O projeto de pesquisa História Política: Estados, Poderes e Atores, levando em consideração que a nossa vida política contemporânea se encontra repleta de múltiplas mensagens carregadas de afetividade que incitam, apelam sutilmente aos sentimentos e mobilizam a sociedade, tem como proposta estudar o político e os sentimentos políticos em suas diferentes dimensões, seus autores e atores, movimentos e consequências. Os acontecimentos políticos recentes têm explicitado que o poder e a política passaram para o domínio das representações sociais e coletivas, como também se tornou evidente a necessidade de perceber suas conexões com as práticas sociais. Portanto, o diálogo com outras disciplinas e com referencial teórico-metodológico da história política renovada, agora com um outro sentido, acompanhado pelo desenvolvimento da história da mentalidade política, da sociologia, antropologia e filosofia política, procurar-se-á compreender o campo do político, incorporando em suas discussões sentimentos, representações racionais e imaginárias, mitos, o público e o privado, as sociabilidades, a memória, entre outros, para defini-lo. O projeto visa agregar pesquisadores (docentes, egressos, graduandos e mestrandos) da área de Relações Internacionais, História, Direito e outras áreas afins, que compartilham do interesse de pesquisar, estudar e problematizar tais temáticas. Nesse sentido, o projeto procurará expandir o campo de pesquisa para promover possibilidades de estudos aos componentes do grupo, com temas diversos e instigantes tais como: memória e esquecimento, mito e utopias, sentimentos e racionalidades, identidades e coletividades, narrativas históricas e políticas, público e privado, partidos políticos e eleições, guerras, instituições políticas, biografias/autobiografias, opinião pública, imaginário político, conflitos e movimentos sociais, representações, sensibilidades e práticas políticas, dentre outros campos temáticos. O projeto de pesquisa se desdobrará em três subgrupos e/ou três linhas de pesquisa, o que permitirá uma reflexão mais direcionada para os projetos de pesquisa docente e discente, agrupados em cada linha, quais sejam: 1ª ¿ Estado, Representações Políticas e Poder, 2ª ¿ Política Internacional e 3ª ¿ Trajetórias de vidas.

• Estudar, problematizar e compreender do político, por meio de ideologias, imagens, narrativas, representações e ações, como um campo de embate de ideias e interesses conflitantes; 
• Estudar, problematizar e compreender do político, por meio de ideologias, imagens, narrativas, representações e ações, como um campo de embate de ideias e interesses conflitantes;
• Interrogar as matrizes teóricas do pensamento político, seus enfoques teóricos e metodológicos, assim como as relações tecidas entre os conceitos, as representações e imaginário e suas mediações com o real;
• Perceber os jogos de inclusão e exclusão, as mensagens emocionantes e sedutoras da retórica de propagandas políticas;
• Percorrer as diferentes correntes históricas dedicadas ao estudo da política, discutindo suas matrizes teóricas e seus procedimentos analíticos e de pesquisa, apresentando um panorama dos principais debates que envolvem os estudiosos da história política em diversas áreas do conhecimento;
• Analisar várias formas discursivas – escritas e iconográficas -, as representações, a produção de imagens pelo discurso estético, político e científico, a literatura de ficção; enfim, todo um universo que compõe ao que se convencionou chamar de realidade;
• Compreender as relações estabelecidas entre a sociedade e o Estado, preocupando-se com a produção de análises sobre as instituições e seus espaços de poder, assim como a formação afetiva e simbólica de laços políticos entre grupos sociais;
• Entender o político como campo de tensões pela construção de projetos socialmente hegemônicos e, nesse sentido, investigar a participação de múltiplos agentes como: militares, diplomatas, instituições públicas e privadas, elites, sociedade civil, entre outros.

        Pierre Ansart (1983), em seus estudos sobre o político, assinala para a fraqueza das teorias racionalistas e homogeneizantes que, ao desprezarem os afetos e o irracional, marginalizam estas manifestações para o terreno do excepcional, estreitando a sua compreensão. As representações culturais, materiais, afetivas e coletivas, as mentalidades, as emoções têm para esse autor consequências sociais, e afirma que será a partir destas questões e das respostas às mesmas que se poderá melhor distinguir como os sentimentos e as paixões participam na reprodução social como nos conflitos, nas relações de poder e nas mutações da vida política.

        A partir destas observações de Ansart, podemos constatar na história recente mundial a emergência de fenômenos políticos associados às configurações dotadas de paixão, com intensidade excepcional, que parte dos afetos de terror (nazismo, stalinismo, genocídios, atentados terroristas, xenofobismo e guerras), de entusiasmo manipulados e de pulsões coletivas de aversão e imposição de novas aproximações. Portanto, as lutas políticas e os movimentos sociais do final do milênio vieram demonstrar que o político é um campo de luta entre ideias e interesses conflitantes. Fizeram-nos ver que o político é o lugar da definição sempre provisória das regras do jogo social, reafirmou-nos ser, também, o campo das ideias, imagens, representações e ações que os historiadores precisam compreender

        Enfim, este cenário tem nos imposto a necessidade de um estudo mais profundo do político, pois as teorias e modelos anteriores não têm conseguido nos dar explicações satisfatórias. É preciso considerar o caráter político de cada situação, pois cada cultura traz suas especialidades e cada conjuntura histórica, suas particularidades. Também não se pode esquecer que estas paixões políticas são coletivas, mas ao mesmo tempo, individuais e ressentidas pelo sujeito. São estas relações afetivas dinâmicas - entre sujeitos e os agrupamentos - que nos ajudarão compreender os elos entre os sujeitos e os poderes políticos, ou seja, a obediência, a permissão, as resistências e as revoltas. Serão também estes elos afetivos entre os homens de uma mesma comunidade política que nos permitirão perceber as mudanças lentas ou rápidas, as satisfações e os descontentamentos.

        Diante da valorização recente da história política e das tendências da historiografia atual devido as mudanças históricas dos últimos anos, nos planos nacional e internacional, e com o ressurgimento de temas vistos como já superados, por exemplo, os movimentos nacionalistas, regionalistas, localistas com caráter político, religioso ou ético, é que estudiosos têm nos colocado a necessidade de se retomar e se debruçar sobre a complexidade dos fenômenos políticos em suas diversas dimensões, visto que ultrapassam a racionalidade prática. E, seguindo as premissas desta História Política “renovada”, acompanhada do cultural e das representações sociais, é que propomos e justificamos o projeto de pesquisa História Política: Estados, Poderes e Atores visando agregar pesquisadores (docentes,  discentes egressos, graduandos e mestrandos) da área de Relações Internacionais, História, Direito e outras áreas afins, que compartilham do interesse de pesquisar, estudar e problematizar as relações arquitetadas entre razão, sensibilidades e paixões na tessitura do campo do político. Nessa perspectiva, o campo de pesquisa se alarga sobremaneira, abrindo para temas diversos e instigantes tais como: memória e esquecimento, mito e utopias, sentimentos e racionalidades, identidades e coletividades, narrativas históricas e políticas, público e privado, Estados, partidos políticos e eleições, guerras, instituições políticas, biografias/autobiografias, opinião pública, imaginário político, conflitos sociais, representações, sensibilidades e práticas políticas, dentre outros campos temáticos. Vale ressaltar que esse saudável alargamento somente se torna viável através do diálogo com outras disciplinas.

        Portanto, o projeto de pesquisa estará voltado à renovação historiográfica anteriormente comentada, e pretende também manter em suas pesquisas um caráter transdisciplinar para que se possa, através do diálogo com as outras áreas de conhecimento, compreender com mais propriedade a complexidade da política em suas várias representações. Nesse sentido, além de se pretender ser um campo de discussões e produções teórica e metodológica, o projeto abrigará uma variedade de recortes temporais e espaciais contemplados pelos pesquisadores que o comporão