Detalhes do Projeto de Pesquisa

ESTUDOS SOBRE POÉTICAS DA MODERNIDADE E DA CONTEMPORANEIDADE: SÉCULOS XX E XXI

Dados do Projeto

529

ESTUDOS SOBRE POÉTICAS DA MODERNIDADE E DA CONTEMPORANEIDADE: SÉCULOS XX E XXI

2020/1 até 2022/1

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

ESTUDOS DA LITERATURA

CORRENTES CRÍTICAS CONTEMPORÂNEAS

VITOR FERNANDO PERILO VITOY

Resumo do Projeto

Esse projeto pretende estudar os escritos e a linguagem modernistas e contemporâneos e o que elas representam na promoção das formas artísticoliterárias no Brasil e no mundo. É importante reconhecer, em primeiro momento, a Modernidade, suas contradições e possibilidades, as interrupções violentas que promovia e os novos horizontes possíveis que descortinava. O movimento modernista aparece como meio de disseminação do conhecimento referente aos aspectos socioculturais, artísticos e literários do século XX. Em segundo momento, o contemporâneo que tem como eixo central um permanente diálogo entre teoria e prática da arte e da literatura do final do século XX e o XXI. Faz-se necessário entender como objeto de pesquisa, de forma ampla, os diversos legados dentro de um contexto artístico e cultural proporcionados pelos artistas dos períodos mencionados bem como as contribuições que puderam influenciar toda a sociedade. Por meio da intertextualidade e da meta arte, esses artistas vislumbrarão um momento que contemplará um ideário totalmente inovador, execrando todas as regras que estes consideravam como atraso artístico e cultural, ou seja, servirão como paradigma inclusive para novos artistas, pois, a sociedade não será a mesma após todo esse processo. O modernismo, período singular de nossa história, deve ser analisado levando em consideração o novo ideário artístico e literário que visa perceber seu caráter peculiar de rebeldia contra o simbolismo e o parnasianismo, contra concepções estéticas refletoras de uma linguagem de dominação e poder e contra as artes canônicas. As poéticas contemporâneas, por sua vez, promovem a ampla abertura às práticas artísticas recusando-se a compartimentá-las de forma estanque a pretexto de delimitações de fronteiras do saber, posturas ideológicas ou restrições a suportes. Assim, acolhe, entre outras linguagens artísticas, o desenho, a intervenção, a pintura, a performance, o ambiente, a instalação, o objeto, e as obras de multimídia. A intertextualidade, fator primordial nesse estudo, pode ser de forma ou de conteúdo, uma vez que a primeira restringe-se à repetição de expressões, enunciados, trechos de outros textos, ou então, o estilo de determinado autor, enquanto que a última ¿ e, por motivos óbvios, a mais constante ¿ é mais ampla, podendo abranger qualquer tipo de texto, e apresentando-se de maneira explícita ou implícita. A intertextualidade implícita, por não ter indicação da fonte, requer do leitor os conhecimentos necessários para recuperá-la, assim como para detectar a possível intenção do produtor do texto fazendo novas leituras dos produzidos anteriormente. As várias manifestações artísticas contemporâneas se dão tanto no campo da intertextualidade quanto da metalinguagem e da interdisciplinaridade e serão processos chave na conexão com a literatura, foco maior desse projeto.

Objetivos

OBJETIVO GERAL:Buscar investigar, por meio da pesquisa, as diversas formas artísticas e literárias de manifestação do homem contemporâneo. Nesse sentido, pretende-se constituir, em um primeiro momento, um corpus com obras poéticas e narrativas, publicadas à época ou posteriormente que dialoguem, em perspectiva crítica, com outras vertentes artísticas de mesma temática e período histórico.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  1. Compreender os diversos processos de manifestações artísticas do homem contemporâneo.
  2. Analisar com maior propriedade a poética e prosa contemporâneas e a intertextualidade destas com outras formas artísticas.
  3. Pontuar as influências e contribuições artísticas desse período na cultura brasileira.
  4. Trabalhar com leituras imanentes dos textos selecionados de modo a constituir uma visão do modernismo brasileiro do século XX e do movimento contemporâneo do século XXI.

Justificativa

As pesquisas em torno das relações entre arte, literatura, modernidade e pós-modernidade e a estranheza destas, ocorrem por meio da leitura e estudo de diversas obras, mas, algumas podemos evidenciar, dentre elas a primeira: Modernismo O Fascínio da Heresia, de Peter Gay, em que o autor explica um pouco sobre o contexto mundial do que é o modernismo.

É muito mais fácil exemplificar do que definir o modernismo. Esse fato curioso é por si só um tributo à sua grande riqueza. Seus exemplares cobrem um terreno tão vasto e diversificado – pintura, escultura, poesia e prosa, dança e música, arquitetura, design, teatro e cinema – que a ideia de uma mesma origem ou de um solo em comum há de parecer implausível. (GAY, 2009 p. 17).

Amaral (1994), em sua obra A Imagem da Cidade Moderna, também expõe que a metrópole contemporânea tende a não respeitar regras e coisas do passado, a partir da palavra progresso. Vale ressaltar que Mário de Andrade em sua obra O Movimento Modernista¿ expressa todas essas características.

Manifestado especialmente pela arte, mas manchando também com violência os costumes sociais e políticos e movimento modernista foi prenunciador, o preparador e por muitas partes o criador de um estado de espírito nacional. A transformação do mundo com o enfraquecimento gradativo dos grandes impérios, com a prática europeia de novos ideais políticos, a rapidez dos transportes e mil outras causas internacionais, bem como o desenvolvimento da consciência americana e brasileira, os progressos internos da técnica e da educação, impunham a criação de um espírito novo e exigiam a reverificação e mesmo a remodelação da inteligência nacional (MARIO DE ANDRADE apud AMARAL, 1994, p. 91)

No Brasil o modernismo tem algumas características próprias e em seu livro Vanguarda Europeias e Modernismo Brasileiro, Gilberto Mendonça Teles apresenta um texto de Graça Aranha sobre a Semana de Arte Moderna, evento marco dessa corrente no Brasil: “Para muitos de vós a curiosa e sugestiva exposição que gloriosamente inauguramos hoje é uma aglomeração de horrores”. (TELES, 2009 p. 415).

Portanto, não só esses, mas outros autores serão de suma importância para o estudo aprofundado do que conhecemos como modernismo, tanto no Brasil quanto no resto do mundo.

É pertinente salientar que as ideias contemporâneas podem divergir de autor para autor, ou seja, cada um tem um parâmetro para considerar o surgimento das primeiras ideias desse perídio. Para Giddens (2002), o parâmetro que serve como marco para o que chamamos de era moderna é o pós-feudalismo.

Neste livro emprego o termo -modernidade¿ num sentido muito geral para referir-me às instituições e modos de comportamentos estabelecidos pela primeira vez na Europa depois do feudalismo, mas que no século XX se tornam mundiais em seu impacto (GIDDENS, 2002, p. 21).

As características propostas e analisadas por diversos críticos literários, como, por exemplo, o surgimento de um novo paradigma, o da industrialização. O termo é novo nesse contexto, pois se refere a algo que surge no final do século XIX com o transitório do ambiente agrário para o urbano. Estudos feitos por Melo e Souza (1994) reforçam a perspectiva de mudanças lentas e graduais. “Sem embargo, não avançamos muito. Permanecemos com dificuldade de compreensão. Ainda não conseguimos nos entender nem estruturar o discurso. O tema segue imerso em nebulosa conceitual” (MELO E SOUZA, 1994, p. 15).

Segundo Hugo Friedrich (1989), outro autor que analisou com profundidade as teorias da modernidade em sua obra A Estrutura da Lírica Moderna, qualquer que seja o conceito de arte já estabelecido ganha, agora, nova significação, de acordo com autores que ele usa como referência, a exemplo de Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé. Tanto é que, para elaborar sua tese a respeito da estruturação da lírica moderna, ele começa citando Baudelaire, alegando que este deveria ser tomado como marco neste quesito. “Além disso, deve-se lembrar que, quando digo moderno, refiro-me a toda a época a partir de Baudelaire, e, ao invés, digo contemporâneo ou atual quando se trata exclusivamente das poesias do século XX” (FRIEDRICH, 1989, p. 11).

Considerando-se o modernismo brasileiro como um período singular de nossa história, é importante ressaltar dois sujeitos ímpares desse contexto: o autor/criador e o apreciador.

Se analisarmos a obra de arte não como pura receptividade imitativa ou reprodutiva, mas, como expressão de um sentido novo, um processo de construção, nós vislumbraremos a figura do artista contemporâneo, aquele que busca o diferente, o complexo, o ousado, o estranho. Ele é um ser social que tenta exprimir seu modo de estar no mundo, de ver o mundo voltando-se para ele, criticando-o seja para afirmá-lo ou superá-lo.

A arte contemporânea convive com a música e diversos sons, com a pintura, com a fotografia, com o cinema, com a literatura e com o simbólico. Elas se articulam e se misturam constantemente e é essa articulação que será explorada.

Cabe ressaltar também que as concepções de Gilles Lipovetsky  sobre a hipermodernidade e de Jean Baudrillard sobre a simulação estão centradas nos  estudos da contemporaneidade, principalmente na última década do século XX e o reflexo no século XXI. Coincide ainda com o seu processo de consolidação de uma arte notadamente marcada pela virtualização da vida e de seus procedimentos.

Nesse sentido, Lipovetsky aborda os conceitos modernidade, pós-modernidade e  hipermodernidade, resultantes de alguns comportamentos dos indivíduos neste tipo de sociedade: individualismo; processo de personalização; vazio; sedução; indiferença; modernismo e pós-modernismo; violências; narcisismo.

Percebendo que o texto não existe aleatoriamente, mas é fruto de uma história social e cultural, vislumbramos a figura do admirador e contribuinte das artes contemporâneas, o flâneur aquele ser que constrói um significado para tudo aquilo que percebe ao seu redor. No caso da literatura, é o leitor que dá um ou mais sentidos para uma determinada obra conforme sua linguagem e visão de mundo.

Na modernidade, esse sentido é construído percebendo a materialização de uma ideia que se expressa por uma linguagem que nos permite dizer que esta tem significância, fala, comunica pode e deve ser lida e analisada pelo outro. Ressaltamos também o visual e as inúmeras maneiras de organizar os signos decorrentes da relação que o homem estabelece entre a realidade e sua representação.

Os artistas contemporâneos procuram fazer com que o apreciador reaja diante dessa representação e levante questionamentos sobre o que é real, o que é fantasia e, indo mais além, sobre todo o contexto imagético das obras de artes contemporâneas.

No caso do texto literário, o leitor contemporâneo, por meio de sua visão de mundo, questiona, contesta, reorganiza, recria e reinventa a realidade. Por isso, o esse texto pode e deve falar de qualquer coisa, sua mensagem é carregada de intencionalidade, mas o que o sustenta, o que o perpetua é o trabalho com a linguagem. Sob a ótica do confuso, do remontado, do desconexo, é que esses artistas se destacam apresentado ao público uma arte pós-guerra no século XX e uma arte tecnológica do final do século XX e início do XXI. Portanto, é imprescindível destacar nesta pesquisa, as inúmeras contribuições deixadas pelos artistas contemporâneos principalmente no que se refere às inovações nas artes de vanguarda e a ruptura com o formalismo artístico. A não-linearidade clara nas obras é o ponto chave para o entendimento dessa estética.

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
VITOR FERNANDO PERILO VITOY
Email: vitorvitoy@pucgoias.edu.br
Coordenador Pesquisador [professor] [doutor]