Os anticorpos anticitoplasma de neutrófilo (ANCA) são biomarcadores séricos relevantes no diagnóstico, monitoramento e avaliação terapêutica das vasculites sistêmicas, sendo também evidenciados em outras enfermidades. São detectados por imunofluorescência indireta em neutrófilos humanos e a especificidade é confirmada por ensaio imunoenzimático ou por outros métodos de detecção. A pesquisa dos ANCA envolve complexidade técnica e de interpretação dos resultados e os procedimentos seguem as recomendações do Consenso Internacional de ANCA. Neste contexto, o presente projeto tem por objetivo avaliar como o teste de ANCA vem sendo realizado na prática laboratorial e utilizado no contexto clínico, no Brasil e em países da América Latina. Para se cumprir esse objetivo será aplicado, em serviços de saúde que utilizam a metodologia, um questionário on line estruturado que permita traçar o perfil de adesão dos serviços às recomendações de boas práticas de qualidade. Tal pesquisa será desenvolvida nos mesmos moldes do levantamento europeu, realizado no ano de 2018. Espera-se, com esses resultados, que sejam subsidiadas ações que favoreçam avanços no Consenso internacional de ANCA, com repercussões positivas no Brasil e em outros países que realizam o ensaio.

Objetivo Geral:
• Pesquisar nos serviços de saúde Brasileiros e de outros países em relação à realização da pesquisa de ANCA e interpretação dos resultados do teste.
Objetivos Específicos
• Avaliar se os laboratórios realizam o teste de pesquisa de ANCA;
• Avaliar se os laboratórios discriminam os diferentes padrões;
• Avaliar se os laboratórios realizam controle de qualidade;
• Avaliar se os laboratórios realizam quais são as metodologias utilizadas pelo serviço;
• Avaliar os aspectos técnicos relacionados ao exame;
• Avaliar se os laboratórios realizam a adesão às recomendações internacionais;
• Avaliar se os laboratórios realizam a estruturação do laudo;
• Avaliar como os clínicos interpretam os resultados

O diagnóstico das vasculites sistêmicas é um desafio clínico e a pesquisa dos ANCA é um recurso importante utilizado tanto no diagnóstico quanto na monitorização das VAA, auxiliando ainda na diferenciação de atividade e de remissão (COHEN et al., 2012; CSERNOK et al., 2014).
Em 1999 instituiu-se o Consenso Internacional para ANCA, ampliado em 2003, conjuntamente estabelecendo-se recomendações gerais para realização, interpretação e controle de qualidade do teste (SAVIGE et al., 1999; SAVIGE et al., 2003).
Recentemente Jan Damoiseaux e colaboradores (2018), preocupados com esse tema, demonstraram em 11 países da Europa substancial heterogeneidade em relação à utilização dos ANCA, com divergências das recomendações do Consenso Internacional por exemplo no uso da IFI, na aplicação dos métodos para detecção de PR3 e MPO, na interpretação dos resultados entre outras situações (DAMOISEAUX et al., 2018).
Diante da complexidade do teste, dos fatores interferentes e dos avanços tecnológicos que resultaram em variações nos kits diagnósticos e na inclusão de novos produtos no mercado, se faz necessária um estudo que defina como tal ferramenta diagnóstica e de acompanhamento vem sendo utilizada nos laboratórios de patologia clínica e pelos clínicos.