Pode-se questionar como o tipo de procedimento pode influenciar na medida de taxa de desconto e, principalmente na função que descreve uma curva de desconto. Em geral, os procedimentos para avaliar como as pessoas escolhem nessas situações consistem, basicamente, na apresentação de pares de cartões a um mesmo participante, que deve optar por um deles. Contudo, diferentes técnicas tem sido utilizadas na tentativa de se obter valores de equivalência (ou indiferença), das quais se derivam as curvas de equivalência (ou indiferença). As principais são o (1) ajuste da quantia certa/imediata, (2) ajuste do atraso ou da probabilidade, (3) variações semi-randômicas da quantia certa/imediata e (4) apresentação simultânea de todos os pares de escolha disponíveis. Os trabalhos realizados nesta linha tem utilizado além de recompensas monetárias, recompensas não-monetárias e comparado diferentes populações e variado também com relação ao tipo de resposta requerida, diferentes níveis de renda e diferentes idades, o que dificulta uma comparação direta entre diferentes curvas de desconto. Assim, o objetivo do presente trabalho é realizar uma reanálise sistemática dos trabalhos com escolha em situação de risco, com procedimentos de metanálise, comparando o poder preditivo das funções hipérbole e potência.

Assim, o objetivo do presente trabalho é realizar uma reanálise sistemática dos trabalhos com escolha em situação de risco, com procedimentos de metanálise, comparando o poder preditivo das funções hipérbole e potência e comparando as taxas de desconto com as diferentes técnicas de apresentação da alternativas de escolha e outras variações de procedimento, como população, idades, renda, tipo de reforçador, etc.

Por isso, é fundamental que se possa compreender não apenas a taxa com que uma recompensa atrasada perde valor em função do risco, mas, principalmente, como essa recompensa perde valor. Esta compreensão está na base das diferenças entre as diferentes funções. Como a função potência não foi testada exaustivamente nestas situações, e foi apenas para dados com participantes brasileiros, é cedo para se assumir que o modelo hiperbólico é melhor na explicação/previsão deste comportamento.