O estado hipercatabólico provocado por doenças propicia a piora do estado nutricional e é potencializado com o longo tempo de hospitalização, idade superior a 60 anos, perda de peso, sintomas gastrointestinais, disfagia, anorexia, os quais afetam ainda de forma significativa, a ingestão adequada de alimentos e nutrição (FRAGAS; OLIVEIRA, 2016). Pacientes internados constantemente encontram-se em estado hipermetabólico caracterizado por uma fase crítica para a preservação da função orgânica, reparo tecidual e fornecimento de substratos ao sistema imunológico (OLIVEIRA et al., 2010). Sendo um dos maiores obstáculos o suporte nutricional nos pacientes hospitalizados em estado hipercatabólico, a terapia nutricional enteral (TNE) é a mais utilizada, sendo conduta de primeira escolha por ser a mais fisiológica e quando a ingestão via oral não é possível ou é inadequada (NUNES et al., 2011). A TNE constitui-se uma via alternativa de alimentação para indivíduos que possuem trato gastrointestinal total ou parcialmente funcionante, mas que a ingestão oral esteja inferior a dois terços (67%) das necessidades diárias nutricionais durante 5 dias consecutivos, sem expectativa de melhoria da ingestão. (CUPPARI, 2006; CERVO et al., 2014; TOUSSAINT et al., 2015). Os efeitos da TNE são notórios e estão relacionados à prevenção da atrofia e manutenção da mucosa intestinal, modulação da resposta imune e prevenção da translocação de microrganismos patogênicos no intestino, menor morbidade associada, e resulta em redução de custos diretos e indiretos (DISARIO, 2006; WINKLER; MALONE, 2010, ISIDRO, 2012; BICUDO-SALOMÃO, 2013). Entretanto, durante a administração podem ocorrer situações que interferem na oferta planejada de nutrientes causando a suspensão da dieta (ISIDRO, 2012; BICUDO-SALOMÃO, 2013). Nesse sentido, no âmbito hospitalar a monitorização diária da oferta nutricional torna-se essencial, com o intuito de garantir ao paciente a adequada administração de nutrientes e a eficácia da TNE. Assim, a utilização de indicadores de qualidade é uma estratégia que têm sido aplicada nas instituições tanto para identificações dos eventos adversos relacionados a TNE, quanto aos aspectos relacionados segurança do paciente, visando melhorar a qualidade da assistência clinica nutricional e consequentemente a redução de custos e tempo de internação. Além disso, os indicadores de qualidade podem direcionar as atividades dos profissionais durante todas as etapas e trazer uma resposta da efetividade de um determinado processo e do quão próximo está do objetivo final (WAITZBERG, 2008; CERVO et al.,2014; LUZ; MEZZOMO, 2015). O uso de indicadores de qualidade no ambiente hospitalar designa um instrumento eficiente para controle do nível do serviço oferecido e permite que a monitorização mantenha um mesmo parâmetro para comparabilidade ao longo do tempo (PENA et al., 2006).

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a adequação de calorias e proteínas e fatores associados em pacientes com TNE internados em Unidades de Terapia Intensiva em Hospital de Urgências de Goiânia.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Caracterizar o perfil demográfico, clínico e bioquímico da população em estudo;

- Identificar o risco nutricional do paciente na admissão;

- Identificar o estado nutricional do paciente em uso de TNE;

- Analisar os seguintes indicadores de qualidade relativos à prescrição e administração da TNE: Frequência de TNE precoce (nutrição enteral precoce); Frequência de pacientes em jejum antes do início da TNE; Frequência de medida ou estimativa de gasto energético e necessidade de proteína em TNE; Frequência de jejum digestório por mais de 24 horas em pacientes em TNE; Frequência de saída inadvertida de sonda de NE em pacientes em TNE; Frequência de obstrução de sonda de nutrição em pacientes em TNE; Frequência de pacientes com volume de NE maior que 70%; Frequência de dias de administração adequada de calorias em pacientes em TNE; Frequência de dias de administração adequada de proteínas em pacientes em TNE; Frequência de diarreia em pacientes em TNE; Frequência de pacientes com resíduo gástrico elevado em TNE; Frequência de episódios de obstipação em pacientes em TNE; Frequência de episódios de distensão abdominal em pacientes em TNE; Frequência de outras intercorrências relacionadas à administração de nutrição enteral.

Tendo em vista este cenário, o presente trabalho justifica-se pela necessidade de um diagnóstico situacional relacionado a TNE na instituição hospitalar a fim de monitorar a prescrição e a real administração da nutrição enteral, tendo em vista a identificação dos potenciais fatores que podem impossibilitar o alcance da meta calórica prescrita. 

A monitoração diária da terapia nutricional enteral é essencial, pois permite que estratégias sejam estabelecidas para aumentar a eficiência da terapia nutricional e, consequentemente, melhorar a qualidade na assistência nutricional. Nesse contexto, os indicadores de qualidade são aplicados nas instituições, a fim de garantir a eficiência nas rotinas diárias, redução de custos, maior capacidade de análise de processos e principalmente, melhores resultados clínicos e de qualidade de vida para o indivíduo.