Detalhes do Projeto de Pesquisa

CIDADANIA DIGITAL: MODOS DE EXISTÊNCIA E CONECTIVIDADE

Dados do Projeto

311

CIDADANIA DIGITAL: MODOS DE EXISTÊNCIA E CONECTIVIDADE

2019/2 até 2023/2

ESCOLA DE DIREITO, NEGÓCIOS E COMUNICAÇÃO

COMUNICAÇÃO E HUMANIDADES

COMUNICAÇÃO E HUMANIDADES

DENIZE DAUDT DOS SANTOS BANDEIRA

Resumo do Projeto

O projeto de pesquisa objetiva o estudo das comunidades tradicionais e suas relações com as novas tecnologias da informação (redes digitais). Entender como esses povos fazem uso das redes na preservação e divulgação de suas culturas (memória) é fundamental na compreensão também das suas relações com o que compreendemos por espaço/tempo. Entre os objetivos da pesquisa pode-se citar também o de entender se, ao fazerem uso dessas novas possibilidades de comunicação e/ou produção de informação, os povos tradicionais ampliam seus direitos, e, consequentemente, sua cidadania, pensada aqui em uma perspectiva que estrapola o local enquanto espaço físico, ganhando novo sentido no meio digital (cidadania digital). A cidadania digital faz sentido quando se pensa as redes digitais como espaço favorável ao ativismo político e cultural. O que colabora para dar visibilidade às causas desses povos de forma local, regional e internacional.

Objetivos

OBJETIVO GERAL


Analisar as relações comunicacionais dos povos em situação de vulnerabilidade social (enquanto espaço de expressão), no Estado de Goiás, a partir da perspectiva digital e do acesso à cidadania. Bem como estudar e registrar as ações empreendidas, propor/produzir mecanismos de acesso a informação, espaço de voz e registro da memória dessas comunidades, para a promoção da cidadania digital. 


OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Os objetivos específicos estão divididos em quatro etapas: pesquisa com mapeamento; análise; promoção científica; e produção de produtos tecnológicos junto à comunidade por intermédio de ações de extensão. 


  1. Mapear as comunidades que estão em situação de vulnerabilidade social no Estado de Goiás (especificamente na faixa do Rio Araguaia, entre as cidades de Britânia e Aruanã), mas que, no entanto, estão conectadas às redes digitais. O foco está nas populações ribeirinhas;
  2. Analisar os resultados e promover a pesquisa científica por intermédio de publicações;
  3. Promover eventos e a internacionalização do projeto. Eventos que debatam a temática, no intuito de emergir espaços de voz negligenciados;
  4. Produzir junto a essas comunidades um espaço tecnológico de registro de memória e ao mesmo tempo um espaço de voz digital, de acordo com o Relatório MacBride e do Manifesto pela Cidadania Digital, na perspectiva da Produção compartilhada do conhecimento.

Justificativa

O presente projeto de pesquisa está diretamente ligado ao Programa de Direitos Humanos da PUC Goiás (PDH). Nesse sentido, se faz necessário um pouco do resgaste histórico do programa, que teve origem junto a um Convênio de Cooperação Mútua “firmado entre a Universidade Católica de Goiás e a Prefeitura Municipal de Goiânia. Dele resultou o Programa Especial, o qual envolveu vários Departamentos da UCG”. (PAULA, 1986, p. 1). 

Ainda conforme registros históricos do programa, 


Com o término do referido Convênio e Programa Especial, que vigoram de 1.979 a 1.981, foi criada em novembro de 1.981 a Vice-Reitoria para Assuntos Comunitários e Estudantis - VAE e com ele vários programas e projetos são criados, tendo como referencial a experiência vivenciada e as ‘Grandes Linhas e Linhas Operacionais da UCG’. (PAULA, 1986, p. 1). 


            O programa foi redefinido por iniciativa de estudantes ligados ao Centro Acadêmico Clóvis Bevilacqua e da VAE (Vice-Reitoria para Assuntos Comunitários e Estudantis) no ano 1982. Na época, o PDH integrava a Coordenação Geral de Estágio e Extensão (ETG), ligada à (VAE) da então Universidade Católica de Goiás. 

          No ano de 1984, quando o PDH passa a ser campo de estágio curricular dos acadêmicos de Direito e do Serviço Social, contando com participação efetiva de estudantes, sob supervisão de professores das referidas áreas: 


[...] tendo-se em vista as precárias condições físicas, humanas, materiais e bibliográficas, o Escritório Modelo teve sua proposta de prática, metodologia e objetivos redefinidos por uma equipe composta por representantes da VAE, PDH, Escritório Modelo e Centro Acadêmico. Que representou e representa o início do despertar do Departamento de Ciências Jurídicas para as propostas do documento ‘Grandes Linhas e Linhas Operacionais da UCG’, onde torna-se indiscutível a opção preferêncial (sic) da Universidade com a Comunidade, participando do processo de transformação da atual sociedade global através do ensino superior (PAULA, 1986, p. 2). 


Nesse período, o Programa de Direitos Humanos desenvolveu assessorias em organizações civis e movimentos sociais. Seus objetivos eram: estimular a “participação consciente e responsável no processo político, social, cultural e econômico”, e promover o “conhecimento e defesas do direito” (PAULA, 1986, p. 3).

A partir da década de 1990, o PDH da PUC Goiás busca novas diretrizes para as suas ações. A mudança de estratégia, segundo registros do próprio programa, reflete a realidade vivenciada pelos movimentos sociais no final dos anos 1980.

Em 2001 o programa executou vários trabalhos, frutos de um convênio firmado entre o MEC/SISU (Ministério da Educação e Cultura) e a UCG (Universidade Católica de Goiás). Segundo relatório do convênio, a parceria possibilitou o desenvolvimento dos seguintes projetos: PDH na Educação, PDH na Agência Prisional, PDH na Procuradoria de Assistência Jurídica e PDH Direitos Humanos - Conhecer para participar.

Esse último previa a confecção de folders e cartilha sobre o próprio programa. Período em que o PDH estava sob a coordenação da professora do curso de Direito da PUC Goiás Eliane Rodrigues Nunes. Apesar de não haver registro que comprove que o material tenha sido finalizado, o projeto revela o envolvimento histórico do PDH com questões de cunho social, educacional e informativo.

PDH na Educação, realizado na rede municipal de educação, a partir de convênio com a Prefeitura Municipal de Goiânia, tinha como objetivo promover a interdisciplinaridade dos acadêmicos envolvidos nas atividades e uma reflexão filosófica dos direitos humanos, tanto entre os estudantes da UCG, como da comunidade atendida pelo projeto.

Hoje, tendo como mote a transdisciplinaridade em seus projetos, o programa, composto ainda de três projetos permanentes (Pimep, - Projeto Interdisciplinar da Mulher Estudos e Pesquisas -, Proafro, - Projeto de Estudos e Extensão Afro-Brasileiro -, e PEC, - Projeto de Educação e Cidadania), assume uma perspectiva de educação em direitos humanos como instrumento para a universalização da dignidade humana com base nas necessárias transformações sociais por que passa o Brasil e o mundo.

O debate está amparado em marcos regulatórios, expressos em documentos nacionais e internacionais, dos quais o Brasil é signatário, além das Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos de 2012.

Pelo exposto, acredita-se que o PDH tem plena capacidade de administrar o presente projeto de pesquisa que se justifica, tendo como dito, com o objetivo de analisar as relações comunicacionais dos povos em situação de vulnerabilidade social no Estado de Goiás, a partir da perspectiva digital e do acesso à cidadania.

Bem como estudar e registrar as ações empreendidas, propor/produzir mecanismos de acesso a informação, espaço de voz e registro da memória dessas comunidades, para a promoção da cidadania digital.

Como embasamento parte-se do ponto que comunicação é entendida como direito universal do homem. A base dessa perspectiva pode ser encontrada no Relatório MacBride (1983), documento da UNESCO que debate questões comunicacionais ainda não resolvidas na atualidade. Algumas dessas questões é o acesso a informação e a liberdade de expressão.

Dessa forma deve-se considerar o acesso da população, como um todo, às TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação). Atualmente a arquitetura mais expoente dos modos de comunicação é a Internet, que aparece em segundo lugar em consumo entre os brasileiros, de acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia (2016).

É importante perceber também que, de acordo com Castells (2002, p.439), proporcionalmente a internet levou apenas três anos para atingir a amplitude de acesso que o rádio e a TV atingiram depois de 15 anos. É notório e relevante considerar que a Internet possui um alcance global e um modo exponencial de propagação.

Outro documento importante no qual esse projeto se embasa é o manifesto da Cidadania Digital apresentado à União Europeia, em 2018. Professores, pesquisadores de centros de pesquisa de diferentes países assinaram o manifesto pela cidadania digital no qual indicam que nossa era está caracterizada por uma importante transformação de formas subjetivas e humanísticas de interação e cidadania para formas digitais, algorítmicas e infoecológicas de participação e vida.

O presente projeto é monitorado pelos membros fundadores da carta sobre a Cidadania Digital e um dos seus integrantes, o professor Massimo Di Felice, é parte da comissão científica que compõe esta pesquisa. Além de redator do documento, Di Felice é o coordenador do Manifesto pela Cidadania Digital que pode ser acessado no endereço: https://www.cittadinanzadigitale.com.br/ . Conceito que nasce não Centro Internacional de Pesquisa Atopos, da Universidade de São Paulo.

De acordo com o documento, não podemos pensar mais os humanos a partir apenas da corrente do pensamento humanista, mas devemos levar em consideração toda a ecologia que nos rodeia, que atesta a sobrevivência humana, ecologia essa que leva em consideração novas formas orgânicas de pensamento.

 As redes de dados e arquiteturas de conexão desenvolveram formas distribuídas de inteligência, capazes de conectar entidades diversas. Desse modo, não vivemos mais apenas sob a as fronteiras de países, cidades ou nações, mas por intermédio dos modos de conexão, que estão distribuídos por toda a biosfera.

Embora seja um fenômeno crescente, com inúmeros projetos de inclusão digital, há poucos estudos no Brasil que abordam o processo a partir de uma perspectiva ecológica da comunicação. Salvo sua importância, nos últimos anos, o estudo das culturas locais no campo comunicacional tem lugar cativo no empreendimento teórico e empírico dos Estudos Culturais. Contudo, as abordagens se restringiram sob o viés dos estudos de recepção às práticas de consumo, motivadas pelas análises das estruturas sociais de poder, através dos conceitos de hegemonia, ideologia, agenciamento político e da relação com/entre os meios de comunicação e cultura.

A corrente ecológica da comunicação leva em consideração duas perspectivas fundamentais: a crise ecológica global, que se manifesta na emergência de Gaia e na possível definição de uma nova época geológica, o Antropoceno. Nesse contexto, entende-se Gaia como um emaranhado de agências dispersas que coloca em questão os dualismos clássicos entre homem/ambiente, natureza/cultura, de acordo com Latour (2001;2004;2012). Nesse sentido a comunicação ecológica deve incluir entre as interações a serem estudadas, não apenas os processos humanos, mas naturais e tecnológicos. 

Com esse embasamento teórico o projeto conta ainda com o apoio científico internacional do Sostenibília. Nesse sentido, o projeto busca ainda a internacionalização das relações da PUC-GO, para a produção e promoção da pesquisa científica.

O observatório Sostenibilia (Centro Internacional de Pesquisa em Teoria Social para a Sustentabilidade, Redes Digitais e as Novas Tecnologias) está incubado dentro da Universidade Sapienza de Roma e tem como proposta buscar teorias e interpretações que possam contribuir para a expansão da ideia de social, participando de um debate ativo e teórico internacional.

O Sostenibilia possui uma rede internacional de pesquisa ativa que poderá receber pesquisadores da PUC de Goiás, tanto quanto na orientação cientifica durante os encontros anuais do Sostenibilida, que ocorre entre os meses de outubro e novembro, como também com uma vaga de pós-doc para um pesquisador da PUC-GO, nas seguintes diretrizes: Redes de produção e consumo; Economia verde e a biomercadoria; Gaia, Antropoceno e a crise do desenvolvimento; Fluxos migratórios e mudanças climáticas; Cidades inteligentes e ecologias urbana; Redes digitais e sustentabilidade; Teoria social, novas ecologias e cultura da sustentabilidade.

Nesse sentido o problema da pesquisa está restrito em investigar até que ponto as populações em situação de vulnerabilidade social se apropriam das TIC’s, de acordo com um espaço de fala em redes complexas. Pressupõe-se que essas populações já estejam conectadas às redes sócias, como o Facebook. Nesse sentido o problema da pesquisa parte do pressuposto da existência de redes ecológicas comunicacionais urbanas e semi-urbanas.

Porém o projeto parte da pesquisa, mas devolve resultados às comunidades. Considera-se uma relação complexa entre as partes envolvidas no projeto. Os resultados podem ser entendidos a partir das atividades previstas na metodologia que seguem na sequência.

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
DENIZE DAUDT DOS SANTOS BANDEIRA
Email: denizedaudt@gmail.com
Coordenador Pesquisador [professor] [mestre]