Detalhes do Projeto de Pesquisa

TRANSEXUALIDADE NA PSICANÁLISE: O QUE DIZEM OS PSICANALISTAS?

Dados do Projeto

492

TRANSEXUALIDADE NA PSICANÁLISE: O QUE DIZEM OS PSICANALISTAS?

2018/1 até 2021/2

ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E DA SAÚDE

GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA EM ESPORTE, MÍDIA E GÊNERO - DIREITOS HUMANOS

Subjetividade e Cultura

ELIZABETH CRISTINA LANDI DE LIMA E SOUZA

Resumo do Projeto

A transexualidade, fenômeno que implica a transição de um sexo para outro, encontrou seu lugar na ciência desde o século passado. Na atualidade, a problemática transexual tem adquirido cada vez mais importância no âmbito das ciências médicas, sociais, bem como da psicanálise. Diversas são as discussões sobre a origem da transexualidade, bem como sobre efeitos que incidem nos sujeitos que passam pela transição. Além disso, as questões relativas ao conceito gênero são de extrema relevância, e convocam os psicanalistas a se posicionarem frente ao tema, uma vez que desde seus primórdios, o fundador da psicanálise extraiu de sua experiência clínica uma concepção desnaturalizante e subversiva acerca da sexualidade humana. Nos últimos anos, no Brasil, vários são os psicanalistas que vêm assumindo o debate acerca do gênero e da transexualidade, colocando a produção teórica à prova, e fazendo avançar a produção teórico-clínica sobre o tema. Tendo em vista a leitura psicanalítica acerca da problemática transexual este projeto de pesquisa visa investigar a produção bibliográfica, desenvolvida no contexto da psicanálise, acerca da transexualidade nos últimos trinta anos, no Brasil.

Objetivos

Tendo em vista a leitura psicanalítica acerca da questão transexual bem como as intersecções possíveis entre a psicanálise e as teorias de gênero, este projeto de pesquisa visa investigar a produção bibliográfica, desenvolvida no contexto da psicanálise, sobre a transexualidade, nos últimos trinta anos, no Brasil. Além disso, propõe conhecer de modo aprofundado o debate teórico sobre a transexualidade no âmbito da articulação entre a psicanálise e as teorias de gênero, que são fundamentais para a discussão sobre a transexualidade.

            

3.1 Objetivos

            a) Situar a questão transexual no contexto dos desenvolvimentos psicanalíticos sobre a sexualidade humana, a partir das produções de S. Freud e J. Lacan;

            b) Investigar as diferenças entre transexualidade masculina e feminina nas produções psicanalíticas dos últimos trinta anos;

            c) Compreender a relação entre a transexualidade, a homossexualidade e a heterossexualidade;

            d) Discutir a transexualidade frente às estruturas clínicas: neurose, psicose e perversão;

            e) Analisar as possibilidades de articulação do conceito de gênero com as concepções psicanalíticas dos significantes homem e mulher.

Justificativa

Na edição anterior do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM 4, a transexualidade figurava como transtorno de identidade de gênero e atualmente, no DSM 5, é descrita como disforia de gênero, que diz respeito ao sofrimento que expressa a incongruência entre o sexo anatômico e o gênero (DSM -5, 2014). Sofrer desse desconforto, nomeado pela ciência médica de transtorno, pode levar um sujeito a buscar o Processo Transexualizador, que desde 2008 foi regulamentado pelo Sistema Único de Saúde e é oferecido em várias locais do país, incluindo o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia (Brasil, 2015). No contexto da saúde mental, que na concepção psiquiátrica tem tomado a transexualidade como transtorno de disforia de gênero, quanto na execução do Processo Transexualizador, o que têm a dizer os psicanalistas? 

Circunscrevendo a transexualidade no âmbito da psicanálise, esta pesquisa se justifica na medida em que desde a origem do debate científico sobre o tema, a psicanálise esteve à frente, ora delimitando o “transexualismo” como uma patologia, ora revendo tais posições, bem como ampliando o debate frente a complexidade do fenômeno. Nesse sentido, os psicanalistas que têm produzido conhecimento acerca da transexualidade não são unânimes em suas posições teórico-clínicas. Há os que se alinham no debate crítico empreendido pelos teóricos de gênero, tais como Judith Butler, filósofa que produz uma crítica direta à psicanálise no âmbito da sua importante produção intelectual acerca dos gêneros não-inteligíveis, abjetos, bem como sobre a vizinhança desses conceitos com a transexualidade. Provocados pela produção desses pensadores ligados às ciências sociais e à filosofia, alguns psicanalistas têm desenvolvido estudos acerca da transexualidade e do gênero articulando saberes de campos distintos, colocando-os em confronto, por vezes produzido críticas à produção psicanalítica. Por outro lado, há psicanalistas que se posicionam de maneira diversa, evidenciando os conceitos psicanalíticos numa perspectiva clínica, e não aderida às reivindicações próprias aos militantes da causa do gênero e da transexualidade. 

Entendendo que esta temática é de relevância social, política e clínica, faz-se necessário compreender que fatores de fato estão em jogo quando se trata de um psicanalista adotar determinada posição acerca da transexualidade. É uma posição pautada em sua experiência clínica, ou num argumento teórico? É a assunção de uma certa militância em favor desses sujeitos que sofrem de modo particular discriminações, preconceitos e violências? Nesse sentido, revisitar a produção bibliográfica dos psicanalistas acerca da transexualidade é de fundamental importância para lançar luz sobre necessário posicionamento teórico-clínico com todas as consequências éticas que ele implica, haja visto que a escuta clínica do sujeito do inconsciente é a matéria prima fundamental para que se promova a responsabilização pelo desejo inconsciente, exigência ética da práxis psicanalítica. Além disso, essa pesquisa pretende revisar a produção teórica sobre o tema, a fim de dar sustentação a outras pesquisas empíricas, que envolvam a escuta clínica de sujeitos que sofrem desse desencontro específico manifesto na transexualidade. 


Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
ELIZABETH CRISTINA LANDI DE LIMA E SOUZA
Email: elizabethclandi@gmail.com
Coordenador Pesquisador [professor] [doutor]