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IDENTIDADES NACIONAIS E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DA CORRUPÇÃO E DA HONESTIDADE EM DIFERENTES GERAÇÕES DE BRASILEIROS
2019/1 até 2021/2
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
TEORIAS DA EDUCAÇÃO E PROCESSOS PEDAGÓGICOS
Teoria histórico-cultural e práticas pedagógicas
LILA MARIA SPADONI
2.2 Objetivo geral
Investigar as Representações Sociais sobre a corrupção e a honestidade relacionando-as com as identidades nacionais e comparando grupos de diferentes gerações.
2.3 Objetivos Específicos
¿ Identificar a estrutura das Representações sociais da corrupção e da honestidade em diversos grupos de gerações diferentes.
¿ Analisar as relações entre as diferentes representações sociais identificando sua organização a partir do nível ideológico da arquitetura do pensamento social.
¿ Analisar e identificar como as diferentes representações sociais estudadas se relacionam com as múltiplas identidades nacionais brasileiras.
As representações sociais foram definidas por Rouquette (1999, p. 800) no Grand Dictionaire de la Psychologie como “uma maneira de ver, localmente e momentaneamente partilhada no seio de uma cultura, que permite assegurar a apropriação cognitiva de um aspecto do mundo e guiar as ações a seu respeito.” Elas são dinâmicas pois segundo Moscovici (2003) circulam, nascem, morrem, se atraem, se repelem e se transformam, ressignificando a realidade de hoje sem no entanto romper com a continuidade do ontem.
Nesse sentido, nos meados do século XXI, Guimelli e Rouquette (2004) afirmam que ao invés de estudar as representações sociais de forma isolada, era necessário estudar as associações entre elas identificando-as em conjuntos organizados em diferentes níveis e formas de pensamento social. A Arquitetura do Pensamento Social, proposta por Rouquette (1973) localiza as representações sociais num nível intermediário, entre conceitos menos estáveis como as opiniões e atitudes e mais estáveis como os valores, normas e tematas, sendo que estes últimos são caracterizados como pertencentes a um nível ideológico. As Representações sociais, portanto, são ancoradas no nível ideológico que as organizam em conjuntos temáticos, e dessa forma, elas geram atitudes e opiniões.
O nível ideológico segundo Rouquette (1996, p. 18) “... peut être conçue, non comme um assemblage plus ou moins organisé des contenus spécifiques qui changeraient d´une société à autre ou d´un groupe à son antagoniste, encore moins comme um ensemble de faits de langue, mais comme um répertoire générateur utilisé dans toutes les construtions sóciocognitives selon la complementarité de la cognition, de la communication et de la sociabilité.” [1]Desta forma, Rouquette caracteriza o nível ideológico como um nível fundamental para a estabilidade e coerência do pensamento social, pois ele organiza as ancoragens dos conteúdos em formatos pré-estabelecidos construídos pela humanidade no tempo longo da história.
Dentro desta perspectiva, os valores participam do nível ideológico enquanto critérios estáveis que hierarquizam as opções e permitem desta forma tanto estabelecer quanto justificar as escolhas, enquanto que as normas estabelecem regras comuns a fim de aplicar e preservar os valores. A honestidade é um valor e por isso provavelmente é uma forma de pensamento social ideológico, que atua nos processos gerais de organização dos conteúdos, operando na exclusão ou inclusão das representações sociais em determinados conjunto temáticos.
Nesse sentido, ela pode ser estudada enquanto uma temata honestidade x desosnestidade. Segundo Juarez et Rouquette (2007) as tematas são formatos epistêmicos pré-estabelecidos de origem muito antiga que existem praticamente em todas as sociedades. Guimelli (1999) afirma que as tematas são pontos de referencia para a organização de conjuntos tematicos de representações sociais. Elas compoem uma espécie de memória coletiva de longa duração que organiza os conteúdos criando classes de discursos no pensamento social, onde diferentes representações sociais se unem, se completam, se aproximam, se movimentam como num quebra cabeça onde as peças possibilitam várias manerias de encaixe possíveis.
Esse trabalho vivido nas conversações ordinárias, produz o que Moscovici e Vigneux (1994) chamam de objetos exemplares apresentados como objetos típicos que servem de modelos dos extremos de uma oposição binária tal como o justo e injusto, o bom e o mau, o honesto e o desonesto. Essas tematas, que são também valores, provavelmente organizam os processos de ancoragem das representações sociais da corrupção, bem como sua influencia nas atuais identidades nacionais brasileiras.
Segundo Deschamps e Moliner (2011) as representações sociais marcam as diferenças entre o endogrupo e o exogrupo, contribuindo para a configuração da identidade do grupo que é fundada sobre as especificidades das representações sociais que possue dos objetos e de si mesmos. Dessa forma, as representações identitárias são o fundamento do sentimento de identidade, que nesse caso, são representações identitárias intergrupais e não identidades individuais. Segundo Markus (1977) as pessoas possuem diversos esquemas de identidade que podem ou não ser ativados para explicar o conhecimento que elas possuem sobre elas mesmas. Nessa pesquisa, nos interessamos pelos esquemas que são ativados em situações públicas ou políticas, quando o brasileiro se pensa enquanto povo.
[1] Tradução livre da autora: ... pode ser concebido, não como um conjunto mais ou menos organizado de conteúdos específicos que mudam de uma sociedade para outra, ou de um grupo com seu oponente, e menos ainda como um conjunto de fatos linguísticos, mas como um repertório gerador utilizado em todas as construções sociocognitivas segundo a complementariedade da cognição, da comunicação e da sociabilidade.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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LILA MARIA SPADONI
Email: lilaspadoni@gmail.com |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |