A ciência da Paleontologia constitui uma área de pesquisa de interface entre a Biologia e a Geologia, fundamental para o conhecimento da evolução da vida e do planeta Terra. A preservação e o estudo dos sítios paleontológicos do território brasileiro, assegurado por legislação específica é fundamental para o desenvolvimento deste conhecimento. Nas áreas de ocorrências de cerrados em especial no Brasil central os estudos são escassos e frequentemente em escalas de abordagem que não contemplam a dimensão dos jazigos e impossibilitam a identificação, o registro e a preservação dos mesmos. Neste sentido considerando o potencial paleontológico das áreas atualmente recobertas pelos Cerrados, o objetivo deste projeto é localizar, identificar, cadastrar e caracterizar sítios paleontológicos na área proposta, visando formar e organizar acervo paleontológico destinado à pesquisa científica, exposição, divulgação e intercambio. A metodologia de trabalho compreende atividades de campo e de laboratório que serão desenvolvidas conforme as técnicas específicas para cada tipo de fóssil a ser trabalhado. O projeto está previsto para ser desenvolvido por uma equipe de pesquisadores da PUC Goiás e por alunos de graduação e pós-graduação no decorrer de um período total de 5 anos em etapas específicas para cada área a ser selecionada. Os resultados serão divulgados através de artigos científicos apresentações em congressos e com atividades de extensão como oficinas de paleontologia. Estão previstas a organização de coleções didáticas para apoio às aulas de graduação e para divulgação junto ao ensino médio e fundamental além de coleções voltadas ao intercâmbio científico.

Objetivo Geral
Considerando o potencial paleontológico das áreas atualmente recobertas pelos Cerrados, o objetivo deste projeto é localizar, identificar, cadastrar e caracterizar sítios paleontológicos na área proposta, visando formar e organizar acervo paleontológico destinado à pesquisa científica, exposição, divulgação e intercambio.

Objetivos Específicos
Visando atender ao objetivo geral proposto os objetivos específicos compreendem:
•        Delimitar áreas com potencial de caráter geológico para a ocorrência de registros fósseis;
•        Selecionar áreas relevantes com possibilidade de sítios paleontológicos para desenvolver trabalhos em escala de detalhe;
•        Localizar e caracterizar sítios paleontológicos;
•        Realizar coletas sistemáticas nos sítios localizados;
•        Caracterizar o acervo paleontológico coletado, selecionando material destinado à pesquisa, montagem de coleção didática, divulgação e exposição;
•        Organizar o material destinado a exposição segundo normas de curadoria;
•        Elaborar mapa em escala de detalhe com a indicação dos sítios paleontológicos localizados;
•        Elaborar um cadastro dos sítios levantados e registrá-los junto ao cadastro nacional da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais;
•        Promover parceria com instituições e pesquisadores visando a análise do material destinado a pesquisa e o intercâmbio de coleções;
•        Elaborar programas de extensão voltados à divulgação e preservação dos fósseis e das áreas com ocorrência dos mesmos;
•        Selecionar áreas mais expressivas para a proposição da implantação de geoparques com interesse científico e /ou turístico. 

O projeto justifica-se pela preservação do patrimônio paleontológico, em cumprimento a legislação vigente, e pela significância científica, uma vez que se trata de um bem não renovável constantemente impactado ou destruído por diversas atividades, ainda desconhecido, como comprovam os resultados de pesquisas em desenvolvimento pelo país.

Nas áreas de cerrados e em particular nas sequencias sedimentares da bacia sedimentar do Paraná situadas nos estados de Goiás e Minas Gerais os estudos voltados para a localização e identificação de sítios paleontológicos são escassos e áreas já localizadas não recebem a devida atenção colocando em risco jazidas importantes uma vez que tradicionalmente o mapeamento efetuado nestes estados esteve voltado para a pesquisa mineral e a identificação de jazidas minerais de interesse econômico. 

Na bacia sedimentar do Parnaíba e nas sequencias de rochas metamórficas dos grupos Paranoá e Bambuí as pesquisas são ainda mais escassas quando o foco está voltado para o conteúdo fossilífero o que justifica a necessidade de uma pesquisa sistemática voltada para o tema em questão. Da mesma forma, como os mapeamentos realizados nos extensos chapadões são desenvolvidos em escalas regionais, os pequenos depósitos quaternários normalmente não são identificados ou não são passíveis de representação gráfica em mapas geológicos demandando pesquisas em escala de detalhe voltada para o tema do registro fossilífero destes depósitos.

A construção de um novo conhecimento sobre o real potencial e importância do registro paleontológico das áreas de cerrados é fundamental também para possibilitar novas pesquisas em escala de detalhe e a definição de áreas de importância a serem propostas como geoparques e sítios de preservação do patrimônio paleontológico e geológico do Brasil central.

Como área de interface entre a Geologia e a Biologia, projetos de pesquisa na área de Paleontologia possibilitam também, a formação de alunos com uma visão mais abrangente e multidisciplinar e a preparação de profissionais capacitados a elaboração de laudos e pareceres sobre o potencial paleontológico de áreas passíveis de impactos ambientais de grande porte como lagos de hidrelétricas, abertura de rodovias, empreendimentos de mineração e de urbanização. 

Quanto ao viés acadêmico a montagem de coleções de referência para pesquisa, exposição, apoio a atividades de ensino e divulgação para a comunidade leiga através de exposições e montagem de coleções didáticas para o ensino médio e fundamental só é possível através do desenvolvimento de projetos de pesquisa que contemplem a identificação de sítios paleontológicos e o desenvolvimento de pesquisas sistemáticas com coletas segundo metodologias apropriadas para cada tipo de fóssil, uma vez que em função da legislação vigente no Brasil é vedada a aquisição de fósseis (MELO et al., 2003). Coleções montadas através de pesquisas sistemáticas são também fundamental para a realização de intercâmbio de material entre instituições científicas possibilitando abranger registros fósseis de ocorrência restrita ou ausentes em áreas de cerrados.