O aumento repentino de casos de microcefalia em crianças nascidas na região nordeste do Brasil em 2015 chamou a atenção de todo o mundo. Esta condição foi relacionada à Síndrome Congênita do Zika Vírus, que pode trazer alterações importantes nas crianças acometidas. Diante um prognóstico pouco conhecido, os cuidadores, principalmente as mães, precisam lidar com angustias e preocupações em relação ao futuro de seus filhos. Esta situação leva à sobrecarga das mães, afetando o bem estar e saúde emocional. O objetivo deste trabalho então será avaliar a evolução do nível de sobrecarga de mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus. Trata-se de um estudo longitudinal e observacional. A população será composta por todas as mães e crianças com diagnóstico de Síndrome Congênita do Zika Vírus que estiverem em tratamento em um Centro de Reabilitação de Goiânia ¿ Goiás. As mães e crianças serão avaliadas antes de iniciarem as terapias e após 10 meses de tratamento através do Questionário de Sobrecarga do Cuidador Informal (QASCI) e do Alberta Infant Motor Scale (AIMS). Espera-se que os resultados deste estudo possam nortear o processo de reabilitação destas famílias, com um olhar biopsicossocial.

Objetivo Geral

Avaliar a evolução do nível de sobrecarga de mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus.

Objetivos Específicos

• Descrever as características clínicas de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus em processo de reabilitação;
• Descrever o perfil sociodemográfico e clínico de mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus em processo de reabilitação;
• ·Relacionar a evolução do nível de sobrecarga das mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus com os aspectos sociodemográficos das mesmas;
•  Relacionar a evolução do nível de sobrecarga das mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika Vírus com as características clínicas e desenvolvimento motor de seus filhos em processo de reabilitação.

        No Brasil, no ano de 2015 houve um aumento exponencial nos casos de Microcefalia em recém-nascidos (BRASIL, 2016). Alguns estudos relacionam o quadro ao Zika Vírus, infecção viral de etiologia e epidemiologia pouco conhecida (RUBIN et al., 2016). Apesar de ainda serem escassos os conhecimentos sobre a evolução natural da doença e sua patogenia, as evidências atuais são fortes o suficiente para estabelecer a relação causal entre a infecção pelo vírus Zika e o aumento da frequência de abortos, natimortos e mortalidade precoce e alterações neurológicas como a microcefalia (EIKCMAN et al., 2016).

        Os recém-nascidos com síndrome da infecção congênita pelo Zika comumente apresentam microcefalia e importante desproporção craniofacial. Podem apresentar outras dismorfias, como acentuada protuberância óssea occipital, fontanelas fechadas ao nascer, excesso de pele e/ou dobras de pele no escalpo, além de hérnia umbilical (EIKCMAN et al., 2016).

        A Síndrome Congênita do Zika Vírus possui quadro clínico variado e suas sequelas variam de acordo com o grau de acometimento cerebral. Em geral, as crianças apresentam atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e possível acometimento visual e auditivo (BRASIL, 2016).

            O tratamento da Síndrome Congênita do Zika Vírus e suas sequelas deve ser realizado por uma equipe multiprofissional e se pautar nas necessidades apresentadas por cada criança. Recomenda-se a monitorização precoce de sinais de atraso, a fim de potencializar ganhos funcionais e minimizar sequelas motoras e cognitivas (ASHWAL, 2015).

            A Intervenção Precoce aparece neste contexto como uma forma de reabilitação inicial que garantirá resultados funcionais satisfatórios. Pode ser conceituada como uma abordagem sistemática e sequencial, que utiliza técnicas e recursos terapêuticos capazes de estimular todos os domínios que interferem na maturação da criança, a fim de favorecer o desenvolvimento global (LIMA; FONSECA, 2004).

            É sabido a importância da participação das famílias, principalmente da figura materna no processo de reabilitação de crianças. Porém é perceptível que algumas mães se sentem sobrecarregadas e inseguras em relação ao cuidado com seus filhos. Sobrecarga pode ser definida como a maneira como o cuidador consegue perceber problemas físicos, psicológicos ou emocionais, financeiros e sociais resultantes do cuidado com seu familiar (GEORGE; GWYNTER, 1986). 

        É importante salientar que as mães necessitam compreender e praticar as atividades que realizam com seus filhos e que as mesmas tenham prazer em realiza-las, ao mesmo tempo que estimulem o desenvolvimento de suas crianças. E para que isso ocorra, o cuidador precisa estar bem física e psicologicamente e ser acolhido pelos programas de reabilitação.

        A Síndrome Congênita do Zika Vírus é um problema atual de saúde pública e com impactos futuros alarmantes. Estudos relacionados a esta condição são escassos e pouco se sabe sobre as sequelas e o impacto emocional nos cuidadores. As mães destas crianças precisarão lidar com suas inseguranças, culpas, temores e sobrecarga advinda dos cuidados. As mães destes pacientes precisarão de estratégias específicas, voltadas para os aspectos psicossociais para que as mesmas fortalecidas, se sintam seguras e possam contribuir com a reabilitação e cuidado de seus filhos.