Detalhes do Projeto de Pesquisa

ANÁLISE COMPARATIVA DO CRESCIMENTO INICIAL DE EUCALYPTUS CAMALDULENSIS DEHNH (MYRTACEAE) E ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS DO BIOMA CERRADO

Dados do Projeto

596

ANÁLISE COMPARATIVA DO CRESCIMENTO INICIAL DE EUCALYPTUS CAMALDULENSIS DEHNH (MYRTACEAE) E ESPÉCIES ARBÓREAS NATIVAS DO BIOMA CERRADO

2020/2 até 2022/1

ESCOLA POLITÉCNICA E DE ARTES

PRODUÇÃO VEGETAL

PRODUÇÃO VEGETAL

JALES TEIXEIRA CHAVES FILHO

Resumo do Projeto

A maioria dos projetos envolvidos com a produção de madeira utilizam-se de várias espécies do gênero Eucalyptus por seu crescimento rápido, porém, sendo composto por espécies exóticas provenientes em sua maioria da Oceania. Existe na literatura a informação sobre espécies arbóreas nativas do Brasil que possuem potencial para uso em projetos de silvicultura para produção de madeira de boa qualidade, mas faltam informações científicas para consolidar seu uso comercial. A proposta deste projeto é comparar o crescimento e desenvolvimento inicial de Eucalyptus camaldulensis e espécies arbóreas nativas das matas, principalmente do bioma Cerrado como o angico, mutamba, tamboril e ipê-roxo para obter importantes informações sobre o comportamento de espécies locais na produção de madeira. Espera-se contribuir com informações sobre a espécies arbóreas nativas e que psam ser utilizadas em projetos de silvicultura na produção de madeira usando espécies que se relacionam com fauna e da flora nativa, contribuindo para a conservação dos ecossistemas do Cerrado.

Objetivos

Este projeto tem como objetivo analisar o crescimento inicial de plantas de Eucalyptus camaldulensis em conjunto com quatro espécies arbóreas do Cerrado sob condições experimentais, visando comparar o desenvolvimento entre uma das espécies mais utilizadas em reflorestamentos e espécies nativas do cerrado.

Justificativa


Segundo Schneider et al. (2000), existem poucas informações sobre a ecologia e o processo silvicultural de espécies nativas na formação de povoamentos. Essas são uma das razões pelas quais a silvicultura brasileira, na maioria das vezes, teve sua atividade voltada à produção de espécies exóticas, por atenderem melhor as necessidades industriais em termos de produtividade.

No entanto, é preciso lembrar que a fauna do bioma cerrado, bem como dos outros biomas brasileiros, não se beneficia das florestas de eucalipto, e de outras monoculturas que, de certa forma, mantêm as espécies exiladas em ilhas biogeográficas do bioma. Essa fragmentação do cerrado, de acordo com Felfili (2002), pode inviabilizar o fluxo gênico entre as populações, levando-as à ameaça de extinção.

Castro (2001), citado por Soares et al. (2003), relata que existe um incentivo por parte da ordem mundial na implantação de florestas renováveis, como as de eucalipto, para a produção de madeira, enfatizando a preservação das florestas naturais. 

Em se tratando da realização de projetos de reflorestamentos, sejam eles comerciais ou com fins conservacionistas, a escolha de espécies que tenham alguma relação e interação com o meio é fundamental, assim como os conhecimentos necessários quanto à ecologia e ao seu comportamento silvicultural (Cunha et al. 2005).

A legislação brasileira prevê áreas de reserva legal que devem ser preservadas dentro de um limite de 20% da área total de uma propriedade rural e, também, áreas de preservação permanente como a vegetação situada às margens dos rios, ribeirões e córregos (Medauar 2007). A mesma legislação afirma que a recomposição das áreas deve ser feita quando necessário, com essências nativas, na tentativa de recuperar as características da área o mais próximo ao original.

Para Farias Júnior et al. (2007), produzir mudas de espécies que possam prover programas de reflorestamento continua sendo um desafio na recomposição de florestas nativas. Mesmo assim, o interesse sobre o conhecimento dessas espécies tem aumentado, devido aos problemas ambientais e a necessidade em recuperar áreas degradadas.

Atualmente, as espécies de eucalipto são cultivadas para extração de óleos essenciais das folhas, utilizados em produtos alimentícios e de limpeza, em perfumes e em remédios. O tanino, retirado da casca do tronco, é utilizado no curtimento do couro. A madeira fornecida pelo tronco é usada para sarrafos, lambris, ripas, vigas, postes, varas, esteios para minas, mastros para barco, tábuas para embalagens e móveis. Sua fibra é utilizada como matéria-prima para a fabricação de papel e celulose (Ambiente Brasil 2009).

O Eucalyptus camaldulensis é uma espécie arbórea pertencente à família Myrtaceae e ao subgênero Symphyomyrtus. Distribui-se naturalmente no continente Australiano na forma de florestas densas descontínuas, desde Newcastle, New South Wales a 32º 35’ S de latitude até 15º17’S em Atherton, Queensland. A precipitação pluviométrica varia de 1.000 a 1.700 mm, predominantemente no verão, com estação seca não ultrapassando três meses, e geadas ocasionais. A temperatura média do mês mais quente está compreendida entre 29°C a 32ºC e a média do mês mais frio, entre 5°C a 6ºC (Nielsen 1998, citado por Botrel et al. 2005, e Pereira et al. 2000). 

O plantio de E. camaldulensis  é recomendado em ambientes de solos argilosos, arenosos, de textura média ou mesmo em solos distróficos, sendo este último, característico de solos do cerrado (Tume 2003, Guimarães et al. 2006).

A espécie Handroanthus avellanedae pertence à família Bignoniaceae, conhecida popularmente como ipê-roxo, pau-d’arco, piúna, ipê-preto, entre outros nomes. Ocorre desde o Piauí e Ceará, até Minas Gerais, Goiás e São Paulo, tanto em florestas semidecíduas como na mata pluvial atlântica (Lorenzi 2008), sendo frequentemente encontrada no cerrado, cerradão, caatinga e mata seca (Carvalho 1994). 

Tolera precipitação de 60 mm a 2000 mm, e período de estresse hídrico de até três meses na região Sudeste, com temperatura média anual de 20°C a 28°C, do mês mais frio de 16°C a 24°C e do mês mais quente de 23°C a 30°C (Carvalho 1994).

Essa espécie é uma árvore heliófita, caducifólia, podendo atingir de 8 a 30 m de altura, com tronco de 60 a 90 cm de diâmetro. As folhas são opostas digitadas, com cinco folíolos coriáceos, pubescentes em ambas as faces, de 9 a 18 cm de comprimento por 4 a 10 cm de largura. As flores apresentam cor rosada a lilás, são tubulares, vistosas, em inflorescência paniculada terminal. O fruto é silíquo cilíndrico estreito, deiscente, contendo numerosa quantidade de sementes. As sementes são codiformes, com tendência à oblonga plana, apresentando asa membranácea em ambas as extremidades, com superfície lisa lustrosa de cor marrom-clara transparente de aproximadamente 3 cm de comprimento. A dispersão das sementes é anemocórica (Reitz et al. 1988, Carvalho 1994, Lorenzi 2002).

A madeira é pesada (densidade de 0,96 g/cm3), maleável, dura, textura fina a média e resistente ao ataque de organismos xilófagos. Apresenta cerne de coloração marrom e alburno pardo-acastanhado, sendo considerada de lei, apropriada para construções externas, dormentes, esquadrias, cruzetas, postes, tornos, confecção de artigos esportivos, instrumentos musicais, móveis e acabamentos internos (Schneider et al. 2000, Lorenzi 2002, Brandão & Rocha 2004).

            Entre as diversas espécies ocorrentes na fitofisionomia florestal do cerrado está a espécie Hymenaea courbaril L. (MENDONÇA et al., 1998), conhecida popularmente como jatobá. É uma arbórea de altura entre 15-20 m com tronco de até 1 m de diâmetro e madeira pesada, muito dura ao corte, sendo empregada na construção civil, confecção de artigos de esporte, cabos de ferramentas, esquadrias e móveis (LORENZI, 2008).

A espécie H. courbaril é citada como sendo uma árvore recomendada para uso em áreas de restauração florestal no caso de reserva legal e áreas de preservação permanente, sendo uma espécie não pioneira e com frutos atrativos para a fauna (MARTINS, 2013).

Guazuma ulmifolia Lam. é uma espécie comum no cerrado brasileiro e pertence a família Malvaceae, popularmente conhecida como mutambo, mutamba, fruta-de-macaco, embira, embireira e mutamba verdadeira. Apresenta altura entre 8m a 16m e tronco entre 30 cm e 50 cm de diâmetro (Lorenzi, 2002). Segundo este autor esta espécie tem uma ocorrência em quase todo o país, desde a Amazônia até o Paraná, principalmente nas florestas latifoliadas decíduas. A ocorrência desta espécie é comum em toda a América Latina (Barbosa & Macedo,1993).

 A mutamba é considerada uma espécie importante para a recuperação de áreas degradadas (Barbosa e Macedo, 1993; Lorenzi, 2002) e pertence aos estágios iniciais de sucessão secundária sendo classificada por Ferretti et al.(1995) como sendo secundária inicial. Pode-se dizer que a mutamba é uma espécie pioneira na regeneração de áreas, logo, conhecer o desenvolvimento inicial desta espécie é um passo importante para auxiliar um programa de recuperação de áreas degradadas.

Outra espécie que apresenta potencial de crescimento é o angico-vermelho (Anadenanthera peregrina) pertencente à família Fabaceae, podendo atingir 20 metros de altura, com tronco de 40 a 60 centímetros de diâmetro. Ocorre preferencialmente em terrenos altos e bem drenados, podendo formar agrupamentos quase homogêneos (Lorenzi, 2008).

 Devido a sua importância, muitas informações sobre esta espécie, bem como as de outras florestais, relacionam-se principalmente às características botânicas e dendrológicas, porém, informações sobre o crescimento, principalmente durante a fase de muda na fase de viveiro são escassas (Carvalho, 2003).

  De acordo com Benincasa (2003), a análise de crescimento do caule e demais órgãos da planta, nos permite avaliar, como um todo, o seu crescimento final. Esta análise pode ser de grande utilidade no estudo comportamental das plantas sob condições ambientais variadas, como o cultivo de uma mesma espécie em diferentes ambientes ou estimar, de maneira precisa, as causas das diferenças de crescimento entre plantas geneticamente diferentes. 

Um dos parâmetros usados para avaliar a qualidade de mudas florestais é a relação entre altura da parte aérea e o diâmetro do colo ou coleto, segundo Sturion & Antunes (2000), uma vez que refletem no acúmulo de reservas, além de garantir uma maior resistência e melhor fixação da planta no solo.

O diâmetro do colo é considerado um dos melhores indicadores no padrão de qualidade de mudas florestais (Sturion & Antunes 2000). Dessa forma, mudas que apresentam alturas elevadas e diâmetro do colo pequeno são consideradas de qualidade inferior às menores em altura e com maior diâmetro do colo. 

O crescimento em diâmetro de espécies lenhosas arbóreas é resultado da atividade do câmbio vascular e do felogênio, caracterizando o chamado crescimento secundário do caule (Angyalossy & Marcati 2006). O câmbio vascular é o meristema lateral de onde são originados o xilema e o floema secundários, e felogênio é um meristema de origem epidérmica ou de camadas do córtex, responsável pela formação de súber e feloderma (Ferri et al. 1981, Angyalossy & Marcati 2006).

Em análise de crescimento de plantas em viveiro, além dos parâmetros altura e espessura, considera-se também a massa fresca e seca. A massa fresca é o conteúdo total de matéria orgânica acumulada, proveniente da atividade fotossintética, juntamente com a matéria mineral e água. A massa seca é determinada por meio da desidratação dos tecidos da planta, refletindo diretamente na biomassa sintetizada pelo processo de fixação do carbono (Benincasa 2003). Segundo a mesma autora, a distribuição de matéria seca pelos órgãos ou regiões da planta é um parâmetro importante para detectar diferenças entre cultivares sob semelhantes condições ambientais, em competição intra e/ ou inter-específica.

Desta forma, este trabalho tem como objetivo analisar o crescimento inicial de plantas de Eucalyptus camaldulensis com espécies arbóreas do Cerrado sob condições experimentais, visando comparar o desenvolvimento entre uma das espécies mais utilizadas em reflorestamentos e quatro espécies nativas do cerrado. 


Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
ALDAIRES VIEIRA DE MELO
Email: demeloav@gmail.com
Pesquisador Técnico [tecnico] [null]
ANDREA MARA DE OLIVEIRA
Email: 2014andreabio@gmail.com
Pesquisador Pesquisador [professor] [mestre]
CLAUDIO CARLOS DA SILVA
Email: dasilva.genetica@gmail.com
Pesquisador Pesquisador [professor] [doutor]
JALES TEIXEIRA CHAVES FILHO
Email: jaleschaves@yahoo.com.br
Coordenador Líder [professor] [doutor]
MARTHA NASCIMENTO CASTRO
Email: mcastro@pucgoias.edu.br
Pesquisador Líder Adjunto [professor] [doutor]
RODRIGO MARTINEZ CASTRO
Email: rmartinez@pucgoias.edu.br
Pesquisador Pesquisador [professor] [mestre]