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O PEQUI VISTO COMO CATEGORIA SOCIAL E AGENTE DE PRESERVAÇÃO DO CERRADO
2016/1 até 2021/1
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
PATRIMÔNIO CULTURAL
Saberes Tradicionais, Memória e Patrimônio Cultural
ELIANE LOPES
Refletir sobre o grau de significância do Pequi enquanto categoria social, simbólica e econômica, bem como sobre sua influência na preservação do Cerrado Goiano.
O Pequi, Piqui ou Piquiá, proveniente do pequizeiro, é um fruto nativo e significativo do Cerrado. “O fruto, de casca dura e verde, abriga em seu interior de 1 a 4 caroços (putâmens) amarelos, formados pelo mesocarpo (polpa) e pelo endocarpo, uma resistente camada de espinhos que abriga a semente (amêndoa)” (SANT’ANNA, 2011, p. 39). Foi inserido na estrutura sociocultural através de vários grupos sociais e, atualmente, é considerado um elemento de grande representatividade no cenário gastronômico brasileiro, sendo processado de diversas maneiras (arroz com pequi, quibes com recheio de pequi, doce de pequi, molho de pequi, conserva de pequi etc.). Seu uso não se restringe apenas ao contexto culinário, destaca-se que, também, possui significância na farmacopéia popular.
A principal utilização do fruto é no consumo direto do caroço em forma de pequizada, em cozidos de carne de gado e de frango, no feijão, no arroz, e no conhecido baião de dois (feijão com arroz). É um produto indispensável na alimentação das populações que vivem ao redor das áreas de ocorrência das espécies, que fornece parte dos aportes energéticos e nutricionais necessários, principalmente para as famílias carentes, no período da safra. Como oleaginosa, da polpa do fruto é extraído um óleo que, além de utilizado na culinária, é empregado na indústria cosmética, na produção de sabão, e como produto medicinal, no combate à bronquite, gripes e resfriados, dentre outros. Como fármaco, o suporte de informações é empírico, porém é certo que a polpa do fruto tem alto teor de provitamina A (OLIVEIRA et al, 2008, p. 10).
Por ora, se observa uma variação e dispersão geopolítica do Pequi (sendo identificado nos Estados de Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Bahia, Piauí, Rondônia, São Paulo e Paraná), porém ele possui destaque em territórios goianos e mineiros, especialmente.
Não somente enquanto elemento figurativo do contexto da gastronomia e farmacêutica, o Pequi passou a ser explorado enquanto produto mercantilista, que, em consequência, provocou um enorme e potencial extrativismo em larga escala. Os Estados de Goiás e Minas Gerais, por exemplo, nos anos de 1995 e 2006, foram dois polos de principais explorações e comercializações do Pequi, onde “obtiveram os maiores valores de produção de extração” (SANT’ANNA, 2011, p. 68).
Ainda não se observou registros de cultivo comercial de pequizeiros no Brasil, sendo sua exploração quase que estritamente extrativista. O extrativismo ocorre tanto através de associações corporativistas como por núcleos familiares. Sua coleta é realizada especialmente após sua queda ao chão (quando o mesmo estiver maduro) (OLIVEIRA et al, 2008).
As atividades mercantis geradas através do Pequi ocorrem in natura (beiras de estradas, mercados e feiras regionais, por exemplo), em CEASAs e supermercados. Este pode ser comercializado como próprio fruto: com cascas e sem cascas; bem como seus derivados: polpa, creme, óleo e em conserva, especialmente.
Todavia, de certa forma, pensa-se que esta transfiguração de valores de consumo pode ter contribuído para as práticas sustentáveis e preservação do segundo maior bioma brasileiro: o Cerrado, o qual já teve aproximadamente 80% de sua vegetação degradada pelas ações agropecuárias (CAMARGO et al, 2014).
O centro-oeste é uma região em que a agropecuária está em crescente aumento e tem concentrado uma grande produção, configurando-se em um espaço consolidado do agronegócio (FREITAS, 2014). No cenário econômico nacional, o Estado de Goiás possui extensas áreas de lavouras e pastagens distribuídas em propriedades rurais que atingem mais de mil alqueires (FRANCISCO, 2014).
O processo histórico de ocupação das terras no País foi marcado pelo uso inadequado das florestas e demais formas de vegetação nativas, provocando a degradação de grandes áreas rurais. Nos dias atuais, ainda se verifica que muitos proprietários, talvez por desconhecimento, não se preocupam com a função social de suas propriedades rurais, que seria a de zelar pela preservação dos remanescentes vegetais nativos e somente explorar os recursos que a natureza nos oferece de forma sustentável.
No Brasil, torna-se cada vez mais evidente a importância do setor turístico para a economia nacional, porém o turismo não deixa de ser uma ação de consumo de recursos, de espaço de sociedades e de cultural. Dessa forma, a sustentabilidade se converte em um elemento essencial para o desenvolvimento dessa atividade.
Uma gestão direcionada á sustentabilidade é necessária, bem como para a oportunidade de reestruturação e criação de novos serviços. Entretanto, é importante que a construção da sustentabilidade da atividade turística concretize diretrizes de desenvolvimentos que estejam ancoradas na diversidade de experiências baseadas na riqueza do patrimônio e identidade local, além da definição da cadeia de valor turístico, ou seja, a função e local de cada agente no processo produtivo.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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ELIANE LOPES
Email: elianelopes@pucgoias.edu.br |
Coordenador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |