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NÚCLEO DE EXCELÊNCIA EM ECOLOGIA MOLECULAR, GENÉTICA FORENSE E CONSERVAÇÃO (BIOEMFOCO)
2020/1 até 2024/2
ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA
BIODIVERSIDADE NEOTROPICAL
Ecologia molecular, genética e conservação
MARIANA PIRES DE CAMPOS TELLES
Formar um núcleo de excelência em ecologia molecular, genética forense e conservação para gerar ferramentas moleculares e realizar estudos com espécies silvestres de diferentes biomas brasileiros. Com isso, pretende-se estruturar bancos de dados genético-populacionais para subsidiar o uso de informações para genética forense aplicada à vida silvestre, contribuindo para o monitoramento e a fiscalização das espécies pelos órgãos governamentais responsáveis pelo combater aos crimes contra a natureza, contribuindo, desta forma para a conservação das espécies da biodiversidade brasileira
A disponibilidade de ferramentas moleculares (marcadores moleculares) para estudos sobre a variabilidade genética em espécies silvestres brasileiras é ainda um fator limitante tanto no contexto do entendimento de aspectos evolutivos, quanto para a aplicação nas áreas de ecologia molecular e genética forense. Neste contexto, os marcadores moleculares do tipo microssatélites são a categoria que apresenta maior potencial de gerar polimorfismo (Weber & May, 1989; Tautz, 1989), em função da alta taxa de mutação nessas regiões do genoma, quando comparada a regiões codificantes do genoma (Goldstein & Schlotterer, 1999). Os microssatélites são multialélicos e potencialmente altamente polimórficos, apresentando nível de heterozigosidade tipicamente acima de 0,7 (Morgante & Oliviere, 1993), com padrão de herança codominante, o que permite a distinção entre indivíduos homozigotos e heterozigotos (Powell et al., 1996). São marcadores baseados em PCR, necessitando de baixa quantidade de DNA, que é um requisito importante para estudos de espécies silvestres e amostras para analises forense, com baixa quantidade de material biológico. Todas essas características fazem dos microssatélites marcadores ideais para estudos de diversidade genética, estrutura genética de populações, identificação individual, fluxo gênico, parentesco, genética forense e conservação (Morgante & Olivieri, 1993). Apesar das inúmeras vantagens, a disponibilidade de marcadores microssatélites para espécies da biodiversidade brasileira é ainda muito pequena. A maior limitação relacionada à utilização desse tipo de marcador é, sem dúvida, o trabalho técnico e a metodologia extremamente especializada que são necessários para a geração dos mesmos, além do custo inicial relativamente alto para a implantação de um novo laboratório para este fim. Outro aspecto importante e carência de recursos humanos qualificados, uma vez que esta área necessita de mão de obra altamente especializada, incluído expertises das áreas de biologia molecular, bioinformática e genética de populações. Uma das formas de minimizar os custos e maximizar a eficiência para a produção de novos marcadores moleculares é a partir da otimização do uso da capacidade instalada de equipamentos nas instituições e o uso compartilhado de reagentes entre grupos de pesquisa, centralizando, em um ou poucos laboratórios, o desenvolvimento das ferramentas moleculares, tais como os microssatélites, para uma grande quantidade de espécies prioritárias. Isto permitirá maximizar o uso de reagentes e a capacitação de recursos humanos na área.
Existe a necessidade de padronizar o uso de tecnologias que permitam genotipar polimorfismos em larga escala no genoma. Até recentemente, a descoberta de marcadores microsatélites e dos polimorfismos de base única (SNPs) dependia exclusivamente das técnicas de clonagem e sequenciamento baseado em eletroforese capilar. Os altos custos e grande número de procedimentos dessas técnicas restringiam o desenvolvimento de marcadores para poucas espécies de interesse médico e agronômico. Atualmente, as metodologias de sequenciamento de nova geração estão reduzindo dramaticamente o custo e o tempo necessário para detecção de polimorfismos. A rápida geração de sequências, tanto de DNA como de RNA, democratizou o desenvolvimento de marcadores moleculares, que passa a contemplar também espécies de interesse ecológico, evolutivo e de conservação (Schwarz et al. 2009; Parchman et al. 2010). Embora tenha crescido o uso destas tecnologias, até o momento, estas tecnologias somente são realidade para alguns poucos organismos e, entre eles, algumas poucas plantas cultivadas (e.g. Borevitz et al. 2003; West et al. 2007). Os custos dos equipamentos e dos reagentes envolvidos vem caindo de forma sistemática e plataformas de sequenciamento de média escala (centenas de SNPs para milhares de amostras), por exemplo da Illumina, já estão disponíveis.
De acordo os documentos do Ministério sobre a “ESTRATÉGIA NACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO 2016-2019” alguns temas e suas estratégias associadas foram selecionados tendo como base a necessidade do SNCTI em propor soluções para: A preservação e o uso sustentável da biodiversidade brasileira; O domínio científico e tecnológico em áreas críticas para a inovação empresarial e competitividade nacional; O desenvolvimento de tecnologias sociais para a inclusão socioprodutiva com redução das assimetrias regionais na produção e acesso à ciência, tecnologia e inovação; e a garantia da segurança hídrica, alimentar e energética da população brasileira.
O presente projeto propõe contribuir com algumas soluções considerando os onze temas em CT&I tidos como estratégicos para o desenvolvimento, autonomia e soberania nacional, relacionados no documento “ESTRATÉGIA NACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO 2016-2019”. Assim, o presente estudo se enquadra no tema “7.4 Biomas e Bioeconomia” que tem por objetivo “apoiar o desenvolvimento de tecnologias inovadoras para agregação de valor aos bens e serviços da sociobiodiversidade brasileira e promover maior interação entre os setores acadêmico e produtivo, a fim de elevar a competitividade do país no cenário da Bioeconomia mundial, sempre considerando aspectos referentes a conservação e preservação da biodiversidade nacional”. Neste contexto, suas estratégias associadas foram selecionados tendo como base a necessidade do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em propor soluções para: 1) geração de conhecimento, tecnologias, inovações, produtos e serviços a partir da biodiversidade brasileira tem potencial para dar um salto qualitativo e competitivo na agregação de valor aos recursos naturais e serviços ambientais, e na obtenção de produtos e processos inovadores, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do País, em consonância com a preservação e conservação da biodiversidade; 2) problemas tecnológicos nos setores agropecuários, industriais, ambientais e para a saúde humana, priorizando o uso sustentável da biodiversidade brasileira e considerando aspectos relativos à segurança hídrica, alimentar e energética e à mudança do clima; 3) Criação, ampliação e fortalecimento de redes de PD&I em biotecnologia e biodiversidade, focando em produtos, processos e serviços tecnológicos a partir da conservação e uso sustentável da biodiversidade brasileira; 4) Fomentar parcerias público-privadas com foco no desenvolvimento de produtos, processos e serviços tecnológicos, apoiando processos de transferência de tecnologia, interação entre academia e empresas e estruturação de programa de estímulos à criação de novos negócios de base biotecnológica; e 5) estimular a criação de empresas de base biotecnológica e empregos altamente qualificados. A partir da disponibilização de marcadores para diferentes espécies, pode-se ter como objetivo melhorar a segurança zoofitossanitária das cadeias produtivas, na segurança dos alimentos, além do uso sustentável da biodiversidade brasileira.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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FLAVIA MELO RODRIGUES
Email: rflamelo@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
MARIANA PIRES DE CAMPOS TELLES
Email: maritelles@pucgoias.edu.br |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |