445
SOCIEDADE PSIQUIATRIZADA AVANÇADA: MOVIMENTOS SOCIAIS CONTRA A PSIQUIATRIZAÇÃO NA ATUALIDADE
2020/1 até 2022/2
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
GRUPO DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA LOUCURA
Loucura, crime e história do direito
EDUARDO SUGIZAKI
Objetivo Geral
A presente pesquisa visa o levantamento ideológico dos movimentos e organizações sociais contemporâneos de confrontação com a psiquiatrização, através da documentação pública que eles oferecem sobre si mesmos e sobre os saberes e ciências de que se servem para fundar suas contestações e reivindicações, com o propósito de dar visibilidade a um movimento internacional de resistência à psiquiatrização avançada que se enraizou nos diversos contextos institucionais na atualidade.
Objetivos específicos
• Realizar um levantamento histórico e epistomológico dos movimentos contrários a psiquiatrização, na atualidade, e dos saberes que eles mobilizam
• Fornecer informações históricas, sujeitos que reuniram, época e alcance de cada movimento localizado.
• Apresentar as principais prática desenvolvidas pelos movimentos contrários à psiquisatrização;
• Apresentar e caracterizar os movimentos brasileiros ou presentes no Brasil: “Stop DSM” – Espanha, Itália, Argentina, França e Brasil; Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade – Brasil;
• Apresentar e caracterizar os seguintes movimentos estrangeiros: “Forum Infancias – Red Federal” – Argentina; “Forum Latinoamericano sobre Patologización de la Vida”; “Espai Freud” – Espanha; “La Campagna Giú le Mani dai Bambini” – Itália; “Pasde0deconduite” – França.
A relevância do conflito entre a psiquiatrização e os movimentos de resistência a ela está claramente anunciada no conceito de sociedade psiquiatrizada avançada. A normalização dos comportamentos é um dos impositivos mais significativos de um andamento global das sociedades modernas à produção cumulativa de bens.
O filósofo Martin Heidegger (2002) explicitou com agudeza essa situação, no seu ensaio A essência da técnica. Michel Foucault (1987), no livro Vigiar e punir, mostrou como o projeto do panóptico de Jeremy Bentham explicitou o modelo de sociedade de vigilância total que se torna necessária à acumulação produtivista. Pierre Clastres (1978), no ensaio Sociedade contra o Estado, desenha antropologicamente a principal oposição entre a nossa sociedade e aquelas ditas “sem história” como diferença entre sociedades que visam a acumulação e as que não visam.
Assim, a sociedades de acumulação são aquelas que passaram a exigir uma normalização geral dos comportamentos humanos para sua submissão às necessidades cumulativas. Essa normalização geral se tornou possível através de uma constituição da subjetividade e docilização dos corpos, que se garante pela vigilância total dos comportamentos. A psiquiatrização é um dos conjuntos de práticas disciplinares, um que usa um mascaramento médico, com ou sem investimento farmacêutico ou quimioterápico, e que atua sobre a subjetividade, os comportamentos e os corpos para garantir a normalização.
A relevância da investigação decorre do vulto do investimento social e histórico que está em jogo no processo.
Enquanto a segunda metade do século XX conheceu o movimento antipsiquiátrico e o movimento antimanicomial, o século XX tem conhecido um pulular de movimentos contra a psiquiatrização que têm características muito mais múltiplas e dispersas. São menos utópicos que os movimentos do século XX e estão mais focados numa grande resistência à ampliação das entidades nosológicas da psiquiatria, contra as alianças do saber psiquiátrico com o pedagógico para a vigilância da normalidade comportamental das populações através da escola e de outras instituições educacionais.
Praticamente, não há país ocidental onde não existam movimentos sociais contra a psiquiatrização organizados em âmbito nacional. Todos eles estão presentes e publicam sua documentação em ambiente virtual, meio pelo qual também realizam sua propaganda e massificação e sua articulação política.
É nesse ambiente virtual que se torna disponível toda a documentação pública desses movimentos, bem como as referências aos saberes e ciências que lhes dão embasamento. É essa documentação pública dos movimentos sociais contra a psiquiatrização que constitui o arquivo da presente pesquisa historiográfica e epistemológica.
Não será possível, entretanto, tomar contato e conhecer todos os movimentos sociais do tipo citado espalhados pelo mundo, razão pela qual fazemos um recorte explícito para nos assegurarmos de que movimentos a seguir possam ser estudados e caracterizados.
Movimentos brasileiros ou presentes no Brasil: “Stop DSM” – Espanha, Itália, Argentina, França e Brasil; Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade – Brasil.
Movimentos de outros países: “Forum Infancias – Red Federal” – Argentina; “Forum Latinoamericano sobre Patologización de la Vida”; “Espai Freud” – Espanha; “La Campagna Giú le Mani dai Bambini” – Itália; “Pasde0deconduite” – França.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
---|---|---|---|---|
EDUARDO SUGIZAKI
Email: eduardosugizaki@gmail.com |
Coordenador | Líder | [professor] | [doutor] |
SELMA REGINA GOMES
Email: psicoreg@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador Externo | [externo, externo] | [doutor, doutor] |