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ESCOLHA EM SITUAÇÃO DE RISCO DE PAIS SOBRE EDUCAÇÃO DOS FILHOS
2019/1 até 2021/1
ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E DA SAÚDE
LABORATÓRIO DE ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
CRISTIANO COELHO
OBJETIVO GERAL E PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO
O presente trabalho investigará os efeitos de eventos hipotéticos atrasados ou prováveis no comportamento de escolha em situação de risco de métodos educacionais pelos pais relacionados a comportamentos de crianças entre sete e doze anos. O objetivo da pesquisa é investigar, através de modelos de estudo de comportamentos de escolha em situação de risco, o valor subjetivo dos pais por métodos de educação dos filhos, mais especificamente, pergunta-se: escolhas imediatas e certas por procedimentos aversivos são preferíveis a escolhas atrasadas ou prováveis com uso de procedimentos reforçadores e extinção operante? A pesquisa também investigará os efeitos da apresentação aos participantes de instruções de um Treinamento Comportamental de Pais a partir das noções de escolha, igualação e autocontrole.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Analisar o comportamento de escolha dos pais sobre métodos educacionais aos filhos a partir das noções de autocontrole e impulsividade, visando observar a relação entre métodos punitivos com consequências certas e imediatas e métodos reforçadores com consequências atrasadas e prováveis;
• Desenvolver um Treinamento Comportamental para Pais sobre princípios comportamentais a partir das concepções de escolha e igualação;
• Investigar os efeitos da apresentação de instruções do referido Treinamento Comportamental de Pais sobre o comportamento de escolha dos pais participantes sobre métodos educacionais aos filhos;
• Investigar a relação entre a escolha entre métodos educacionais e alocação temporal dos comportamentos paternos a partir do modelo de igualação;
• Analisar a conformidade dos dados de escolha dos pais com as funções matemáticas observadas na literatura sobre escolha em situação de risco;
• Observar a relação entre os parâmetros do reforço atraso e probabilidade nas escolhas dos pais;
• Comparar os dados das escolhas hipotéticas com medidas convalidadas dos instrumentos IEP e IHS, ressaltando-se que estudos indicam o IHS como preditor de autocontrole, o que permitirá a também comparação com aspectos dessa dimensão com os procedimentos de escolha e com a intervenção programados, assim como a comparação com o outro inventário em tela;
• Comparar as escolhas paternas entre os métodos educacionais aos filhos entre participantes de duas organizações sociais com públicos-alvo distintos: uma com pais considerados envolvidos na educação dos filhos, outro com pais considerados não envolvidos na educação dos filhos.
A falta de habilidades específicas por parte dos pais ao lidarem com os comportamentos de seus filhos é uma variável descrita na literatura (McMahon, 1999; Marinho, 1999) como sendo possível determinante de problemas comportamentais que ocorrem na infância e pré-adolescência. É observado que, geralmente fora dos meios acadêmicos, ignora-se quais devem ser os componentes para uma educação infantil adequada e efetiva, permanecendo a prática parental de educação dos filhos à margem da eficiência e propensa ao estabelecimento e manutenção de repertórios inadequados na criança (Marinho, 1999, p. 207).
As reclamações e questionamentos mais frequentes relacionadas a educação dos filhos estão relacionadas em saber como estabelecer limites ao comportamento infantil, como desenvolver comportamentos e atitudes que os pais consideram relevantes e como proceder quando problemas comportamentais aparecem (Marinho, 1999; Bolsoni-Silva et al., 2008; . Bochi et al., 2016). As queixas englobariam áreas como os déficits nos comportamentos acadêmicos e ocorrência de comportamentos antissociais, por exemplo.
O enfoque teórico predominante sobre o desenvolvimento e manutenção dos problemas comportamentais na infância ressalta a importância fundamental dos processos familiares de socialização (McMahon, 1999; Bolsoni-Silva & Marturano, 2002; Bolsoni-Silva et al., 2008; Pinheiro, Haase, Del Prette, Amarante, & Del Prette, 2006). Os pais são o que se pode chamar ambiente imediato dos filhos, estando tanto o comportamento da criança sob controle de seu comportamento, como o seu próprio comportamento sob o controle do da criança.
Controles aversivos foram enfatizados na explicação de problemas comportamentais sendo proposta a hipótese da coerção (Patterson et al., 1992; McMahon, 1999; Bahls, 2005). Segundo o modelo, comportamentos aversivos rudimentares como o choro instintivo do recém-nascido, que são adaptativos pois modelam rapidamente na mãe habilidades que são importantes para a sobrevivência da criança, são substituídos por habilidades sociais e verbais mais apropriadas. Contudo, várias condições podem aumentar a probabilidade da criança continuar utilizando controles aversivos. Patterson e colaboradores (1992) exemplificaram esta situação com a possibilidade dos pais falharem em estabelecer comportamentos pró-sociais apropriados em seus filhos e continuarem respondendo ao controle coercitivo da criança. Outro aspecto ressaltado pelos autores é a desobediência excessiva que, por sua vez, constitui formas de desenvolvimento de comportamentos-problema. Essa falha em estabelecer comportamentos pró-sociais pode levar a eventos antissociais, definidos como a apresentação, no caso pela criança, de estímulos aversivos contingentes ao comportamento de outras pessoas, principalmente da família (Marinho, 1999; p. 208; Pinheiro et al., 2006). Alguns exemplos citados são: lamuriar-se, gritar, provocar, ameaçar, bater, desobedecer, dar birra e coagir.
Através dos estudos sobre igualação, Rachlin (2009) define impulsividade como a escolha entre a alternativa mais imediata e de menor magnitude (SS- Smaller and Sonner) em relação a outra alternativa, mais atrasada e de maior magnitude (LL- Larger and Later), autocontrole, por sua vez, seria a escolha da alternativa LL envolvendo espera. Os dados da literatura indicam, por exemplo, que a preferência pelo reforçador SS só se dá quando este se torna mais próximo temporalmente, ou seja, em condição em que ambos reforçadores estiveram com atraso maiores, mais distantes temporalmente, o organismo escolhia o reforçador mais atrasado e de maior magnitude. Ocorre, portanto, uma reversão da escolha. De acordo com os achados, na medida em que o organismo é confrontado com a imediaticidade de um reforçador menor aquele tende a escolher este, sendo a reversão descrita pela função hiperbólica derivada da igualação (Mazur, 1987). Nota-se que se tratam de curvas derivadas de estudos experimentais, portanto empíricas.
Dessa forma, partindo da possibilidade de análise dos controles do comportamento de escolha dos pais sobre métodos educacionais dos filhos se dá através das noções de escolha, impulsividade e autocontrole propostas na análise do comportamento, o presente estudo objetiva investigar os efeitos de eventos hipotéticos atrasados ou prováveis no comportamento de escolha em situação de risco de métodos educacionais pelos pais a partir do questionamento se escolhas imediatas e certas por procedimentos aversivos são preferíveis à escolhas atrasadas ou prováveis com uso de procedimentos reforçadores e extinção operante.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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CRISTIANO COELHO
Email: cristiano@pucgoias.edu.br |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |