Detalhes do Projeto de Pesquisa

ESTRUTURA ESPACIAL E EPIDEMIOLÓGICA DE DOENÇAS NEGLIGENCIADAS, EMERGENTES E REEMERGENTES E SEUS DETERMINANTES SÓCIO-AMBIENTAIS

Dados do Projeto

656

ESTRUTURA ESPACIAL E EPIDEMIOLÓGICA DE DOENÇAS NEGLIGENCIADAS, EMERGENTES E REEMERGENTES E SEUS DETERMINANTES SÓCIO-AMBIENTAIS

2021/1 até 2024/2

ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA

BIODIVERSIDADE NEOTROPICAL

Análise e Monitoramento Ambiental

DARLAN TAVARES FEITOSA

Resumo do Projeto

As doenças infecciosas são muito abrangentes e as possibilidades de surgimento de novos agentes de infecção de humanos são variadas, em função da alta diversidade biológica, principalmente em países com alto grau de impactos ambientais e de clima tropical como o Brasil. Várias doenças vêm causando danos, em anos recentes, à população, por sua emergência ou reemergência. Neste aspecto destaca-se a susceptibilidade do Brasil, considerando a sua complexidade, representada especialmente, tanto pela diversidade de paisagens, como pela sua biodiversidade e pelos problemas sócioeconômicos, que afetam diretamente a saúde pública. A utilização de Metodologias interdisciplinares que envolvem aspectos biológicos, análise espacial e recursos estatísticos ganham cada vez mais espaço em estudos envolvendo a influência de preditores sobre a epidemiologia de doenças negligenciadas, emergentes e reemergentes. O objetivo deste projeto é utilizar diferentes técnicas de análise espacial a fim de avaliar os padrões nos diferentes componentes epidemiológicos de doenças emergente e reemergentes em diferentes regiões do Brasil, correlacionando-os com componentes sócioeconômicos e ambientais. Buscando entender como a estruturação espacial de parâmetros demográficos humanos, especiais dos diversos componentes de incidência, prevalência, taxa de mortalidade, relacionam-se com a dinâmica das doenças. No caso de doenças emergente e reemergentes, essa estrutura é função tanto das condições demográficas dos patógenos envolvidos, tais como forma de contágio e padrões de crescimento e desenvolvimento, quanto das condições de saúde dos hospedeiros (população humana) que, por sua vez, estão relacionadas a diversos componentes sociais, históricos e ambientais.

Objetivos

  • Objetivo Geral

Analisar a distribuição espacial e fatores associados a ocorrência de doenças emergentes, reemergentes e negligenciadas no Brasil, por meio da utilização de técnicas de análise espacial a fim de avaliar os padrões nos diferentes componentes epidemiológicos, correlacionando-os com componentes sócioeconômicos, ambientais e humanos.


  • Objetivos Específicos


  • Associar, utilizando modelos estatísticos e espaciais, o número total de casos resgistrados com variáveis ambientais e de ocupação humana;
  • Verificar quais fatores (ambientais, humanos e espacial) têm maior efeito sobre a variação do número, incidência e prevalência de registros em escala nacional, regional e local;
  • Estabelecer as relações entre fatores e/ou preditores e quantificar sua influência sobre os casos de doenças emergentes, reemergentes e negligenciadas;
  • Mapear a distribuição dos casos de doenças emergentes, reemergentes e negligenciadas no Brasil em escala nacional, regional e local;
  • Avaliar as variáveis clínicas e epidemiológicas dos pacientes notificados com doenças infecciosas emergentes, reemergentes e negligenciadas;
  • Traçar o perfil epidemiológico das doenças emergentes, reemergentes e negligenciadas a partir da análise espacial e espaçotemporal dos casos notificados no Brasil em escala nacional, regional e local.

Justificativa

Os esforços para o entendimento e proposição de metodologias de análises que integram as múltiplas relações entre os preditores de doenças infecciosas não são recentes. No início do século XX, Kermack & Mckendrick (1927) buscando apresentar modelos matemáticos para predizer o comportamento de algumas doenças afirmaram que “Uma das características mais notáveis do estudo de epidemias é a dificuldade em se encontrar um fator causal que dê conta em explicar a magnitude das frequentes epidemias que frequentemente acometem populações. É com vista a obter insights com relação aos efeitos de diversos fatores que governam o espalhamento de doenças transmissíveis”.

Neste contexto Luna (2002), ao discutir o discute a emergência do conceito de doenças infecciosas emergentes e reemergentes no Brasil aprsentou uma lista de fatores (preditores) relacionados à emergência das doenças infecciosas e as principais ocorrências no país. De acordo com a autora existem inúmeros fatores envolvidos na determinação da emergência e reemergência de doenças infecciosas então, propôs agrupá-los em sete grupos: • fatores demográficos; • fatores sociais e políticos; • fatores econômicos; • fatores ambientais; • fatores relacionados ao desempenho do setor saúde; • fatores relacionados às mudanças e adaptação dos microrganismos e • manipulação de microrganismos com vistas ao desenvolvimento de armas biológicas. Tais fatores foram corroborados por Mukherjee (2017), ao discutir a problemática das doenças emergentes na Índia, reforçou que esses fatores também são um problema em nível global.

Parece consenso que as medidas mais eficazes para combate das doenças emergentes e reemergentes se dá a partir do fortalecimento da vigilância epidemiológica, principalmente no que diz respeito ao fortalecimento do sistema de vigilância epidemiológica e ao poder de descoberta prévia do comportamento de certas doenças, já que as doenças emergentes e reermergentes são resultados da comunicação do homem com o ecossistema e, envolve a interação de diversos fatores (MORSE, 1995; BARRETO, 1998; PIGNATTI, 2004; MORAIS et al., 2020). 

Os desafios postos pelos cenários epidemiológicos que envolvem doenças emergentes, reemergentes e negligenciadas abrangem a natureza multimensional das causas e soluções. Os conceitos da interdependência da saúde com fatores ambientais (saúde ambiental) têm adquirido, desde o início dos anos 90, importância suficiente e impactado as abordagens tradicionais em saúde pública (WHO, 1990). Nesta perspectiva as pressões e os impactos sofridos pelo ambiente refletem diretamente na saúde humana (VITAL, 2012; DELANI, 2018; FERREIRA et al., 2018). 

A busca por métodos mais eficazes de controle das epidemias exigiu que novas metodologias de análise espacial e de predição de modelos compartimentais epidemiológicos analisassem a disseminação de uma doença infecciosa por meio de uma população. Essas metodologias utilizam como premissa a interação dos diferentes fatores que influenciam ou podem influenciar na transmissão das doenças. As análises variam em sua complexidade quanto ao número de variáveis e de parâmetros que caracterizam os estados dinâmicos do sistema (FERNANDES, 2001). 

Este tipo de abordagem considera heterogeneidade entre indivíduos, a interação entre os possíveis fatores e/ou preditores que influenciam na incidência e/ou prevalência, na dinâmica de doenças no que diz respeito à transmissão, as alterações sejam elas temporais (variações climáticas ou comportamentais dependentes da época do ano), espaciais, ecológicas, ambientais, estrutura etária da população, comportamentais, etc (KEELING & ROHANI, 2008).

As metodologias de análise integrativas com caráter multidisciplinar buscam encontrar o modelo epidemiológico que descreva a transmissão, de forma a ser próximo da dinâmica da doença, estimando os parâmetros do modelo a partir de dados absolutos e reais da incidência da doença. Assim, busca-se com base em dados usuais em epidemiologia e disponíveis em base de dados oficiais, analisar por meio de diferentes modelos e análises espaciais, as possíveis relações entre preditores e variáveis sócio-econômicas, humanos, ambientais, epidemiológicas e espaciais com se o comportamento das doenças emergente, reemergentes e negligenciadas no Brasil.

 


Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
DARLAN TAVARES FEITOSA
Email: dtfeitosa@pucgoias.edu.br
Coordenador Pesquisador [professor] [doutor]