Dentre as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), as doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causadoras de morte. Atualmente é possível utilizar biomarcadores para estratificação do risco cardiovascular e prognóstico dessas DCV. Velocidade de onda de pulso (VOP), pressão arterial sistólica central (PASc) e o Augmentation index (Alx) podem ser usadas para avaliar a rigidez arterial. A síndrome de Down (SD) pode ser conceituada como uma variação genética caracterizada pela presença de uma cópia extra do cromossomo 21 nas células gerando uma série de características específicas. Essa pesquisa pretende avaliar os valores de pressão arterial periférica e central e hemodinâmica central em adultos com SD para propor os valores de referência segundo a faixa etária e compará-los segundo sexo e excesso de peso. Ainda será verificado a existência de correlação da PA sistólica central e periférica, VOP e AIx com a idade e o índice de massa corporal. Trata-se de um estudo transversal descritivo. A amostra foi composta por 49 pessoas com SD, matriculadas em instituições de referência em Goiânia e em Anápolis, com idade entre 18 e 59 anos, de ambos os sexos, com autorização do responsável e ainda consentimento verbal do participante. Foi utilizado questionário na seleção de participantes. As variáveis antropométricas foram aferidas em balança com estadiômetro e as variáveis hemodinâmicas aferidas pelo Dyna-Mapa AOP. Os dados foram digitados em formulário no Epidata e analisados com o Stata, versão 14.0. Foi aplicado teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade. Nas comparações foram utilizados o teste t e o teste de U Mann-Whitney. As correlações foram feitas com o teste de Spearman e classificadas em fracas, moderadas, fortes e muito fortes. Adotou-se para todas as análises um valor de p <0,05. Os valores de PA periférica de pessoas com SD foram classificados como ótimos e os de PA central e VOP estão abaixo da população sem SD e sem fator de risco cardiovascular (FRCV) classificados por faixa etária. Valores do AIx ficaram semelhantes à população típica do sexo feminino da mesma faixa etária e sem FRCV. Os homens apresentaram PA, tanto central como periférica, mais altos que as mulheres. A PASp e PASc apresentaram correlação com o IMC e a VOP com a idade.

Geral

• Verificar valores da velocidade de onda de pulso em população com síndrome de Down.

Específicos

• Verificar se existe concordância entre os valores obtidos em população com SD com valores de referência da velocidade de onda de pulso para a população típica;
• Avaliar variáveis hemodinâmicas centrais e periféricas como pressão arterial sistólica; pressão arterial diastólica e pressão arterial média.

No estudo proposto neste projeto destacam-se as seguintes variáveis: a VOP, a rigidez arterial e a pressão arterial. A análise destas possibilitará às pessoas com SD maior facilidade para o diagnóstico e acompanhamento de doenças associadas ao aparelho cardiovascular e a detecção precoce das doenças contribuirá de forma  expressiva para maior adesão aos tratamentos, em fase inicial e sem complicações associadas. 

Além disso, o fato da coleta de dados poder ser realizada fora de ambientes hospitalares ou unidades de saúde, apesar de exigir treinamento adequado no manuseio do equipamento, ajuda na obtenção de valores de pressão arterial mais fidedignos do valor real, sem associação com valores gerados por “hipertensão do avental branco”. As informações também poderão ser armazenadas em um banco de dados para poderem ser analisadas a qualquer momento pelo profissional de saúde que atender esse indivíduo. 

É importante destacar que até o momento, não foram encontrados estudos sobre VOP e rigidez arterial em pessoas com SD e, em particular, no estado de Goiás. Portanto, trata-se de um estudo pioneiro cujos resultados podem beneficiar esta população. Com a detecção precoce das doenças do aparelho cardiovascular os custos de tratamento podem ser reduzidos, uma vez que as intervenções serão menores e o número de complicações ou sequelas das doenças será minimizado. Ainda, os dados coletados desta população, considerada vulnerável, não podem ser substituídos pelos de outra população.