Em sua gênese, o gênero narrativo dispõe do artefato literário a fim de abordar os temas pertinentes à vida humana, dando-lhes uma roupagem diversa do texto meramente histórico, mas com um arranjo estético. Assim, tanto o discurso literário quanto o histórico, coexistem pacificamente, na medida em que não possam ser considerados campos rivalizantes, mas, sim, convergentes. O progresso histórico da humanidade trouxe uma nova dimensão para o construto do gênero narrativo, pois, diante de um mundo em transformação, também a modalidade sofrera os efeitos dessa mudança. A ideia de transformação do gênero narrativo atendendo à dinâmica contemporânea suscitou duas correntes de discussão: uma que se orienta pela busca, elaboração e ordenação dos elementos estéticos; e outra que lança a reflexão sobre a incoerência de se fazer narrativas na produção contemporânea. Em paralelo, também fica evidente, nessa forma de construto, a descentralização do discurso literário. O século XX, e principalmente o que se costuma definir como pós-modernidade, ficou conhecido como o período das grandes transformações, ocorridas em diversos campos do conhecimento humano (artes, economia, política, sociedade etc.). O romance contemporâneo, como representante do gênero narrativo por excelência, aproxima-se do construto histórico, a partir da recorrência dos elementos estruturais da narrativa. Especificamente nas duas últimas décadas do século XX, verificou-se a intensificação de publicações romanescas que trazem fatos e personagens históricos para o núcleo de suas ações, já revelando uma disposição mundial, e não como um fenômeno exclusivo de algumas literaturas. Cabe, portanto, empreender estudos voltados para os aspectos estruturais da narrativa, tomando como referencial as especificidades das abordagens críticas e estéticas concernentes ao gênero narrativo.

 Objetivo Geral (ou primário) • Apresentar a fundamentação e pressupostos teóricos e críticos acerca do que se convencionou denominar de novo romance histórico. 

Objetivos Específicos (ou secundários) • Demonstrar os aspectos constitutivos do novo romance contemporâneo português. • Situar o sujeito pós-moderno como metáfora de uma “celebração móvel”. • Compreender o novo romance histórico como espaço para o exercício do experimentalismo e inovações na linguagem.

O projeto se justifica pela relevância dada, na contemporaneidade, às questões centradas em uma outra forma de ler a História oficial, a partir do artefato literário.