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ENSAIOS PARA ESTIMAR AS VARIAÇÕES GENÔMICAS INDUZIDAS PELA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A AGROTÓXICOS, AS CONDIÇÕES DE TRABALHO E A QUALIDADE DE VIDA DO TRABALHADOR DA CANA DE AÇÚCAR NA REGIÃO DE GOIANÉSIA - GOIÁS
2022/1 até 2024/2
ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA
GRUPO DE PESQUISAS REPLICON
Marcadores moleculares e citogenéticos aplicados à mutagênese
ALEX SILVA DA CRUZ
2.1 Objetivo geral
1) Avaliar o impacto da exposição ocupacional do trabalhador durante o plantio e cultivo da cana-de-açúcar no Estado de Goiás.
2) Analisar a realidade social dos trabalhadores e trabalhadoras do ciclo produtivo da cana de açúcar no que se referem à educação, condições de trabalho, capacitação profissional e condições de vida.
2.2 Objetivos específicos
Diversos autores discutem a participação do setor agropecuário apresentado nas últimas décadas com entendimento do complexo processo saúde-doença relacionado ao consumo crescente de agrotóxicos (FIALHO et al. 2020). Este contexto envolve questões éticas, ambientais na qual os trabalhadores rurais estão inseridos. Com o desenvolvimento da indústria de transformação de cana-de-açúcar/etanol, o consumo de agrotóxicos cresce de forma a acompanhar os avanços e demanda deste setor, caraterizado pela utilização de grande quantidade de agrotóxicos para garantir produção em larga escala e maiores lucros (ANVISA, 2018).
A exposição a agrotóxicos e outros produtos químicos oriundos de processo de transformação da cana-de-açúcar/etanol é, de acordo com Rumin et al. (2008), situação determinante para alterações hepáticas dos trabalhadores rurais expostos ocupacionalmente durante o plantio, cultivo e colheita da cana-de-açúcar. Estudo realizado por esses autores indicou que a exposição a agentes químicos do processo produtivo determinava aos trabalhadores de uma indústria de transformação de cana-de-açúcar/ etanol prevalência 3,56 vezes maior de alterações hepáticas do que a população em geral. Assim, estes mesmos autores consideraram que na produção de açúcar e álcool os agentes químicos presentes em diferentes categorias de toxicidade de agrotóxicos foram responsáveis por prejuízos às funções hepáticas.
O uso de agrotóxicos na agropecuária brasileira é intenso e relatos de intoxicações por agrotóxicos representam um grave problema de saúde pública, sobretudo aos trabalhadores rurais. Entretanto, dados epidemiológicos da região do Centro-Oeste, envolvendo à exposição por agrotóxicos e relacionados aos agravos à saúde do trabalhador rural, riscos e susceptibilidade aos efeitos mutagênicos e oncogênese, ainda são escassos, apesar da gravidade do problema. Em diferentes partes do globo, a exposição a agrotóxicos tem sido associada com aumento na incidência de linfoma não Hodgkin, cânceres hematológicos, sarcomas e carcinomas (SILVA et al., 2008), sendo observado por Chitra et al. (2006), que a exposição ocupacional a agrotóxicos provoca uma série de problemas à saúde dos trabalhadores rurais.
Peres e Moreira (2007), observaram que em trabalhadores rurais, a exposição ocupacional ocorre principalmente pela falta de informação e recursos financeiros para a aquisição de equipamentos de proteção individual (EPI’s). Outras pesquisas demonstram que os EPIs podem não estar adequados à realidade e ao clima que os trabalhadores brasileiros enfrentam (BRASIL b, 2018).
Apesar de serem obrigatórios, o fornecimento e utilização de equipamentos de proteção individual (EPI), como luvas e perneiras nem todos os empregadores rurais as observam. Mesmo quando estes equipamentos estão disponíveis, a inadequação dos mesmos, acaba constituindo em outras cargas laborais. Os EPI’s em geral são confeccionados com material não adequado ou que não apresentam muitas opções de tamanho. Dessa forma, acabam se tornando obstáculos para o trabalhador, antes de serem instrumentos de segurança, pois podem atrapalhar os movimentos requeridos durante o trabalho, prejudicando a sua produtividade (PIGNATI, 2017). Outro agravante desse processo é que, devido ao ritmo do trabalho, o desgaste desses equipamentos durante a safra é grande. Apesar disto, geralmente, não são fornecidos equipamentos em número suficiente para a reposição no decorrer da safra, ficando sob a responsabilidade do trabalhador a aquisição de novos equipamentos, quando necessário (SANTANA et al., 2017).
A exposição ocupacional a agrotóxicos é caracterizada pela “contaminação” dos trabalhadores que manipulam essas substâncias. Esta “contaminação” vem sendo observada nos manejos de formulação e preparo para a utilização dos agrotóxicos, durante a colheita dos produtos (quando os trabalhadores rurais entram em contato com produtos contaminados) (PERTALI et al., 2019).
Os serviços de notificação e a investigação dos casos de intoxicações por agrotóxicos estão disponíveis para os trabalhadores rurais, proprietários e comunidades médicas-científicas, entretanto, dificuldades de acesso dos trabalhadores rurais a centros de saúde e diagnósticos incorretos são alguns dos fatores que influenciam a falta de registro dos casos e a sub notificação dos mesmos, que na maioria dos estados brasileiros, estes agravos não são de notificação compulsória aos sistemas de vigilância epidemiológica e/ou sanitária (VEIGA, 2016).
Os possíveis efeitos tóxicos de tais exposições ainda são desconhecidos e as informações da toxicidade relacionadas apenas aos ingredientes ativos não são suficientes para avaliar o risco dos efeitos adversos dos pesticidas à saúde humana e ambiental. Em relação à genotoxicidade, a determinação das alterações genéticas nos indivíduos expostos aos pesticidas pode ser utilizada como marcador de efeito biológico precoce fornecendo um quadro geral da exposição genotóxica aos agrotóxicos (NOGUEIRA et al., 2020).
Estudos de monitoramento genético apontam que trabalhadores expostos aos agrotóxicos em diferentes culturas e estágio de cultivo podem apresentar dano genético associado a altos níveis de exposição ocupacional e uso intensivo dessa substância, devido à má utilização e falta de mecanismos de controle. E que a extensão do efeito genotóxico é influenciada principalmente pela dose e duração da exposição a produtos químicos altamente reativos (COSTA, 2018). Além dos efeitos genéticos, os pesticidas também podem alterar o funcionamento de diversos sistemas, como o endócrino (REHMAN et al., 2018).
Vários estudos relatam os efeitos prejudiciais dos agrotóxicos na saúde humana, no entanto, no Estado de Goiás, ainda não há pesquisas que objetivam uma investigação de possíveis potenciais mutagênicos e genotóxicos, em trabalhadores agrícolas da indústria de transformação de cana-de-açúcar/ etanol, ocupacionalmente expostos a agrotóxicos. Dessa forma, o presente projeto de pesquisa se propõe a investigar a relação entre um possível potencial mutagênico, genotóxico e agravos à saúde do trabalhador com o uso de agrotóxicos durante o plantio e cultivo da cana-de-açúcar no Estado de Goiás.
As condições adversas a que o trabalhador está sujeito na cultura da cana-de-açúcar se agravam na medida em que, muitas vezes esse trabalho é realizado sem amparo da legislação trabalhista, as condições de alojamento são inadequadas, a alimentação é precária, as pausas para descansos são insuficientes, há sazonalidade do plantio, que associada ao avanço tecnológico se traduz em desemprego e insegurança para o trabalhador. Todo esse contexto gera demandas para as quais a infraestrutura do município não está preparada. Deve-se considerar, portanto, a escassez ou ineficácia das políticas públicas para o atendimento do trabalhador e de sua família nas áreas de saúde, educação, assistência social, cultura e lazer. É visível que o crescimento do cultivo canavieiro nesses moldes impacta sobremaneira os aspectos econômicos e sociais. Todos esses fatores incidem na precarização das condições de reprodução social. Importa a essa pesquisa investigar a realidade social dos trabalhadores das lavouras de cana de açúcar do município de Goianésia no que se refere à assistência à saúde, à educação, às condições de trabalho e à capacitação profissional.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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ALEX SILVA DA CRUZ
Email: alexsilva@pucgoias.edu.br |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
APARECIDO DIVINO DA CRUZ
Email: acruz@pucgoias.edu.br |
Pesquisador | Líder | [professor] | [doutor] |
CLAUDIO CARLOS DA SILVA
Email: dasilva.genetica@gmail.com |
Pesquisador | Líder Adjunto | [professor] | [doutor] |
DAMIANA MIRIAN DA CRUZ E CUNHA
Email: damcunhabio@gmail.com |
Pesquisador | Técnico | [tecnico] | [null] |
IASMIM RIBEIRO DA COSTA
Email: iasmim@pucgoias.edu.br |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [mestre] |
LYSA BERNARDES MINASI
Email: minasilb@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |