estudo da suplementação do CBD em modelos de obesidade.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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CLAYSON MOURA GOMES
Email: claysonmoura@yahoo.com.br |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
GRAZIELA TORRES BLANCH
Email: grazielatb@gmail.com |
Coordenador | Líder | [professor] | [doutor] |
MONATHA NAYARA GUIMARAES TEOFILO
Email: monathateofilo@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador Externo | [externo] | [mestre] |