Desde 1996, o Brasil vem apresentando uma redução da mortalidade por HIV. A disponibilidade universal e gratuita de terapias antirretrovirais (TARV) na rede pública, causou um impacto notável na morbimortalidade. Como consequência, houve um aumento da sobrevida dos portadores de HIV, na redução da incidência de doenças oportunistas e na queda das internações hospitalares. Embora seja inegável os benefícios da TARV, alguns medicamentos apresentam efeitos adversos que contribuem para o desenvolvimento de comorbidades. Desde 2013, o Governo Brasileiro instituiu a tríade Tenofovir (TDF), Lamivudina e Efavirenz como primeira escolha para o tratamento do HIV. A partir de 2017, uma nota técnica substituiu efavirenz por dolutegravir, mantendo o TDF como medicamento de primeira para tratamento do HIV. O TDF mostra um favorável perfil de segurança comparado com outros inibidores da transcriptase reversa RNA nucleosídeo. No entanto, a toxicidade renal a longo prazo é reconhecida como leve, mas significativa, para regimes contendo TDF. Alguns estudos mostram que a nefrotoxicidade associada ao TDF é o mais comum motivo de encaminhamento relacionado com HIV / VIH de serviços especializados, perfazendo mais de 20% das consultas. Não sabemos qual o impacto do fármaco na função renal, na sobrevida e no tratamento do HIV em nosso serviço. Também desconhecemos se os marcadores de lesão tubular serão alterados no paciente em uso de TDF, anteriormente a alteração de creatinina e cistatina C. Desconhecemos ainda, se a retirada do fármaco, foi eficaz na melhora da função renal, fato que nos leva a novos estudos. A fim de respondermos tais questionamentos buscamos analisar os marcadores de função renal e os fatores associados à injuria e recuperação da função renal em pessoas vivendo com HIV, expostos ao TDF, estimar a frequência de alterações da função renal, identificar fatores potencialmente associados com a IRA e com a recuperação de função renal, identificar a efetividade da retirada do TDF na recuperação de função renal em pessoas vivendo com HIV.

Objetivo Geral: Estimar a incidência de alterações precoces da função renal, por meio de diferentes marcadores laboratoriais, em uma coorte de indivíduos HIV-positivos, em uso de tenofovir.

Objetivos específicos:

• Estimar a frequência de alterações da função glomerular por meio da taxa de filtração glomerular, níveis creatinina e Cistatina C, pré uso de antirretrovirais;
• Estimar a frequência de alterações da função tubular, avaliadas por meio da dosagem A Lipocalina associada à gelatinase de neutrófilos urinários (UNGAL), pós uso de antirretrovirais;
• Estimar a incidência de alterações precoces da perda de função renal (glomerular e tubular), na vigência do uso de TDF;
• Identificar possíveis preditores de alteração de função renal, anterior ao aumento da creatinina, nesta população;
• Relacionar os níveis de creatinina, cistatina C, através da estimativa de taxa de filtração glomerular pela fórmula CKD epi, com alterações em achados de urinálise.

Considerando as metas de ampliação de oferta de TARV no mundo e que o TDF compõe o esquema de terapêutico de primeira linha, em vários países de baixa e média renda, espera-se um aumento significativo de indivíduos em uso desse medicamento nos próximos anos. Desta forma, delimita-se um cenário onde existe amplo acesso à TARV, um grande contingente pacientes em uso dessa medicação, um significativo aumento da sobrevida e impacto na morbidade e na demanda dos serviços públicos de saúde, ainda não bem estimado, de doenças renais futuras Assim sendo, torna-se fundamental ter estimativas de incidência de alterações renais precoces, utilizando diferentes marcadores, com vistas a estabelecer medidas de prevenção e redução de danos, em coortes clinicas de pessoas vivendo com HIV.