Detalhes do Projeto de Pesquisa

MODELAGEM MOLECULAR DE MARCADORES DE PLANTAS MEDICINAIS E ALVOS BIOLÓGICOS DE INTERESSE FARMACÊUTICO

Dados do Projeto

435

MODELAGEM MOLECULAR DE MARCADORES DE PLANTAS MEDICINAIS E ALVOS BIOLÓGICOS DE INTERESSE FARMACÊUTICO

2017/1 até 2020/1

ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA

PROSPECÇÃO DE ATIVIDADES BIOLÓGICAS DE PRODUTOS NATURAIS

Pesquisa de produtos naturais

VINICIUS BARRETO DA SILVA

Resumo do Projeto

O Brasil é reconhecido como detentor de parcela significativa da biodiversidade mundial, o que somado a uma ampla diversidade étnica e cultural permite o acúmulo de um extenso conjunto de conhecimentos populares, sobretudo em relação ao emprego de plantas medicinais. Entretanto, grande parte do conhecimento popular e tradicional carece de comprovações científicas, permitindo que uma parcela significativa destes conhecimentos seja empregada apenas no campo do empirismo. Assim, existe a necessidade de desenvolvimento de estudos que forneçam sustentação científica para o uso racional, seguro e efetivo de plantas medicinais e de seus produtos, principalmente após a criação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, lançada em 2006, culminando com a divulgação da RENISUS (Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS) como instrumento efetivo para auxiliar no tratamento das condições epidemiológicas mais comuns no Brasil. Na área de química medicinal, dentre as inúmeras técnicas in silico de estudo de bioatividade, destaca-se a docagem molecular, uma estratégia que visa simular o modo de ligação de moléculas orgânicas, como por exemplo marcadores químicos de plantas medicinais, com a estrutura tridimensional de alvos terapêuticos importantes no contexto da farmacologia. Com a aplicação da docagem molecular é possível estimar o espectro de atividade biológica de marcadores químicos, demonstrando evidências moleculares do conjunto de alvos biológicos de interesse farmacêutico que podem ser modulados por um grupo de marcadores de espécies vegetais estruturalmente relacionados. Neste contexto, é proposto o estudo in silico do espectro de atividade biológica dos marcadores químicos das plantas medicinais encontradas no bioma cerrado, com o intuito de aprofundar conhecimentos a respeito de suas aplicações terapêuticas e mecanismos de efeitos terapêuticos e tóxicos, ajudando a qualificar as informações pertinentes para o uso racional e estimulo ao desenvolvimento de produtos farmacêuticos.

Objetivos

A proposta de projeto apresentada tem como objetivo geral o estudo in silico da bioatividade de marcadores químicos presentes em plantas medicinais encontradas no bioma cerrado, com o intuito de fornecer fundamentação científica em prol desenvolvimento tecnológico de novos produtos de interesse farmacêutico. Os objetivos específicos da presente proposta são:

- Realizar levantamento bibliográfico para identificar quais espécies vegetais provenientes do bioma cerrado apresentam marcadores químicos já definidos e caracterizados quimicamente.

- Realizar levantamento das informações a respeito da bioatividade dos marcadores químicos em bases de dados de substâncias bioativas.

- Realizar a modelagem molecular das estruturas químicas tridimensionais dos marcadores das espécies vegetais.

- Propor o espectro de atividade biológica dos marcadores a partir das propriedades químicas das moléculas de interesse através dos princípios de similaridade química, modelagem por farmacóforo e docagem molecular.

- Direcionamento das espécies vegetais para experimentos biológicos in vivo e in vitro para validação das atividades biológicas propostas para os marcadores químicos das espécies vegetais.

Justificativa

        O Brasil é reconhecido como o país detentor da maior biodiversidade do mundo, o que, aliado a uma rica diversidade étnica e cultural, proporciona o acúmulo de uma vasta matriz de conhecimentos populares associada ao uso de plantas medicinais. Está na raiz da cultura brasileira a tradição do uso de produtos naturais, seja na culinária, agricultura ou, inclusive, terapeuticamente. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, publicada em 2006, como ato de reconhecimento da identidade brasileira, mostrou-se um grande avanço para a melhora dos serviços públicos de saúde no Brasil, sobretudo o acesso ao medicamento, introduzindo no Sistema Único de Saúde (SUS) conceitos que permitem a aplicação do conhecimento de plantas medicinais no auxílio ao tratamento de doenças.

        Apesar da implementação de várias políticas públicas voltadas para saúde a partir da criação do SUS, o acesso ao medicamento ainda é um grande desafio para o Brasil. Boing e colaboradores (2013), a partir de estudo realizado com usuários do SUS, relataram que cerca de 45% dos pacientes, naquela ocasião, tiveram acesso pleno e gratuito a todos os medicamentos prescritos. Da parcela restante, cerca de 78% adquiriram os medicamentos no setor privado. Os demais não adquiriram os medicamentos prescritos, sendo que metade destes relatou que não tinha condições financeiras para adquiri-los.

         A importância de uma política voltada para o desenvolvimento de ciência e tecnologia na área de plantas medicinais é crucial para um país onde uma grande parcela da população não tem acesso adequado aos medicamentos, lembrando que grande parte das matérias-primas utilizadas para fabricar os medicamentos chega ao Brasil através de importação, o que associado às condições de logística e infraestrutura nacional, encarecem um bem extremamente importante para o setor de saúde, o medicamento. A consolidação de uma política de desenvolvimento de medicamentos nacionais, aproveitando as potencialidades da biodiversidade da flora brasileira, aliada ao fortalecimento de grupos de pesquisa em fitofarmácia em centros de Ensino e Pesquisa emergentes, como a Pontifícia Universidade Católica de Goiás, é uma alternativa para baratear os custos de acesso aos medicamentos no Brasil.

O presente projeto surge em um momento ímpar da história nacional, em que diversas discussões vêm à tona a respeito da utilização de produtos de origem natural de maneira sustentável para a geração de inovação em áreas estratégicas no Brasil, como o desenvolvimento de produtos de interesse farmacêutico. Muitas plantas medicinais já são utilizadas terapeuticamente com certa efetividade no SUS, destacando a RENISUS (Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS), que foi lançada em 2009 pelo Ministério da Saúde e conta com 71 espécies vegetais já utilizadas nos serviços estaduais e municipais de saúde. Tais espécies foram selecionadas de acordo com o seu potencial de avançar nas etapas da cadeia produtiva e gerar produtos de interesse ao SUS (AGÊNCIA DA SAÚDE, 2012). 

        Apesar do rigoroso critério utilizado para selecionar as espécies vegetais que compõe a RENISUS, incluindo a avaliação da medicina tradicional e popular aliada à interpretação dos dados farmacológicos disponíveis para cada espécie na literatura, Verissimo e colaboradores (2011) relatam que para cerca de metade das espécies vegetais da RENISUS não existem informações a respeito de sua toxicidade, o que dificulta, por exemplo, a identificação de possíveis efeitos adversos e interações medicamentosas, bem como o desenvolvimento de estratégias de manejo para minimizá-los. Neste contexto, existe muito ainda a ser feito para qualificar os dados que subsidiem o uso terapêutico seguro e efetivo de tais espécies vegetais. Assim, torna-se necessário criar certo grau de embasamento científico que sustente com maior propriedade o emprego de tais espécies vegetais na prática clínica e que permita, inclusive, a descoberta de novas aplicações terapêuticas ainda desconhecidas, como sugerido na presente proposta.

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
LEONARDO LUIZ BORGES
Email: leonardo.cbb@pucgoias.edu.br
Pesquisador Líder [professor] [doutor]
VINICIUS BARRETO DA SILVA
Email: viniciusbarreto.farmacia@gmail.com
Coordenador Pesquisador [professor] [doutor]