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O JORNALISMO DIANTE DA MORTE
2022/2 até 2026/1
ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO
COM.SENTIDO
Comunicação, Produção de Sentidos e Representações Sociais
ROGERIO PEREIRA BORGES
2.1. Objetivo Geral
– Fazer um amplo debate, em diversas linhas e diferentes objetos de pesquisa, sobre como o Jornalismo se porta diante da morte e dos processos de luto que ela desencadeia, no intuito de, na dimensão da pesquisa, fazer análises e reflexões pertinentes no sentido de debater e qualificar as coberturas de acontecimentos e histórias que tragam esse elemento trágico em seu bojo, e, na dimensão da extensão, criar espaços efetivos para debater o tema com estudantes, pesquisadores e até profissionais do mercado sobre as muitas questões envolvidas.
2.2. Objetivos Específicos
– Contribuir para o enriquecimento do debate teórico, epistemológico e metodológico do Jornalismo, levantando questões pertinentes a respeito das práticas analisadas na pesquisa em curso.
– Estabelecer uma efetiva interdisciplinaridade entre áreas do conhecimento, tendo como vetor a atravessar todas elas a Comunicação – mais especificamente o Jornalismo –, abrindo perspectivas de investigação de objetos empíricos que estejam no entremeio de repertórios de pesquisas de campos distintos.
– Contribuir para os estudos no âmbito do Observatório de Mídia da PUC Goiás, espaço laboratorial do curso de Jornalismo, integrante da Escola de Direito, Negócios e Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, consolidando-o e fazendo-o ser um ponto de convergência de publicações e conhecimento, o que impacta positivamente também na dimensão do ensino de graduação da área.
– Publicações e apresentações de resultados em congressos, simpósios e encontros da área da Comunicação e naquelas com a qual o projeto dialoga, com a participação de docentes e discentes envolvidos nas pesquisas.
– Produção de reflexões em forma de artigos em anais e revistas acadêmicas, capítulos de livros e outros textos resultantes da pesquisa, em parceria com professores envolvidos e alunos, incluindo monitores e participantes de programas de Iniciação Científica, contribuindo para a melhoria do nível de reflexão teórica de toda a Escola de Direito, Negócios e Comunicação.
– Estabelecimento de um projeto de extensão, voltado aos profissionais da Comunicação de Goiás, envolvendo o Observatório de Mídia da PUC Goiás, num espaço que seria inédito no Estado.
– Qualificar não só as questões éticas envolvidas na cobertura de fatos trágicos, de grandes tragédias e do luto que elas causam, apontando caminhos para que abordagens sensacionalistas sejam evitadas entre os profissionais do Jornalismo, como também intervir, de maneira efetiva, junto a quem está no mercado, levando até essas pessoas reflexões e práticas mais humanas, empáticas e adequadas na condução de tais reportagens.
– Formar, a partir das análises realizadas, um corpo teórico sobre obras canônicas e/ou coberturas cotidianas do Jornalismo que tenham a morte e o luto em perspectiva, contribuindo para estudos que se voltem a essa área, sejam eles da Comunicação, sejam de áreas também relacionadas à temática.
– Orientação de alunos de Iniciação Científica no projeto.
– Participação nos Congressos de Ciência e Tecnologia da PUC Goiás no período da duração do projeto.
– Publicação de um livro, a ser organizado e/ou totalmente escrito pelos coordenadores do projeto.
– A partir dessa pesquisa, possibilitar projetos de pós-doutoramento dos dois coordenadores do trabalho, quais sejam, os professores doutores Rogério Pereira Borges e Déborah Rodrigues Borges, na Universidade Fernando Pessoa, na cidade do Porto, em Portugal, sob a orientação do professor Jorge Pedro Souza.
As dúvidas são muitas e elas estimulam pesquisas para buscar – senão respondê-las totalmente, ao menos contribuir nessa direção – para o esclarecimento de alguns de seus aspectos. O Jornalismo é um espaço eclético, moldável e versátil e isso pode ter lados bons e ruins e o caminho pode ser a qualificação dos debates, das práticas, o aprofundamento de questões éticas, teóricas e epistemológicas no sentido de fazer a informação cumprir seu papel e não se aproveitar de situações dramáticas para criar cenas sensacionalistas. Isso pode ser obtido com trocas de conhecimento efetivamente interdisciplinares, melhor preparação dos profissionais e um olhar menos superficial a respeito da atividade jornalística, suas potencialidades e suas consequências. O espaço universitário precisa desempenhar esse papel não só no campo da Comunicação, mas em todos nos quais esteja inserido e este projeto pauta essa obrigação como algo prioritário. Como o Jornalismo se coloca diante da morte? É isso que vamos investigar em diversas vertentes.
Como já foi pontuado, a morte é algo que mobiliza, gera temor e curiosidade, assusta e encanta. Por isso ela é tão buscada e sempre ganhou protagonismo nos discursos jornalísticos. Mas ela está ligada a verdadeiras revoluções sobre como a humanidade se vê no mundo. Única espécie que, comprovadamente, consegue contemplar a própria existência, o ser humano tem plena consciência de sua finitude e passa toda sua vida recebendo exemplos incessantes de que a morte é um destino inescapável. “A morte é a nossa maior indagação; a comunidade, a religião e a ciência, as nossas maiores respostas a ela; e o morrer, o maior teste de ambas para cada um de nós que a sofre” (KELLEHEAR, 2016, p. 127-128). É preciso conviver com ela e o Jornalismo, de cinco séculos e meio para cá, tornou-se mais uma ferramenta nesse esforço, nem sempre o fazendo da melhor maneira. Platão (2011) já falava da morte em seus diálogos porque ela é uma das bases da filosofia em qualquer tempo. Ela esteve na criação das religiões – monoteístas ou politeístas –, cogita-se outras fases do existir após a morte, ela está na gênese de tantos dos aprendizados e disciplinas que guiam nossa vida, como demonstra Foucault (2013) ao trazer um terrível massacre em família para mapear o nascimento da Psicanálise em interface com o Direito. E ele consegue fazê-lo por meio de documentos judiciais, mas também por notícias de jornal preservadas em arquivos. Como se vê, o Jornalismo participa das maneiras como encaramos o nosso fim e o fim dos outros há algum tempo e também na atualidade e precisamos não só debater, mas atuar na qualificação de tarefa tão crucial, ainda que dolorosa e muitas vezes ingrata.
O Jornalismo, por óbvio, não está alheio às coisas da vida e uma das principais delas é a morte. E ele fez dela um mote constante, por vezes explorado em demasia, por vezes como uma espécie de memorial, de altar simbólico de um mundo ao qual busca emprestar algum sentido e direção. A morte está nas notícias de assassinatos e acidentes, nas doenças que vitimam milhares ou apenas alguém que seja célebre ou que possua certo grau de poder. A morte está na fúria da natureza, nas fatalidades absurdas, nas negligências humanas, na fome, nas guerras. Ela está escancarada nos ataques terroristas ou se torna mais escamoteada nos suicídios. O Jornalismo, porém, não pode escapar da influência deste fecho de trajetórias, desta traiçoeira personagem que se coloca à espreita e ajuda a formatar dramas aos quais o discurso noticioso adere.
Mas, de que forma essa adesão se dá? Com os devidos cuidados ou como uma mera oportunidade de atrair audiências? Estariam as questões éticas sendo levadas devidamente em conta diante da dor de outras pessoas, de eventos trágicos que extinguiram existências, de tragédias e fatalidades que destruíram não só determinadas vidas que se foram, mas que também vão impactar outras que precisarão conviver com a dor e a ausência? É para responder a essas e a tantas outras perguntas que o presente projeto se constrói. As formas como o Jornalismo trabalha a morte em si e o luto que ela provoca são muito variadas e não é intenção – talvez isso nem seja mesmo possível – encontrar fórmulas para transformar em discurso ou para revelar imageticamente acontecimentos que têm um sem número de circunstâncias totalmente imprevisíveis e que trazem à tona sentimentos muito pessoais para todos os envolvidos nesse desafio, incluindo os profissionais de Comunicação.
A comoção social que determinadas mortes, individuais ou coletivas, provocam têm no Jornalismo um de seus espaços privilegiados. Mas ao fazer isso, como podemos inserir o debate ético diante da dor dos outros? Estaria ele espetacularizando esses elementos? E nessa espetacularização, haveria, em seu bojo, apelos de outras naturezas, como comerciais, antropológicos, psicanalíticos, ligados ao prazer em suas mais diferentes camadas possíveis? A exposição de corpos, como nos mostra Sontag (2020) e Bataille (2013, 2015), é um plano comum entre esses dois universos, que podem se completar em muitos momentos, sobretudo em discursos de cunho mais sensacionalista. Os ritos da morte, a elaboração do luto, a exploração da dor, as sensações de recompensa ou solidariedade diante de tais contextos deveriam ser pontos de atenção do Jornalismo e esta pesquisa se propõe a buscar essas respostas, a propor caminhos mais éticos, abordagens mais humanas e de reconhecimento. O Jornalismo diante da morte expressaria uma mentalidade coletiva sobre o tema na contemporaneidade?
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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DEBORAH RODRIGUES BORGES
Email: deborahborges@yahoo.com.br |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
ROGERIO PEREIRA BORGES
Email: rogeriopereiraborges@hotmail.com |
Coordenador | Líder | [professor] | [doutor] |