Introdução: a prevenção de doenças cardiovasculares deve iniciar na infância, sendo assim a escola é um ambiente propício para esse fim. Uma das formas de avaliar o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e lesão de órgãos-alvo é a avaliação da rigidez arterial que pode ser estimada pela velocidade de onda de pulso obtida por meio da verificação da pressão central. Não existem valores de normalidade definidos de velocidade de onda de pulso para adolescentes brasileiros e os estudos sobre a associação de fatores sociodemográficos e de estilo de vida com aumento da rigidez arterial são escassos. Objetivo: identificar os valores de normalidade da velocidade de onda de pulso e os fatores associados à rigidez arterial em adolescentes brasileiros de escolas públicas. Método: será avaliada uma amostra representativa de adolescentes de 10 a 19 anos da cidade de Goiânia, matriculados nas escolas que fazem parte da Coordenação Regional de Educação de Goiânia da rede estadual de educação no ano de 2020. Serão empregados questionários sobre: aspectos sociodemográficos, estilo de vida, atividade física, capacidade funcional, avaliação antropométrica, maturação sexual, consumo alimentar e avaliação da composição corporal. Os valores de referência serão determinados de acordo com o valor da pressão arterial sistólica e diastólica. Serão utilizados testes estatísticos de comparação, correlação e associação. A coleta será dividida em três partes: uma em formulário eletrônico, encaminhada para os estudantes por meio de instrumento utilizado para aulas remotas de cada escola, a segunda por contato telefônico e a última presencialmente durante visita a domicílio. Nesta última parte serão aplicados os testes e instrumentos que não poderão ser realizados a distância. Resultados esperados: espera-se com o estudo definir valores de referência para a velocidade de onda de pulso em adolescentes brasileiros e estabelecer os fatores associados ao aumento da rigidez arterial para adolescentes. À partir dos resultados referentes aos fatores associados à rigidez arterial, estratégias de promoção de saúde poderão ser mais assertivas, fundamentadas em instrumentos de fácil aplicação e baixo custo (questionários e avaliações simples) que podem ser aplicados por qualquer profissional da saúde e implementados tanto no Programa de Saúde na Escola, quanto no Programa de Saúde da Família e outros programas constituintes do Sistema Único de Saúde. Os valores de referência da pressão central poderão ser utilizados de forma imediata nos níveis de assistência de média e alta complexidade e futuramente na baixa complexidade. Essa medida pode avaliar o risco de doenças cardiovasculares e lesões de órgãos alvo que são importantes para reduzir a morbimortalidade e efetivação de tratamentos mais resolutivos e menos onerosos para o sistema único de saúde e para a população.

Objetivo geral

Identificar os valores de normalidade da velocidade de onda de pulso e os fatores associados à rigidez arterial em adolescentes brasileiros.
 
Objetivos específicos

•        Identificar a associação entre o aumento da rigidez arterial com as variáveis sociodemográficas, de estilo de vida, uso de redes sociais, tempo de tela e exames laboratoriais;
•        Avaliar a associação do aumento da rigidez arterial com o perfil lipídico e glicêmico;
•        Verificar a associação entre a velocidade de onda de pulso (VOP) com a massa corporal, estatura, índice de massa corporal, altura troncocefálica, comprimento de membros (superior e inferior), idade, nível de atividade física, tempo de tela e maturação sexual;
•        Comparar o perfil lipídico e a glicemia entre adolescentes com e sem excesso de massa corporal;
•        Verificar associação entre o perfil lipídico e a glicemia com fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV);
•        Identificar a associação entre o perfil geral de saúde dos adolescentes com as práticas de prevenção à Covid-19;
•        Verificar se comportamentos relacionados ao uso das redes sociais, tempo de tela e distúrbios alimentares apresentam associação com a percepção da imagem corporal.

Atualmente vivenciamos um ambiente de rápidas alterações no mundo. A saúde humana tem sido fortemente influenciada por vários fatores, como o envelhecimento demográfico, a rápida urbanização, a industrialização e a globalização de estilos de vida pouco saudáveis. Todas essas alterações contribuem para o aumento da prevalência dos fatores de risco cardiovasculares (FRCV) e de doenças cardiovasculares (DCV).
Acredita-se que a prevenção primária das doenças cardiovasculares deva começar na infância; particularmente nas escolas, que são um ambiente propício para promoção da saúde com ênfase na importância do consumo de dietas saudáveis, o incentivo e a manutenção da prática de atividade física. No Brasil, o Programa Saúde na Escola (PSE), instituído em 2007 é uma tentativa de concretizar a promoção da saúde aliada à educação (BRASIL, 2007).
Pensando no envelhecimento populacional e em uma velhice mais saudável e funcional, é fundamental o levantamento e o monitoramento de comportamentos de risco entre os jovens para a prevenção de futuros casos de doenças cardiovasculares e de mortes evitáveis.
Dentre os monitoramentos relacionados aos FRCV e DCV usualmente aplicados nos hospitais e unidades básicas de saúde, está a pressão arterial, obtida por meio da aferição casual, com utilização de aparelhos do tipo coluna de mercúrio, aneróides ou semi-automáticos. No entanto, mais recentemente, novos métodos não-invasivos têm possibilitado a estimativa da rigidez arterial, reconhecida como marcador precoce e mais eficaz de mortalidade e morbidade cardiovascular do que a pressão arterial periférica.
A rigidez arterial pode ser estimada pela medida central da pressão arterial por meio da velocidade de onda de pulso (VOP) que é considerada um parâmetro para a avaliação do risco cardiovascular precoce ou para monitoramento de doenças já instaladas (LAURENT, 2006). A VOP avalia a rigidez arterial e seus valores normais que dependem da pressão arterial sistólica (PAS) e da pressão arterial diastólica (PAD) estão bem definidos para adultos, mas não para adolescentes.
Além de não terem sido estabelecidos valores de referência para a VOP em adolescentes, poucos estudos avaliaram a associação entre a rigidez arterial com fatores sociodoemográficos e de estilo de vida nesta população.
Desta forma, este estudo contribuirá com o estabelecimento de valores normais para a VOP em adolescentes e com a avaliação das associações do aumento da rigidez arterial com as variáveis sociodemográficas, de estilo de vida e laboratoriais. A partir destas constatações espera-se que a verificação da VOP seja aplicada em hospitais, em unidades básicas de saúde, em escolas e outros ambientes permitindo, desta forma, o rastreamento, a atuação preventiva efetiva com a redução de custos com a saúde relacionados às doenças cardiovasculares.