O presente projeto visa trabalhar o material imagético referente ao grupo indígena Uru-Eu-Wau-Wau, que foi registrado por Jesco Puttkamer de 1980 a 1990, no Posto Indígena Alta Lídia (hoje, Comandante Ary), em Rondônia, quando dos primeiros contatos oficiais com a Funai. O critério de escolha do grupo se deu pelo acervo conter um grande número de material visual registrado (mais de 40 mil imagens), bem como a necessidade de identificar muitas dessas imagens como sendo de outros grupos ou subgrupos indígenas que habitam a mesma área geográfica dos Uru-Eu-Wau-Wau. Esse grupo se autodenomina Jupaú e vivem na Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, na qual vivem também os Amondawa, os Oro Win, além de outros três grupos. O projeto contará com quatro membros desse povo que vão qualificar as informações que compõem a coleção Jesco Puttkamer, orientado pelo princípio da troca de saberes interculturais. Esta qualificação consiste na identificação, datação, nominação, localização, atribuição de significados, entre outros, das imagens do acervo. Sem a contribuição desses povos, o acervo perderia muito da história e dos significados ali presentes.

3.1 Objetivo Geral

Qualificar as informações que compõem a coleção Jesco Puttkamer, orientado pelo princípio da troca de saberes interculturais.

3.2 Objetivos Específicos

- Promover a qualificação das informações por meio da interação intercultural da coleção Jesco Puttkamer entre os interlocutores indígenas.

- Disponibilizar, aos grupos indígenas envolvidos no projeto, o material da coleção Jesco Puttkamer para consulta e utilização, mediante critérios estipulados pela PUC Goiás, para recuperação de informações de interesse da comunidade, no que se referem às imagens e sons que retratam a memória e o registro de seus bens culturais.

- Ampliar e fundamentar a base de dados documentais do IGPA para cada um dos grupos indígenas, a partir das narrativas e interação destes com o acervo.

- Produzir um vídeo documental sobre a experiência do desenvolvimento do projeto.

- Apontar possibilidades de produção de produtos acadêmicos como artigos, livros, textos para congressos nacionais e internacionais, após a conclusão das ações específica de qualificação junto aos indígenas.

- Promover parcerias institucionais a fim de garantir a interdisciplinaridade e a relação com outros profissionais para a qualificação da proposta.

- Divulgar o Acervo Audiovisual do IGPA/PUC Goiás.

O Acervo Audiovisual do IGPA/PUC Goiás, com relação à Coleção Jesco Puttkamer, é considerado um dos maiores acervos audiovisuais do Brasil, sobre a história dos povos indígenas. Seu conteúdo abrange diferentes aspectos das culturas indígenas, tais como alimentação, danças e rituais, cantos, hábitos da vida cotidiana, caça, pesca, agricultura, artesanatos, construção de casas, cenas do primeiro contato de alguns grupos indígenas com a Funai, bem como a interação com o meio ambiente de 62 povos indígenas sul-americanos. São imagens e sons coletados em quatro décadas de pesquisas em áreas indígenas, decorrentes dos primeiros contatos desses grupos com as frentes de atração organizadas pelo SPI e pela Funai.

Considerando a riqueza e a grande diversidade de aspectos da vida cultural dos povos indígenas no Brasil, presentes na coleção Jesco Puttkamer, fez-se necessária sua qualificação a partir da interação com mestres e especialistas dos grupos indígenas representados nessa coleção. Essa parceria com os indígenas é de fundamental importância, pois, sem a contribuição desses povos, o acervo perderia muito da história e dos significados ali presentes. 

O acervo audiovisual conserva em seus suportes as imagens de povos readaptados à realidade contemporânea, mas também realidades que já não existem, por vezes de grupos indígenas extintos. Ele contém informações de povos que nos deixaram como legado um conjunto de conhecimentos que constitui um bem da humanidade. Esse bem necessita não somente de ser preservado e conservado, mas também qualificado enquanto patrimônio cultural, por meio do acesso aos acervos de mestres e especialistas indígenas.

A qualificação do material imagético pelos Uru-Eu-Wau-Wau permitirá o resgate de conhecimentos e práticas tradicionais próprias de seu povo, muitos dos quais já foram perdidos, bem como recuperar e identificar informações que vão enriquecer, potencializar e dar maior dinamicidade ao acervo.