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MODELAGEM MOLECULAR DE MARCADORES DE PLANTAS MEDICINAIS E ALVOS BIOLÓGICOS DE INTERESSE FARMACÊUTICO
2017/1 até 2020/1
ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA
PROSPECÇÃO DE ATIVIDADES BIOLÓGICAS DE PRODUTOS NATURAIS
Pesquisa de produtos naturais
VINICIUS BARRETO DA SILVA
A proposta de projeto apresentada tem como objetivo geral o estudo in silico da bioatividade de marcadores químicos presentes em plantas medicinais encontradas no bioma cerrado, com o intuito de fornecer fundamentação científica em prol desenvolvimento tecnológico de novos produtos de interesse farmacêutico. Os objetivos específicos da presente proposta são:
- Realizar levantamento bibliográfico para identificar quais espécies vegetais provenientes do bioma cerrado apresentam marcadores químicos já definidos e caracterizados quimicamente.
- Realizar levantamento das informações a respeito da bioatividade dos marcadores químicos em bases de dados de substâncias bioativas.
- Realizar a modelagem molecular das estruturas químicas tridimensionais dos marcadores das espécies vegetais.
- Propor o espectro de atividade biológica dos marcadores a partir das propriedades químicas das moléculas de interesse através dos princípios de similaridade química, modelagem por farmacóforo e docagem molecular.
- Direcionamento das espécies vegetais para experimentos biológicos in vivo e in vitro para validação das atividades biológicas propostas para os marcadores químicos das espécies vegetais.
O Brasil é reconhecido como o país detentor da maior biodiversidade do mundo, o que, aliado a uma rica diversidade étnica e cultural, proporciona o acúmulo de uma vasta matriz de conhecimentos populares associada ao uso de plantas medicinais. Está na raiz da cultura brasileira a tradição do uso de produtos naturais, seja na culinária, agricultura ou, inclusive, terapeuticamente. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, publicada em 2006, como ato de reconhecimento da identidade brasileira, mostrou-se um grande avanço para a melhora dos serviços públicos de saúde no Brasil, sobretudo o acesso ao medicamento, introduzindo no Sistema Único de Saúde (SUS) conceitos que permitem a aplicação do conhecimento de plantas medicinais no auxílio ao tratamento de doenças.
Apesar da implementação de várias políticas públicas voltadas para saúde a partir da criação do SUS, o acesso ao medicamento ainda é um grande desafio para o Brasil. Boing e colaboradores (2013), a partir de estudo realizado com usuários do SUS, relataram que cerca de 45% dos pacientes, naquela ocasião, tiveram acesso pleno e gratuito a todos os medicamentos prescritos. Da parcela restante, cerca de 78% adquiriram os medicamentos no setor privado. Os demais não adquiriram os medicamentos prescritos, sendo que metade destes relatou que não tinha condições financeiras para adquiri-los.
A importância de uma política voltada para o desenvolvimento de ciência e tecnologia na área de plantas medicinais é crucial para um país onde uma grande parcela da população não tem acesso adequado aos medicamentos, lembrando que grande parte das matérias-primas utilizadas para fabricar os medicamentos chega ao Brasil através de importação, o que associado às condições de logística e infraestrutura nacional, encarecem um bem extremamente importante para o setor de saúde, o medicamento. A consolidação de uma política de desenvolvimento de medicamentos nacionais, aproveitando as potencialidades da biodiversidade da flora brasileira, aliada ao fortalecimento de grupos de pesquisa em fitofarmácia em centros de Ensino e Pesquisa emergentes, como a Pontifícia Universidade Católica de Goiás, é uma alternativa para baratear os custos de acesso aos medicamentos no Brasil.
O presente projeto surge em um momento ímpar da história nacional, em que diversas discussões vêm à tona a respeito da utilização de produtos de origem natural de maneira sustentável para a geração de inovação em áreas estratégicas no Brasil, como o desenvolvimento de produtos de interesse farmacêutico. Muitas plantas medicinais já são utilizadas terapeuticamente com certa efetividade no SUS, destacando a RENISUS (Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS), que foi lançada em 2009 pelo Ministério da Saúde e conta com 71 espécies vegetais já utilizadas nos serviços estaduais e municipais de saúde. Tais espécies foram selecionadas de acordo com o seu potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e gerar produtos de interesse ao SUS (AGÊNCIA DA SAÚDE, 2012).
Apesar do rigoroso critério utilizado para selecionar as espécies vegetais que compõe a RENISUS, incluindo a avaliação da medicina tradicional e popular aliada à interpretação dos dados farmacológicos disponíveis para cada espécie na literatura, Verissimo e colaboradores (2011) relatam que para cerca de metade das espécies vegetais da RENISUS não existem informações a respeito de sua toxicidade, o que dificulta, por exemplo, a identificação de possíveis efeitos adversos e interações medicamentosas, bem como o desenvolvimento de estratégias de manejo para minimizá-los. Neste contexto, existe muito ainda a ser feito para qualificar os dados que subsidiem o uso terapêutico seguro e efetivo de tais espécies vegetais. Assim, torna-se necessário criar certo grau de embasamento científico que sustente com maior propriedade o emprego de tais espécies vegetais na prática clínica e que permita, inclusive, a descoberta de novas aplicações terapêuticas ainda desconhecidas, como sugerido na presente proposta.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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LEONARDO LUIZ BORGES
Email: leonardo.cbb@pucgoias.edu.br |
Pesquisador | Líder | [professor] | [doutor] |
VINICIUS BARRETO DA SILVA
Email: viniciusbarreto.farmacia@gmail.com |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |