Detalhes do Projeto de Pesquisa

TECNOLOGIAS PARA TRANSFORMAR A EDUCAÇÃO

Dados do Projeto

689

TECNOLOGIAS PARA TRANSFORMAR A EDUCAÇÃO

2021/2 até 2025/2

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

TEORIAS DA EDUCAÇÃO E PROCESSOS PEDAGÓGICOS

Teoria histórico-cultural e práticas pedagógicas

DUELCI APARECIDO DE FREITAS VAZ

Resumo do Projeto

Neste projeto de pesquisa objetivamos investigar as relações entre as tecnologias digitais de informação e comunicação e a educação. Num sentido de um contexto mais amplo, as relações educativas com as tecnologias ultrapassam os limites da sala de aula e da escola, perpassando pelas políticas educacionais em suas diversas vertentes. As tecnologias digitais de informação e comunicação transformaram o mundo em uma diversidade de campos de conhecimento, trazendo mudanças significativas na produção de signos(o caráter dos símbolos), na cultura, alteram a estrutura de interesses e a natureza da comunidade. Atividades econômicas de diversas naturezas foram profundamente afetadas pelo desenvolvimento tecnológico. As relações do mundo do trabalho não foge a regra. Os grandes capitais se juntaram em grandes conglomerados financeiros como Microsoft, Apple, Yahoo, Google, entre outros. É notável a influência das tecnologias no mundo atual, mesmo que isso não seja positivo para todos. O capitalismo então se transformou passando para o que chamamos de capitalismo informacional, com impactos importantes no mundo da educação. De fato, o acesso a informação se tornou mais fácil, entretanto somente isso não garante um sujeito crítico e gestor dessas informações fato que demarca competência e aprendizagem. A produção de bens aumentou significantemente, mas por outro lado não a produção não garante por si a sua distribuição. Seja como for, as tecnologias digitais de informação e comunicação estão ai e permanecerão se desenvolvendo em passos largos e devemos investigar sua relação com o terreno da educação. As tecnologias não são neutras e estão sendo utilizadas num mundo cheio de interesses e valores que nem sempre favorecem os aspectos relevantes de qualidade de vida da população. Os processos gerados pelas tecnologias, as práticas políticas e econômicas nem sempre são saudáveis a sociedade. Somos levados a indagar, porque apesar de amplo desenvolvimento tecnológico a sua introdução no terreno da educação na maioria dos países costuma ser pífia ou anedótica? O que deveria mudar nas políticas educacionais e na estrutura da escola para que beneficiem professores e alunos? Parece que a almejada competência tão fortemente anunciada pelas politicas públicas encontra obstáculo na própria estrutura da escola, cuja característica principal é um ensino-aprendizagem centrado no professor. Dessa forma, a escola se torna cada vez mais homogeneizadora e trabalha num sentido contrário ao da criatividade e da emancipação. Neste projeto, investigaremos a realidade escolar e formas de implementação das tecnologias com conceitos das teorias de conhecimento. Faz parte dos objetivos investigar políticas públicas sob o viés da qualidade, a possibilidade de implementar tecnologias sociais e educação solidária no chão da escola, estudar os filósofos e sociólogos das tecnologias, principalmente a filosofia crítica das tecnologias.

Objetivos

Elegemos como prioridade desse projeto de pesquisa investigar as relações entre tecnologias e educação, a partir do pressuposto dialético marxiano, contextualizando a partir da realidade que circunda a escola e seus atores no sentido de promover uma cultura de mudança pedagógica e tecnológica nas escolas, a partir de sua compreensão. Neste caso, oferecendo alternativas para que os atores envolvidos na escola possam superar as limitações que dificultam a mudança e a melhoria dos ambientes educativos. Cabe ressaltar que isso exige criar, desenvolver e avaliar um ambiente de ensino e aprendizagem que proporcione um papel protagonista à comunidade de educadores, como agente da mudança e melhoria da escola com a utilização de novos meios no ensino aprendizagem, a partir de enfoque construtivista da gestão, com investimento na capacidade do aluno de adquirir sua independência e autonomia da sua aprendizagem, ampliação do conceito de interação docente e o questionamento do senso pedagógico comum. Neste caso, convém incluir no processo investigativo as políticas públicas relacionadas a inserção de tecnologias na educação em toda sua generalidade, pois essas tem impactado as relações pedagógicas, trazendo as políticas para o interior da escola.

Justificativa

Nos últimos anos, notamos um desenvolvimento tecnológico extraordinário afetando todos os níveis de vida, contextos sociais, políticos e econômicos. Entretanto, no campo educacional assistimos um estado desolador com relação aos resultados do ensino-aprendizagem em todos os níveis de ensino das escolas brasileiras, principalmente quando a questão é a associação de tecnologias e educação. Particularmente, notamos que a escola ainda possui uma estrutura rígida e sua gestão é centrada ainda na figura do professor, com metodologias ineficientes, como mostra as pesquisas nacionais e internacionais (SANCHO, 2006). 

Entendemos que a formação do professor ainda necessita de muitos investimentos que perpassa todas as suas etapas iniciais, a formação em serviço e continuada. De um ponto de vista de capacitação metodológica, notamos que há muito a se fazer, uma vez que se constata um certo sincretismo metodológico no campo de atuação do professor e no campo de sua formação, prevalecendo o dualismo pedagógico em detrimento de uma mediação num sentido mais amplo (PEIXOTO, 2016). 

A questão da mediação dos conteúdos pedagógicos é um problema que necessita de esclarecimento, principalmente quando a vinculamos as novas tecnologias. O modo que o ensino vem se desenvolvendo, a partir da descrição e transmissão dos conteúdos (dualismo educacional), não permite ao estudante desenvolver as suas funções psicológicas superiores (VYGOSTKY, 2007). 

O que está se trabalhando muito na escola é o que Davídov (1988) denomina de ensino empírico, cuja finalidade é a formação de conceitos superficiais, ou seja, forma nos estudantes as características externas dos objetos científicos, um tipo de conhecimento importante, mas não suficiente para determinar as ações mentais que são essenciais para que o aluno resolva problemas de seu contexto social. 

Davidov (1988) orienta que o principal papel da escola é o ensino de conceitos científicos, pois estes são capazes de formar ações mentais nos escolares para que se capacitem a resolução de problemas contextuais, aplicando os conceitos.

Para que possamos trabalhar de acordo com as teorias de ensino-aprendizagem é necessária uma mudança, ou seja, é necessário aprofundar no esclarecimento da questão da mediação dos conteúdos escolares, entendemos ser esta uma questão nuclear. Desse modo, é urgente que o professor, em todos os momentos de sua capacitação, participe dos projetos de pesquisa, de modo que é necessário que os pesquisadores se movimentem, aproximando-se da escola básica e leve essas possibilidades aos docentes. 

Evidentemente que a escola é, foi e será um lugar de fortes tensões. Nela se forma a mão de obra para o mercado de trabalho e, portanto, há interesses fortes agindo sobre sua estrutura. Neste sentido, as políticas públicas adotadas têm atendido muito a demanda do capital, no sentido de formar uma mão de obra barata e socializada, transformando a escola num lugar de acolhimento e não de formação científica, para atender ao mercado de trabalho alienado aos pressupostos do neoliberalismo. 

Castells[1] nos alerta sobre a obsolescência da educação em um momento de revolução informacional. De fato, argumenta Castells, se a metodologia do professor é a transmissão dos conteúdos escolares, então nas redes sociais encontramos algo equivalente, os conteúdos estão disponíveis e podem ser transmitidos dinamicamente e com muita qualidade de produção. Para Castells, praticamente todo conhecimento científico está disponível nas redes e podem ser acessados a partir de qualquer lugar. Então, se justifica a crise educacional ainda mais neste momento em que o imperativo é a informação. Mas o que é necessário para transformar a educação é a perspectiva, passando de uma escola que privilegia a informação para uma escola que ensina os alunos a serem gestores dessa informação. Assim, é urgente investimento nesta direção. 

Com relação ao uso de tecnologias na educação, como mostra Sancho (2006), Cysneiros (1999) e Peixoto (2016), ainda há muito o que se investigar, principalmente as relações pedagógicas, em suas diversas modalidades. Esses autores citam diversas políticas públicas que fracassaram e o descaso da gestão escolar pública e privada com a atualização tecnológica da escola e o com a formação continuada do professor.

Não obstante a problemática educacional, da política, cultura e economia, temos que direcionar esforços para compreensão do desenvolvimento tecnológico numa perspectiva histórico e dialética, trazendo à discussão os problemas que emergiram a partir de uma perspectiva filosófica. Nesta direção, não podemos fugir do debate proposto por Marx, pelos estudiosos da escola de Frankfurt, Heidegger, Castells, Levy e Feenberg. Tais autores, entre outros não citados aqui, são imprescindíveis ao entendimento dos aspectos teóricos e filosóficos que emergem a questão das tecnologias e da educação e por isso necessitamos de compreendê-los e contextualizá-los na nossa realidade.

[1] Disponível em: https://youtu.be/eb0cNrE3I5g.

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
DUELCI APARECIDO DE FREITAS VAZ
Email: duelci.vaz@gmail.com
Coordenador Pesquisador [professor] [doutor]