Detalhes do Projeto de Pesquisa

SOCIEDADE PSIQUIATRIZADA AVANÇADA: MOVIMENTOS SOCIAIS CONTRA A PSIQUIATRIZAÇÃO NA ATUALIDADE

Dados do Projeto

445

SOCIEDADE PSIQUIATRIZADA AVANÇADA: MOVIMENTOS SOCIAIS CONTRA A PSIQUIATRIZAÇÃO NA ATUALIDADE

2020/1 até 2022/2

ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES

GRUPO DE PESQUISA EM HISTÓRIA DA LOUCURA

Loucura, crime e história do direito

EDUARDO SUGIZAKI

Resumo do Projeto

No contexto da pesquisa sobre a história da loucura, este projeto visa analisar os movimentos de resistência à psiquiatrização avançada, ou seja, aquela que se processa desde a década de 1960 com dois processos simultâneos em âmbito ocidental: a desmontagem de alguns asilos psiquiátricos e o avanço da psiquiatria para fora dos muros do asilo e em direção ao conjunto da sociedade, com destaque para o universo infantil, feminino, sobre as periferias marginalizadas da vida urbana e sobre os movimentos sociais de resistência.

Objetivos


Objetivo Geral 

A presente pesquisa visa o levantamento ideológico dos movimentos e organizações sociais contemporâneos de confrontação com a psiquiatrização, através da documentação pública que eles oferecem sobre si mesmos e sobre os saberes e ciências de que se servem para fundar suas contestações e reivindicações, com o propósito de dar visibilidade a um movimento internacional de resistência à psiquiatrização avançada que se enraizou nos diversos contextos institucionais na atualidade. 

Objetivos específicos

•           Realizar um levantamento histórico e epistomológico dos movimentos contrários a psiquiatrização, na atualidade, e dos saberes que eles mobilizam

•           Fornecer informações históricas, sujeitos que reuniram, época e alcance de cada movimento localizado.

•           Apresentar as principais prática desenvolvidas pelos movimentos contrários à psiquisatrização; 

•           Apresentar e caracterizar os movimentos brasileiros ou presentes no Brasil: “Stop DSM” – Espanha, Itália, Argentina, França e Brasil; Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade – Brasil;

•           Apresentar e caracterizar os seguintes movimentos estrangeiros: “Forum Infancias – Red Federal” – Argentina; “Forum Latinoamericano sobre Patologización de la Vida”; “Espai Freud” – Espanha; “La Campagna Giú le Mani dai Bambini” – Itália; “Pasde0deconduite” – França.

Justificativa

            A relevância do conflito entre a psiquiatrização e os movimentos de resistência a ela está claramente anunciada no conceito de sociedade psiquiatrizada avançada. A normalização dos comportamentos é um dos impositivos mais significativos de um andamento global das sociedades modernas à produção cumulativa de bens. 

O filósofo Martin Heidegger (2002) explicitou com agudeza essa situação, no seu ensaio A essência da técnica. Michel Foucault (1987), no livro Vigiar e punir, mostrou como o projeto do panóptico de Jeremy Bentham explicitou o modelo de sociedade de vigilância total que se torna necessária à acumulação produtivista. Pierre Clastres (1978), no ensaio Sociedade contra o Estado, desenha antropologicamente a principal oposição entre a nossa sociedade e aquelas ditas “sem história” como diferença entre sociedades que visam a acumulação e as que não visam.

            Assim, a sociedades de acumulação são aquelas que passaram a exigir uma normalização geral dos comportamentos humanos para sua submissão às necessidades cumulativas. Essa normalização geral se tornou possível através de uma constituição da subjetividade e docilização dos corpos, que se garante pela vigilância total dos comportamentos. A psiquiatrização é um dos conjuntos de práticas disciplinares, um que usa um mascaramento médico, com ou sem investimento farmacêutico ou quimioterápico, e que atua sobre a subjetividade, os comportamentos e os corpos para garantir a normalização.  

            A relevância da investigação decorre do vulto do investimento social e histórico que está em jogo no processo. 

            Enquanto a segunda metade do século XX conheceu o movimento antipsiquiátrico e o movimento antimanicomial, o século XX tem conhecido um pulular de movimentos contra a psiquiatrização que têm características muito mais múltiplas e dispersas. São menos utópicos que os movimentos do século XX e estão mais focados numa grande resistência à ampliação das entidades nosológicas da psiquiatria, contra as alianças do saber psiquiátrico com o pedagógico para a vigilância da normalidade comportamental das populações através da escola e de outras instituições educacionais. 

            Praticamente, não há país ocidental onde não existam movimentos sociais contra a psiquiatrização organizados em âmbito nacional. Todos eles estão presentes e publicam sua documentação em ambiente virtual, meio pelo qual também realizam sua propaganda e massificação e sua articulação política. 

            É nesse ambiente virtual que se torna disponível toda a documentação pública desses movimentos, bem como as referências aos saberes e ciências que lhes dão embasamento. É essa documentação pública dos movimentos sociais contra a psiquiatrização que constitui o arquivo da presente pesquisa historiográfica e epistemológica. 

            Não será possível, entretanto, tomar contato e conhecer todos os movimentos sociais do tipo citado espalhados pelo mundo, razão pela qual fazemos um recorte explícito para nos assegurarmos de que movimentos a seguir possam ser estudados e caracterizados. 

Movimentos brasileiros ou presentes no Brasil: “Stop DSM” – Espanha, Itália, Argentina, França e Brasil; Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade – Brasil.

Movimentos de outros países: “Forum Infancias – Red Federal” – Argentina; “Forum Latinoamericano sobre Patologización de la Vida”; “Espai Freud” – Espanha; “La Campagna Giú le Mani dai Bambini” – Itália; “Pasde0deconduite” – França.

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
EDUARDO SUGIZAKI
Email: eduardosugizaki@gmail.com
Coordenador Líder [professor] [doutor]
SELMA REGINA GOMES
Email: psicoreg@gmail.com
Pesquisador Pesquisador Externo [externo, externo] [doutor, doutor]