Detalhes do Projeto de Pesquisa

ESTUDO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E PARASITOLÓGICA DE RAÇÕES PARA PETS COMERCIALIZADAS A GRANEL NA CIDADE DE GOIÂNIA

Dados do Projeto

591

ESTUDO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E PARASITOLÓGICA DE RAÇÕES PARA PETS COMERCIALIZADAS A GRANEL NA CIDADE DE GOIÂNIA

2020/2 até 2022/2

ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA

CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

PRODUÇÃO E SAÚDE ÚNICA

VALERIA RIBEIRO MAITAN

Resumo do Projeto

Os animais de companhia, também denominados de pet, como cães, gatos e aves, estão cada vez mais presentes nas famílias que se preocupam com o seu bem estar, incluindo uma alimentação adequada. O mercado pet, em ascensão, vem criando estratégias para aumentar a arrecadação e facilitar a compra de rações com custos de aquisição inferiores aos pacotes lacrados, surgindo a forma de comércio a granel. No entanto, essas rações ficam expostas ao ambiente, aumentando as chances de contaminação por micro-organismos e parasitas que poderão causar danos à saúde do pet, além da presença de agentes deteriorantes que afetam a qualidade do produto, tornando-o não palatável. Essa pesquisa buscará avaliar a qualidade microbiológica de rações comercializadas a granel para cães no município de Goiânia, assim como avaliar os possíveis riscos à saúde dos animais e vida-de-prateleira do produto.

Objetivos

2.1. Objetivo Geral 

Verificar a qualidade microbiológica de rações animais para pets comercializadas a granel no município de Goiânia, Goiás. 

2.2. Objetivos Específicos 

- Realizar uma revisão bibliográfica com relação aos micro-organismos e parasitas veiculados em rações para pets (cães, gatos e aves) – patogênicos e deteriorantes;

- Fazer um levantamento do número de rações comercializadas a granel para cães, gatos e aves nos principais estabelecimentos para pets;

- Coletar em condições assépticas as amostras e mantê-las em condições adequadas até o momento da análise;

- Realizar análises parasitológicas para identificação dos principais parasitas; 

- Realizar análises microbiológicas pertinentes, incluindo micro-organismos indicadores e patogênicos, como aqueles que podem afetar o shelf life do produto;

- Aferir, através do antibiograma, o perfil de resistência e sensibilidade dos isolados obtidos;

- Armazenar, através de técnicas de manutenção viável, os micro-organismos no laboratório para futuras análises.


Justificativa

Nos últimos tempos, a relação entre o homem e o animal, vem se tornando cada vez mais próxima, principalmente com animais de estimação que possuem um papel importante na estrutura familiar e social (ANTUNES, 2001). Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais animais de estimação nos lares do que crianças no Brasil (ZOEITIS BRASIL, 2019).

Animais de estimação são companhias íntimas que não oferecem competição e podem ser amados sem o medo da rejeição. Eles promovem experiências estimulantes e inspiram humor e brincadeira, gerando com isso uma relação cada vez mais próxima, o que gera novas oportunidades de negócios (SUTHERS-McCABE, 2001 citado por COSTA, 2006; ZOETIS BRASIL, 2019).

Segundo o IBGE em 2013 havia 132 milhões de pets no Brasil. São 53 milhões de cães, 38 milhões de aves, 22 milhões de gatos, 18 milhões de peixes ornamentais e 2,7 milhões de pequenos répteis de estimação. Aliado a isso também vem ocorrendo modificações nos padrões de consumo e aumento do mercado de alimentos e acessórios para animais (SEBRAE, 2018).

O Brasil é o segundo principal mercado pet do planeta, perdendo apenas para os Estados Unidos (EUA) (REVISTA ÉPOCA, 2019). Em 2018 o varejo pet nacional movimentou R$ 34,4 bilhões, uma alta de 4,6% frente a 2017. Isso mostra como o Brasil vem se destacando como um dos maiores produtores de alimentos para cães e gatos, com mais de 500 marcas (ZOEITIS BRASIL, 2019).

Em decorrência do amor imenso dos tutores por seus bichos o setor de produtos e serviços para pets estão em alta (LOPES, 2019). Pesquisa do IBGE mostrou que o mercado pet em 2020, deve atingir um faturamento de R$ 20 bilhões com expansão de produtos e serviços, pois os tutores querem agradar seus filhos de 4 paras de qualquer jeito. A importância desses animais é tanta que em alguns casos o cão já tem gerado a sua própria renda, como é o caso dos cachorros influencers do Instagram. Como exemplo têm os golder retrievers (@bob_marley_goldenretriever) que têm 312 mil seguidores (JCNET, 2019; LOPES, 2019).

Entre os produtos para os animais está a comercialização de pet food que obteve crescimentos significativos com o passar dos anos. Com a ascensão do segmento, o comércio criou estratégias para aumentar a arrecadação e facilitar a compra de rações com custos de aquisição inferiores aos pacotes lacrados, surgindo a forma de comércio a granel (CAPELLI et al, 2016). 

Segundo Kulick (2009) e Gates (2009) a indústria pet food surgiu em 1860 na Inglaterra, com a invenção do primeiro biscoito canino, se tornando popular em 1890 nos EUA, onde foi criada uma demanda para um produto que nenhum dono de animal sentia que precisasse.

Atualmente, a prioridade na produção de rações está mais focada nas tecnologias do processamento e na fabricação de rações no sentido de maximizar a eficiência produtiva, minimizar a perda de nutrientes e a formulação de produtos mais elaborados e com maior valor agregado. A adoção das Boas Práticas de Fabricação (BPF) nas empresas do setor de fabricação de alimentos balanceados é requisito básico para assegurar a qualidade em todas as etapas de desenvolvimento de produtos para consumo animal (BELLAVER, MAZZUCO, 200 -?).

Porém um dos fatores que pode prejudicar a saúde animal são as contaminações da ração por micro-organismos ou parasitas. Estas podem ocorrer em diversas áreas da produção, como na matéria prima de base (origem animal ou vegetal), armazenamento, industrialização, embalagem e comercialização do produto final (ANDRADE; NASCIMENTO, 2005 citado por CAPELLI et al, 2016). Além disso as rações a granel, que ficam expostas ao ambiente, podem ocorrer contaminações ou perda de nutrientes (CAPELLI et al, 2016).

A multiplicação de bactérias e fungos nas rações promove alterações nas propriedades sensoriais, além de causar danos à saúde do animal (AMERICANO, 2016). Segundo Jay (2005) e Franco e Landgraf (2008) a multiplicação desses micro-organismos nas rações podem ser responsáveis por infecções e intoxicações alimentares. As doenças alimentares microbianas são originadas por uma variedade de micro-organismos com diferentes períodos de incubação e duração de sintomas (FORSYTHE, 2013). 

Várias pesquisas de análise microbiológica de rações para animais foram desenvolvidas (HILMANN et al, 2015; AMERICANO, 2016; CAPELLI et al, 2016; ESTEVE, 2018; CAMILO, 2019; CHAVES et al, 2019). No entanto, a falta de padrões microbiológicos que padronize quantidades máximas permitidas de micro-organismos pertinentes às rações, dificulta a análise sobre o possível risco das rações comercializadas com relação aos riscos à saúde dos animais (GIRIO, 2007; SOUZA; SOUZA, 2019). 

Para um alimento ter qualidade sanitária, é necessário que seja livre de micro-organismos patogênicos (NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2000). Esses micro-organismos patogênicos afetam, portanto, a segurança dos alimentos, sendo muitos fatores que podem contribuir com sua transmissão para os alimentos, entre eles higiene pessoal insuficiente, contaminação cruzada, contaminação através de insetos vetores e monitoramento inadequado do processo de produção (JAY, 2005; FORSYTHE, 2013). 

Parasitas gastrointestinais são importantes agentes patogênicos que afetam os pets, sendo alguns destes de interesse médico e veterinário. Uma das formas de se fazer o controle são os cuidados com os animais, inclusive com a ração a ser ofertada. A ração animal pode ser fabricada utilizando-se várias matérias primas e rejeitos das indústrias alimentícias (BRASIL, 2018). Embora a Instrução Normativa 4/2007 do MAPA estabelece que o produtor de ração animal não deva aceitar nenhuma matéria prima ou ingrediente que contenha parasitas, micro-organismos, substâncias tóxicas ou estranhas, que não possam ser reduzidas a níveis aceitáveis na industrialização a fiscalização é precária e deficiente. Além disto a ração a granel possibilita, por sua natureza, a contaminação com micro-organismos e parasitas como larvas e ovos de helmintos e cistos de protozoários, provenientes por dejetos fecais de animais. 

Vários são os parasitas intestinais podem ser encontrados em nos pets como ténias, ascarídeos, ancilostomídeos, tricurídeos, coccídias e giarda, independentemente do estilo de vida que tenham (LIVREDEPARASITAS, 2016). Espécies como Toxocara e Sarcocystis foram encontradas em cães e estes parasitas podem causar má nutrição e problemas reprodutivos para seus hospedeiros (SEVÁ et al, 2018). 

Segundo Fabino Neto e colaboradores (2017) os proprietários de pets atualmente buscam produtos que não só sustentem nutricionalmente seus animais, mas que também proporcionem melhor qualidade de vida. Desta forma é fundamental que atendam não só as necessidades nutricionais, como também sejam seguras à saúde dos animais.

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
LUCIANA CASALETTI
Email: lucasaletti@pucgoias.edu.br
Pesquisador Pesquisador [professor] [doutor]
VALERIA RIBEIRO MAITAN
Email: maitanvaleria@gmail.com
Coordenador Pesquisador [professor] [mestre]