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A IGREJA CATÓLICA E O GOLPE CIVIL-MILITAR EM GOIÁS (1961-1968)
2022/1 até 2023/1
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
CULTURA, PODER E REPRESENTAÇÕES
Poder e representações
EDUARDO GUSMÃO DE QUADROS
A relação entre religião e política, suas interfaces e tensões, é tradicional na historiografia. Existe o princípio jurídico da laicidade estatal, contudo ao refletir acerca da construção da soberania na modernidade, o pensador germânico Carl Schmitt sugeriu que “todos os conceitos significativos da teoria do estado moderno são conceitos teológicos secularizados” (2009, p. 37). O autor percebeu que havia uma relação de dependência entre o campo religioso e o campo político, mesmo no estado liberal e democrático. Por isso, ele propôs a existência da Politsche Theologie - traduzido geralmente como teologia política, mas que preferimos teológico-político, para ressaltar sua unidade e tensão - na manutenção da soberania estatal.
A secularização ocorreu quando diversos conceitos e valores perderam, na história ocidental, a referência transcendente que os sustentava. Mas o Estado e o direito não ganharam a autonomia positiva que se imaginava. Permaneceu uma importante área de mescla, como se fosse uma concordata invisível, entre o nível teológico e a vida política (SCHMITT, 2009, p.120).
Mesmo mantendo o vocábulo de origem grega para divindade (theos), estamos mais interessados no movimento das crenças que circulam entre o religioso e o político. Pois compreendemos o crer como um investimento dinâmico, não exatamente como um sinônimo de fé (este, sim, um conceito teológico). O investimento a que nos referimos parte da vertente psicanalítica, assemelhando-se a uma pulsão voltada para certo objeto/ideia transcendental concretizada em uma representação afetiva. Como todo investimento, o crer é dinâmico não somente porque se move e muda, mas porque envolve um poder especial considerado superior ou divino.
Inspirados em Michel de Certeau, ressaltamos que a ação de crer não está limitada à esfera religiosa, perpassando quaisquer vínculos sociais. A crença é mais “uma ‘modalidade’ de afirmação e não o seu conteúdo” (1996, p.278). Compreende-se que o campo religioso disputa intensamente a capacidade de crença das pessoas, enfrentando ou interagindo com a economia, a política, a mídia e, até, a diversão. Mas ele possui também sua especificidade no modo em que considera o mal, a dor, a luta contra a morte.
Portanto, respeitando a autonomia relativa e a lógica interna de cada esfera social, buscamos compreender seus intercâmbios. O ato de crer gera fidelizações e identidades tanto no campo religioso quanto no político. Tais identidades são dinâmicas, cambiando com as situações específicas. Essas variações da economia teo-política fizeram o povo emergir como significante central e em disputa semântica entre o Estado e a Igreja (QUADROS, 2014). Outra categoria importante, que congrega as experiências deste período, é a de justiça. Seguindo a metodologia da historia dos conceitos (KOSELLECK, 2006) buscaremos mapear esse trânsito na análise das fontes documentais.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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EDUARDO GUSMÃO DE QUADROS
Email: eduardo.hgs@hotmail.com |
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