O presente projeto pretende investigar a participação política de jovens, suas formas de organização e de expressão política e social em termos de representações sociais que elaboram acerca das instituições sociais clássicas como a escola, a família e os movimentos sociais, e da rede de sociabilidade nas quais estão inseridos em territórios urbanos e do campo, caracterizados por um mundo político e social em mudança. Considera-se que os jovens, em diferentes espaços apreendem, criam as estratégias de que necessitam para se movimentarem no mundo social e participarem da vida política de suas escola, de sua cidade, de seu estado e de seu país. Nesse processo (re) produzem modos de viver, formas de organização e de participação política diversas. Considera-se como importante entender como os movimentos sociais e coletivos, em especial as organizações juvenis do tempo presente, formam sujeitos participativos e novas formas de organização e contestação social. Parte-se do pressuposto que tanto os movimentos sociais e organizações juvenis cumprem um importante papel na formação das concepções de mundo e percepção dos sujeitos sobre a realidade e os fatos sociais que os cercam. Compreende-se que tais meios e movimentos desenvolvem um importante papel formativo, em especial das novas gerações. Palávras chave: Juventude; Educação; Movimentos Sociais.

 Geral

Compreender as diferentes formas de participação política dos jovens em diversas organizações, agrupamentos e territórios, em especial por meio de movimentos de estudantes, em espaços urbanos e do campo no século XXI 

ESPECÍFICOS

1. Analisar as correntes teóricas que fundamentam e caracterizam a condição juvenil e os movimentos sociais;
2. Descrever e analisar aspectos centrais que compõem o percurso histórico dos movimentos juvenis no Brasil;
3. Investigar as organizações juvenis no século XXI, as ideologias que permearam suas manifestações, bem como sua repercussão social;
4. Realizar a interlocução de pesquisadores de outros países para possibilitar um estudo comparados. 

O subprojeto, ora apresentado, vincula-se a um projeto mais abrangente de internacionalização de estudos investigativos. Tal projeto tem o propósito de desenvolver ações colaborativas e de intercâmbio com IES estrangeiras para ampliação e qualificação de atividades acadêmicas, de pesquisas e de publicações científicas de âmbito internacional, sobre o tema “Diversidade, cultura e educação: estudos comparados e perspectivas”. Com este propósito serão desenvolvidos três modalidades de ações colaborativas e de intercâmbios internacionais: Projeto de pesquisa em rede; Mobilidade de professores e alunos; Publicações científicas e Colóquios acadêmicos.

Este projeto de internacionalização de estudos investigativos tem como premissa a multireferencialidade e pluralidade do fenômeno educativo tomado como objeto de análise das várias áreas de conhecimento que compõem as ciências humanas. Essa premissa resulta do entendimento de que o educativo não se restringe ao escolar, uma vez que apanha as relações mais amplas entre o indivíduo e o contexto socioeconômico, cultural e ecológico, articuladas com outras instâncias educativas fora de seu marco institucional próprio. 

O tema central deste projeto, Diversidade cultural e educação: estudos comparados e perspectivas, é um recorte intencional que tem o propósito de delimitar a abrangência das temáticas educativas, tornando possível planejar as ações colaborativas que serão desencadeada por meio deste projeto. Não obstante, este recorte não deverá limitar a proposição de subtemas e as possibilidades de estudos multidisciplinares que este projeto poderá proporcionar. Assim, tendo a educação como objeto, este Projeto se desdobra em quatro dimensões: a da diversidade cultural na história da educação; a da teoria da educação e dos processos educativos para a diversidade; a das políticas, e diretrizes educacionais para a diversidade cultural, e a da diversidade cultural e educação em comunidades locais e grupos sociais urbanos. 

O sub-projeto, que ora se apresenta, se insere nesta última dimensão: diversidade cultural e educação em comunidades locais e grupos sociais urbanos.

Os recentes estudos sobre a temática juventudes demonstram as diferentes e diversificadas formas de participação política dos jovens no mundo contemporâneo. É notório, nesses estudos, que no Brasil já um afastamento dos jovens dos processos democráticos convencionais e, por conseguinte, há a rotulação desses agentes como apolíticos, tendo em vista que muitos agrupamentos não se inserem e mesmo se contrapõem aos modelos políticos erigidos pelas gerações anteriores. 

Consideramos, no entanto, que o interesse dos jovens pela política não deixou de existir, mas que aconteceram mudanças na forma de atuação, organização e também em suas concepções. A participação dos jovens no tempo presente, acontece por meio de eventos em contextos fluidos, supostamente não hierarquizados e decorrentes da sua própria iniciativa, não tendo direção de segmentos adultos ou instituições clássicas de participação política. Os espaços de atuação são bastante variados, a luta que antes era por problemas amplos, hoje se restringe aos problemas mais locais e almejam mudanças imediatas. Há, assim, uma reconfiguração dos: 

[..] espaços de luta, dada a transformações econômicas, sociais e a políticas nos países latino-americanos a partir dos anos 1980, imprimiram mudanças profundas na experiência política juvenil, não mais identificada exclusivamente pela identidade de estudante. (MISCHE 1997, apud SILVA; CASTRO, 2013, p. 21). 

Entretanto, a pesquisadora sobre movimentos sociais, Maria da Glória Gohn (2012) considera que muitas práticas políticas e culturais juvenis na contemporaneidade se constituam muito mais como ações de pressão social do que propriamente como movimentos sociais estruturados. 

A despeito da importância de tais movimentos, seus agentes são majoritariamente oriundos dos setores médios e altos da sociedade, não representando, de forma direta, a perspectiva de mundo e os problemas específicos dos jovens pobres e da periferia e do campo. Tais, movimentos de contestação se caracterizaram por uma problemática geracional fundada nas aspirações dos setores urbanos privilegiados que têm acesso à formação universitária, ou nela estão inseridos, como foi o caso dos movimentos juvenis ocorrido no Brasil entre 2013 e 2015. 

Entretanto, Melucci (1996) afirma que é através de aspectos evidenciados na ação dos jovens no mundo contemporâneo que temos uma sinalização de problemas relacionados não apenas com suas condições de vida, mas principalmente, com os meios de produção e distribuição dos recursos na sociedade do mundo ocidental.

Assim, esse estudo se justifica pela necessidade de se compreender de forma mais ampla o processo de participação dos jovens no tempo presente em organizações e movimentos sociais.