Este estudo tem como objetivo analisar o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus e a saúde emocional das suas mães. Trata- se de um estudo quali-quantitativo. Uma parte será analítica transversal e outra do tipo coorte longitudinal. A população será composta por mães de crianças com diagnóstico de Síndrome Congênita do Zika Vírus e seus filhos; e o grupo controle por crianças com diagnóstico de Síndrome Congênita por STORCH e suas respectivas mães, inseridas em um Centro de Reabilitação. Serão aplicados os questionários de avaliação sociodemográfica e clínica das mães e das crianças; Escala Gross Motor Function Classification System (GMFCS); Escala Medida da Função Motora Grossa - 66 itens (GMFM-66); Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI-CAT); Questionário Avaliação de Sobrecarga do Cuidador Informal (QASCI); Medida de Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde ¿ versão abreviada (WHOQOL-Bref); Inventário de ansiedade de Beck (BAI); Inventário de sintomas de stress para adultos (ISSL) ¿ LIPP; e Inventário de depressão de Beck (BDI). A parte quantitativa do estudo acontecerá em quatro momentos (M0, M1, M2 e M3), com um ano de intervalo entre as avaliações. Já a parte qualitativa, acontecerá apenas nos momentos M0 e M2, ou seja, com intervalo de 2 anos após a avaliação inicial.

Objetivo Geral     

Analisar o desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus e a saúde emocional das suas mães.

Objetivos Específicos

• Descrever as características clínicas de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus que estão em tratamento no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER);
• Classificar as crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus, segundo o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS);
• Descrever o perfil sociodemográfico e clínico de mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus em processo de reabilitação; 
• Descrever as características sociodemográficas e clínicas de um grupo controle (crianças com Síndrome Congênita por STORCH), atendidas no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr Henrique Santillo (CRER); 
• Analisar as habilidades funcionais, função motora grossa e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus; 
• Analisar a evolução das habilidades funcionais, função motora grossa e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus durante três anos de processo de reabilitação;
• Comparar as habilidades funcionais, a função motora grossa e o desenvolvimento neuropsicomotor entre crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus e um grupo controle (Síndrome Congênita por STORCH);
• ·Relacionar características sociodemográficas e clínicas com as habilidades funcionais, função motora e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus;
• Analisar a qualidade de vida, nível de sobrecarga, estresse, ansiedade e depressão de mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus;
• Analisar a evolução da qualidade de vida, do nível de sobrecarga, estresse, ansiedade e depressão de mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus durante três anos de processo de reabilitação;
• Relacionar características sociodemográficas, clínicas e funcionais com a qualidade de vida, nível de sobrecarga, estresse, ansiedade e depressão de mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus;
• Correlacionar a evolução das habilidades funcionais, função motora grossa e desenvolvimento neuropsicomotor de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus com a evolução da qualidade de vida, nível de sobrecarga, estresse, ansiedade e depressão de suas mães.
• Compreender como as mães vivenciam o recebimento do diagnóstico de microcefalia por Zika vírus (ZV) do filho(a), conhecer quais são os desafios e as estratégias de enfrentamento utilizadas pelas mães e, além disso, compreender como as mães percebem e descrevem a assistência recebida.

Estudos sobre o Zika Vírus se intensificaram de 2015 em diante, haja vista o aumento do número de pessoas infectadas e a epidemia de microcefalia de crianças, sobretudo no Nordeste Brasileiro; a comunidade científica precisava compreender o surto epidêmico que se instalava no país, confirmar evidência de relação causal e produzir estudos científicos robustos, no menor tempo possível, para que os profissionais da ponta pudessem oferecer assistência adequada. Contudo, pouco se falou sobre o impacto físico, emocional e social nas famílias (BRUNONI et al., 2016; WIWANITKIT, 2017), a sobrecarga das mães, em como os cuidadores enfrentam o diagnóstico, a mudança na dinâmica familiar, de que maneira está sendo o seguimento e a assistência oferecida às crianças e às suas famílias pelas equipes de saúde e o quão preparadas essas equipes estão para receber crianças e famílias com Síndrome Congênita do Zika Vírus (BRUNONI et al., 2016). Além disso, existe uma lacuna no conhecimento sobre a evolução funcional destas crianças, visto que as mesmas apresentam alterações neurológicas diversas e pouco descritas na literatura. Os resultados deste estudo irão direcionar o processo de reabilitação, com foco nas principais condutas multiprofissionais.

Acredita-se que no futuro existirá um grande número de crianças com sequelas advindas desta infecção. As mães destas crianças precisarão lidar com suas inseguranças, culpas, temores e sobrecarga advinda dos cuidados. Desta forma, se faz válido uma análise longitudinal da saúde emocional das mães destas crianças e do enfrentamento desta realidade. Estudos com foco nos cuidadores auxiliam no fortalecimento das mães, para que as mesmas se sintam seguras e possam contribuir com a reabilitação e cuidado de seus filhos.