Detalhes do Projeto de Pesquisa

PALINOLOGIA: POTENCIAL E POSSIBILIDADES PARA ESTUDOS DE EVOLUÇÃO DA PAISAGEM E PESQUISA ARQUEOLÓGICA

Dados do Projeto

559

PALINOLOGIA: POTENCIAL E POSSIBILIDADES PARA ESTUDOS DE EVOLUÇÃO DA PAISAGEM E PESQUISA ARQUEOLÓGICA

2017/2 até 2024/2

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

ESTUDOS DO QUATERNÁRIO

Paleoecologia e Ecologia de Paisagem

MAIRA BARBERI

Resumo do Projeto

O projetoPalinologia: Potencial e Possibilidades para Estudos de Evolução da Paisagem e Pesquisa Arqueológica foi proposto dentro de uma abordagem multidisciplinar, fundamentada no potencial da análise palinológica para estudos de evolução da paisagem e das relações do paleoambiente com os sítios arqueológicos e os processos culturais de ocupação dos mesmos. Neste contexto, considerando o potencial da análise palinológica para atuar em diferentes frentes e áreas de pesquisa e o condicionamento para esta atuação, representado pela ocorrência de sedimento com possibilidade de preservação de palinomorfos o objetivo geral do projeto compreende duas vertentes. Uma vertente compreende estabelecer, a partir de análise palinológica, a evolução da paisagem, as mudanças climáticas e os eventos de queimadas ocorridas nas terras baixas tropicais, a partir do Neógeno, identificando os processos atuantes e a cronologia dos eventos em áreas com depósitos que possibilitem a preservação de palinomorfos. A segunda vertente está voltada para a estabelecer, a partir da análise palinológica, o registro da introdução da agricultura e da ocorrência de cultivos específicos em sítios arqueológicos pré-históricos e históricos que apresentem sedimentos com condições favoráveis à preservação de palinomorfos. Neste contexto inclui-se também a análise de demais aspectos que possam interferir nos processos paleoambientais e culturais no decorrer do Quaternário tardio. A pesquisa delimitou, em grande amplitude, como área de estudos, a ocorrência do bioma Cerrado. Tal proposta deve-se ao fato de que, em função das características dos depósitos que possibilitam análises palinológicas tanto naturais quanto de origem antrópica, não é possível delimitar áreas sem um prévio mapeamento associado a um trabalho preliminar de campo. Desta forma, os projetos que se baseiam em pesquisa de microfósseis têm por característica básica estabelecer a área inicial de pesquisa baseado na ocorrência de um bioma, uma vez que o conjunto de palinomorfos é característico para cada bioma.

Objetivos

4.1. Objetivo Geral

            Considerando o potencial da análise palinológica para atuar em diferentes frentes e áreas de pesquisa e o condicionamento para esta atuação representado pela ocorrência de sedimento com possibilidade de preservação de palinomorfos o objetivo geral do projeto compreende as seguintes vertentes:


  1. Estabelecer, a partir de análise palinológica, a evolução da paisagem, as mudanças climáticas e os eventos de queimadas ocorridas nas terras baixas tropicais, a partir do Neógeno, identificando os processos atuantes e a cronologia dos eventos em áreas com depósitos que possibilitem a preservação de palinomorfos.


  1. Estabelecer a partir da análise palinológica o registro da introdução da agricultura e da ocorrência de cultivos específicos em sítios arqueológicos pré-históricos e históricos que apresentem sedimentos com condições favoráveis à preservação de palinomorfos.


4.2. Objetivos Específicos:


4.2.1. Relacionados aos estudos de Evolução da Paisagem


  1. Delimitar a área a ser objeto de análise palinológica em função da possibilidade de ocorrência de depósito com registro de palinomorfos;
  2. Estabelecer as variações da vegetação na área amostrada, no intervalo de tempo correspondente à formação do depósito analisado;
  3. Estabelecer a partir da análise das mudanças registradas na vegetação, as mudanças climáticas ocorridas nas áreas objetos de estudo;
  4. Estabelecer o intervalo de tempo referente à deposição da sequência analisada, a partir de datações de Carbono 14 ou de análise de bioestratigrafia com a utilização de palinozonas;
  5. Estabelecer a atuação do fogo nas áreas de estudo, a partir da identificação da presença de queimadas nas sequências estratigráficas analisadas;
  6. Complementar as informações obtidas a partir dos microfósseis com análises químicas e físicas das argilas dos sedimentos analisados;
  7. Caracterizar, a partir da análise do condicionamento geomorfológico da área, se as mudanças climáticas registradas constituem fenômenos locais ou regionais;
  8. Comparar as variações paleoecológicas das áreas estudadas com aquelas já registradas para outras áreas, procurando estabelecer as variações climáticas de amplitude regional que afetaram as terras baixas tropicas durante o limite Pleistoceno Tardio/Holoceno, e se estas variações se relacionam com aquelas já detectadas para a região dos Andes Tropicais, procurando associá-las ao fenômeno da última glaciação Würm/Wisconsin e do interglacial atual;
  9. Estabelecer as relações entre as modificações na paisagem nas terras baixas tropicais, quanto à composição, distribuição e relações dos diferentes biomas das terras baixas tropicais e as alterações climáticas ocorridas a partir do Neógeno até o presente;


  1. Relacionados aos estudos de áreas com Sítios Arqueológicos

Históricos e Pré-históricos


  1. Caracterizar a evolução da paisagem e os processos relacionados à ocupação da área por grupos pré-históricos;
  2. Estabelecer as variações da vegetação na área de estudo, no intervalo de tempo correspondente à formação dos depósitos analisados;
  1. Estabelecer o intervalo de tempo referente à deposição das sequências analisadas, a partir de datações de Carbono 14;
  2. Estabelecer, a partir da análise das mudanças registradas na vegetação, as mudanças climáticas ocorridas nas áreas objeto de estudos;
  3. Estabelecer a atuação do fogo na área de estudo, a partir da identificação da presença de queimadas nas sequências estratigráficas analisadas;
  4. Caracterizar as relações entre as modificações na paisagem da área e os processos e depósitos de origem antrópica resultantes da ação de grupos pré-históricos;
  5. Verificar a presença da agricultura a partir da identificação de cultivos relacionados a grupos pré-históricos;
  6. Identificar em sítios históricos a presença de plantas utilizadas em atividades de alimentação ou ritualísticas; 
  7. Entender o quadro paleoecológico, paleogeográfico e paleoclimático da área de estudo proposta.

Justificativa

Um dos aspectos relevantes da análise palinológica é que a mesma possibilita o conhecimento dos ecossistemas pretéritos através de informações paleoecológicas, propiciando a compreensão da evolução ambiental de uma determinada área permitindo, entre outros aspectos, identificar sua susceptibilidade às alterações, possibilitando prever novas modificações e planejar atividades futuras.

            Considerando o potencial de preservação de palinomorfos em depósitos estratificados e a relevância das informações passíveis de serem obtidas a partir do conteúdo dos microfósseis a análise palinológica constitui uma das ferramentas mais eficazes nos estudos paleoambientais e bioestratigráficos, uma vez que o grande acúmulo de palinomorfos nos sedimentos possibilita também análises estatísticas com dados mais confiáveis.

            Embora constitua uma ferramenta que possibilita diferentes abordagens abrangendo intervalos de tempo que abrangem desde o Neógeno, os dados existentes a partir deste tipo de análise nas terras baixas tropicais da América do Sul ainda são escassos considerando a dimensão territorial e a escala dos trabalhos e o intervalo de tempo analisado.

            Desta forma pesquisas em novas áreas, em diferentes intervalos de tempo e em diferentes escalas de abordagem ainda são necessárias para permitir uma caracterização mais abrangente sobre as variações paleoclimáticas e paleoecológicas nas terras baixas tropicais, possibilitando uma correlação de dados e a compreensão da dinâmica da paisagem e da interação entre os diferentes biomas ocorrida principalmente a partir da elevação do Andes no Neógeno e das modificações climáticas associadas as glaciações quaternárias.

            O conhecimento da dinâmica da vegetação a partir do Quaternário Tardio e a caracterização das modificações de caráter natural ou antrópica ocorridas nas terras baixas tropicais é fundamental também para a compreensão dos processos de apropriação da paisagem por grupos pré-históricos, da introdução da agricultura e da seleção de cultivos e plantas nas sociedades pré-históricas e históricas. 

Os dados palinológicos, quando provenientes de regiões litorâneas contribuem também para a compreensão dos processos de variações do nível do mar possibilitando o estabelecimento das sequências de transgressões e regressões marinhas, as modificações na dinâmica de sedimentação e na implantação de grupos pré-históricos litorâneos.

A análise palinológica possibilita também a datação de eventos geológicos através de uma abordagem biocronológica, com a identificação de palinozonas ou a partir de datações de Carbono 14. Esta abordagem pode fornecer informações sobre a evolução tectônica da América do Sul incluindo a subida dos Andes no Neógeno, o reordenamento da drenagem e a instalação dos diferentes biomas e a resposta da vegetação às glaciações quaternárias (HOORN, 1994; HOORN et al., 1995)

            Considerando o domínio dos cerrados, o Quaternário constitui ainda um período geológico pouco estudado nas terras baixas tropicais principalmente no território brasileiro. Embora estejam mapeados extensos depósitos relacionados às planícies aluviais das redes de drenagem de grande dimensão (LACERDA et al., 2008)), estes estudos apresentam normalmente um enfoque econômico, voltado para a exploração de argila e ou areia. 

            Os depósitos de pequena extensão, como os terraços fluviais das pequenas planícies aluviais e as turfeiras, não são normalmente objeto de estudo em função da escala dos mapeamentos realizados e normalmente os depósitos formados a partir do Neógeno e no Quaternário, independentemente de suas dimensões não são analisados a partir do conteúdo em microfósseis resultando em uma grande lacuna de informações quanto a evolução da paisagem, as mudanças climáticas nas terras baixas tropicais, a compreensão das relações entre os diferentes biomas, a caracterização da presença da agricultura em grupos pré-históricos e a identificação de cultivos em grupos históricos. 

            Neste sentido, esta proposta se justifica também considerando a eficácia da análise palinológica para preencher essas lacunas considerando que Laboratório de Paleoecologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás conta, a partir de recursos provenientes do CNPq e da própria instituição, com o material básico e equipamentos como microscópio óptico e outros necessários à preparação dos sedimentos, leitura de material e interpretação de dados para o desenvolvimento de pesquisas através da análise palinológica.

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
JULIO CEZAR RUBIN DE RUBIN
Email: rubin@pucgoias.edu.br
Pesquisador Líder [professor] [doutor]
MAIRA BARBERI
Email: barberimaira@gmail.com
Coordenador Líder Adjunto [professor] [doutor]
ROSICLÉR THEODORO DA SILVA
Email: silva.rosicler@gmail.com
Pesquisador Pesquisador [professor] [doutor]
SIBELI APARECIDA VIANA
Email: sibeli@pucgoias.edu.br
Pesquisador Pesquisador [professor] [doutor]