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ESTOU ON-LINE, ISOLAMENTO PRA QUÊ? COMO OS JOVENS FICARAM CONECTADOS NO PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL
2020/1 até 2020/2
ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO
COM.SENTIDO
Comunicação, Produção de Sentidos e Representações Sociais
ELIANI DE FÁTIMA COVEM QUEIROZ
1. Objetivo Geral (ou primário)
Identificar e refletir sobre as mudanças ocorridas na comunicação digital dos jovens de Goiânia no período de isolamento social por causa da Pandemia do Coronavírus.
2. Objetivos Específicos (ou secundários)
- Conhecer as formas de comunicação dos jovens nas redes sociais da Internet, no período de isolamento social e quais as redes sociais mais usadas;
- Verificar as mudanças que ocorreram na comunicação digital dos jovens no período de isolamento social, por causa da Pandemia do Coronavírus, na cidade de Goiânia.
- Entender como ocorrem a interação e o relacionamento dos jovens neste período nas redes sociais;
- Mapear comportamentos, atitudes e percepções dos jovens em relação à comunicação nas redes sociais.
- Observar a duração diária de contato via redes sociais com outras pessoas;
- Compreender a motivação dos jovens para permanecerem conectados e em diálogo com outras pessoas durante o período de isolamento social;
- Contribuir para os estudos no âmbito do Observatório de Mídia Escola de Comunicação da PUC Goiás, assim como para os grupos de pesquisa e linhas de pesquisa da ECOM da PUC Goiás.
Com o surgimento das redes sociais na internet, as pessoas passaram a ficar cada vez mais interconectadas, utilizando essas redes como principal meio de comunicação e interação pessoal, propagando ideias e comportamentos em uma dimensão global. Esse contato digital amplia a rede relacional das pessoas, oferecendo um amplo leque de acesso à informação. Também colabora para uma transformação nos vínculos pessoais e sociais, porque possibilita criar comunidades e laços afetivos com outros sujeitos, situados em qualquer parte do mundo, com o compartilhamento de vivências, ideias, percepções e sentimentos com facilidade e rapidez (CARVALHO, 2011).
As redes são dinâmicas e estão sempre em transformação. “As pessoas escolhem a quem desejam se conectar, considerando valores específicos, ou seja, as relações entre indivíduos por computador ou celular não são aleatórias, são levados em conta diversos fatores para escolher se conectar ou não a alguém” (LABADESSA, 2012, p. 84).
Braga (2006) faz uma importante reflexão sobre a combinação tecnologia e mediatização:
Encontramos, portanto, três momentos da “proposição” tecno-mediática: (a) invenção para atender a um “problema” percebido na situação social prévia àquela tecnologia; (b) deslocamento ou transbordamento para outras situações, em decorrência da disponibilidade da invenção e de sua derivação para outros usos, levando a outros desenvolvimentos tecnológicos; e finalmente (c) um momento em que o sistema se torna autopoiético – deixando de ser dependente de dinâmicas “anteriores” (pré-mediatização), que tinham sido necessárias e suficientes para desencadear processos (BRAGA, 2006, p. 16).
Para o autor, na etapa atual da mediatização, algumas características podem ser percebidas como derivações de lógicas anteriores de interação e outras como desenvolvimento de lógicas próprias. Não são apenas modos de organizar e transmitir mensagens, de produzir e transportar significados, mas sobretudo modos como a sociedade se constrói. O autor argumenta que são padrões para “ver as coisas”, para “articular pessoas” e mais ainda, relacionar sub-universos na sociedade e – por isso mesmo – modos de fazer as coisas por meio das interações que proporcionam.
Outro termo que permeia este estudo é o de mediação. De acordo com Signates (1998, p. 43), “a mediação é também a mutação da materialidade técnica em potencialidade socialmente comunicativa, processo de transformação cultural que viabiliza as modalidades de comunicação, revelado pelas inovações tecnológicas”.
Para o desenvolvimento deste trabalho, faz-se necessário uma reflexão sobre o termo juventude, sendo considerados jovens as pessoas de 15 a 29 anos (ESTATUTO DA JUVENTUDE, 2013). Para Weisheimer (2013, p. 11), em relação às práticas sociais, o começo da juventude é representado pelo surgimento da puberdade, que é marcada pelo desenvolvimento de um novo porte físico e por novas exigências de disciplinamento dos corpos. Tais mudanças biológicas são acompanhadas pela incorporação de novos papeis sociais que destacam as distinções entre os sexos. “De modo geral, podemos dizer que a entrada na fase juvenil da vida é marcada por múltiplos critérios que expressam as transformações vividas pelos indivíduos no plano biológico, psicológico, cognitivo, cultural e social”.
Abramo (1994) traz uma noção mais geral e usual do termo juventude, que se refere a uma faixa de idade, um período de vida, em que se completa o desenvolvimento físico do indivíduo e se dá uma série de transformações psicológicas e sociais, quando este abandona a infância para processar sua entrada no mundo adulto. Porém, o termo juventude é socialmente variável. A definição do tempo de duração, dos conteúdos e significados sociais desses processos se modifica de sociedade para sociedade e, na mesma sociedade, ao longo do tempo e por meio de suas divisões internas. Além disso, apenas em algumas formações sociais é que a juventude configura-se como um período destacado, ou seja, aparece como uma categoria com visibilidade social.
Groppo (2004, p. 11) entende o termo juventude “como uma categoria social usada para classificar indivíduos, normatizar comportamentos, definir direitos e deveres”. Uma categoria que atua tanto no âmbito do imaginário social, quanto é um dos elementos estruturantes das redes de sociabilidade. Como ocorreu na estruturação da sociedade em classes, a modernização também criou grupos etários homogêneos, categorias etárias que orientam o comportamento social, entre elas, a juventude.
Uma das características principais do jovem na atualidade é a conectividade. A internet ampliou o acesso do jovem ao conhecimento e a vozes não-hegemônicas. Permitiu aprendizados sobre o mundo do trabalho, educação, lazer, e ainda impactou positivamente em questões pessoais como autoestima e identidade (FUNDAÇÃO TELEFÔNICA, 2019).
Questões relacionadas à identidade pessoal, como autoestima, aceitação e estética estão relacionadas com o comportamento do jovem e a internet tem um papel importante na construção da identidade. De acordo com pesquisa desenvolvida pela Fundação Telefônica (2019), a internet permite aos jovens acessar conteúdos diversos que quebram paradigmas e preconceitos; ajuda a conhecer e incorporar novos comportamentos, práticas, estilos, hobbies etc.; permite estar, de alguma forma, próximo a pessoas admiradas e se inspirar nelas; facilita acompanhar ou fazer parte de movimentos políticos (FUNDAÇÃO TELEFÔNICA, 2019).
O jovem utiliza diuturnamente os recursos digitais, mais especificamente as redes sociais na internet, como meio de comunicação e interação com seus pares. O jovem é um ser digital e a conectividade passou a ser uma das principais ocupações da juventude na atualidade. As pessoas dessa faixa etária não se separam do telefone celular e o usam até mesmo na hora de dormir, consultando mensagens mesmo durante a madrugada.
Com a alta conectividade, a juventude abrange na atualidade um período de descobertas dos próprios limites, de questionamentos dos valores, das normas familiares e de intensa adesão aos valores e normas do grupo de amigos. Nessa medida, é um tempo de rupturas e aprendizados, uma etapa caracterizada pela necessidade de integração social, pela busca da autoafirmação e da independência individual e pela definição da identidade sexual (SILVA; MATTOS, 2004).
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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ELIANI DE FÁTIMA COVEM QUEIROZ
Email: elianicovem@gmail.com |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |