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DINÂMICAS CULTURAIS E PROCESSOS OCUPACIONAIS PRETÉRITOS NA REGIÃO CENTRO SUL DO PLANALTO CENTRAL DO BRASIL
2019/2 até 2024/2
ESCOLA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E HUMANIDADES
PATRIMÔNIO CULTURAL
Cultura Material e paisagem
SIBELI APARECIDA VIANA
Objetivo Geral
Entender as dinâmicas ocupacionais em tempos pretéritos, tendo como foco central sítios arqueológicos da região centro sul do Planalto Central do Brasil: a área arqueológica de Caiapônia (município de Palestina de Goiás/GO, sítios GO-CP-15, GO-CP-16, , GO-CP-17 e GO-CP-33), Serranópolis (sítios GO-JA-01, GO-JA-03 e GO-JA-26) e Serra Geral/GO-BA (sítios BA-RC-30, BA-RC-33, BA-RC-19 e sítio Vau II) ; e do vale do rio Manso/MT (sítio Cachoeira do Pingador). Numa escala mais ampla, pretende intensificar as inter-relações destas regiões com o povoamento em âmbito nacional e suas articulações com os países sul americano.
Objetivos Específicos
Considerando que os comportamentos humanos em tempos pretéritos estão, em parte, expressos nas materialidades e, a partir dos tipos de cultura material preservada e identificadas (cultura material lítica, cerâmica, ossos de fauna e humanos, grafismos rupestres e paisagem) nos sítios, objetiva-se:
- Identificar as variabilidades e continuidades tecnológicas presentes nos conjuntos líticos e suas articulações com as ocupações e povoamentos pretéritos nas regiões em estudo;
- Compreender sobre os esquemas técnicos de produção de ferramentas (conhecimentos técnicos, saber-fazer e cadeias operatórias); assim como sobre as funções e os funcionamentos destes instrumentos;
- Investigar, em termos econômicos, o papel dos artefatos líticos nas sociedades pretéritas da região e no processo de adaptação ao ambiente;
- Inferir acerca das possíveis redes de relações entre os objetos líticos, o meio natural e social, em termos não somente de adaptação para fins econômicos, mas como elemento de destaque e de motivação das relações sociais e simbólicas;
- Em termos diacrônicos, investigar as evoluções técnicas dos artefatos líticos ao longo do tempo e identificar as diferenças e similaridades tecnológicas dos objetos líticos provenientes das regiões em estudo;
- Compreender sobre o papel da cerâmica nas sociedades pretéritas da região e no processo de adaptação econômica ao ambiente;
- Discutir as diferentes possibilidades de introdução da cerâmica na região;
- Buscar conhecimentos sobre as relações entre tecnologia cerâmica e agricultura ou cultivo incipiente de vegetais;
- Entender a partir das análises tecnológicas os conhecimentos técnicos dos/as ceramistas acerca da manipulação da argila para produção dos vasilhames;
- Investigar as relações entre os objetos cerâmicos e o meio natural em termos não somente de adaptação, mas também de escolhas e interação com a paisagem.
- Realizar diagnóstico comparativo entre a documentação dos registros rupestres (decalques em plásticos e imagens fotográficas) presentes no acervo da PUC Goiás/IGPA e produzidos pela equipe de Schmitz na década de 1980 com as documentações atuais realizadas por meio de registros fotográficos, fílmicos e observações in loco;
- Realizar tratamento das imagens rupestres por meio de programas de vetorização detalhada das manifestações.
- Entender a distribuição espacial dos grafismos rupestres seguindo diferentes escalas, micro-nível (unidades gráficas), semi-micro nível (painéis rupestres do sítio), macro-nível (a arte rupestre dos vários sítios da região);
- Entender a relação espacial dos abrigos rochosos com pinturas rupestres com a paisagem de entorno e com os grafismos em si;
- Buscar regularidades e associações entre os grafismos rupestres do mesmo sítio e de diferentes sítios da região, procurando entender não o seu significado, mas sim o seu plano de expressão (significante), para assim se aproximar dos comportamentos simbólicos de seus autores;
- Aproximar a interpretação dos grafismos rupestres às demais manifestações arqueológicas presentes na região de estudo;
4) Cultura material óssea de fauna
- Realizar a curadoria acerca da coleção óssea animal dos sítios da região de Serra Geral;
- Aferir o quantitativo do material ósseo animal a partir do inventário e catalogação das peças;
- Obter informações sobre as condições de preservação dos materiais ósseos faunísticos;
- Identificar a classe de animais presentes na coleção óssea a partir da triagem dos materiais;
- Verificar se os materiais ósseos animais foram utilizados para fins além da prática alimentar, por exemplo, para produção de instrumentos ósseos. Isso será possível por meio da observação de estigmas técnicos realizados intencionalmente na superfície óssea;
- Identificar possíveis práticas decorrentes de processamento de alimentos de origem animal por meio da identificação de “marcas de corte”;
- Realizar atividades experimentais relacionadas à modificação de materiais ósseos
5) Cultura material óssea humana
- Realizar a curadoria dos materiais ósseos, entendendo-a como uma forma de gestão e prática de todas as etapas do processo de conservação e guarda de coleções arqueológicas.
- A partir de análises ancoradas na “abordagem arqueogenética que constituí um campo de interface entre as ciências humanas e biológicas que se dedica ao estudo do ácido desoxirribonucleico (DNA), pretende-se qualificar de forma precisa a constituição genética de grupos pré-coloniais, estimar parâmetros demográficos, datar eventos de coalescência, identificar relações consanguíneas e estimar traços fenotípicos” (Strauss, 2018, p. 06);
- Análises morfométricas das partes osteológicas humanas encontradas.
6) Paisagem
7) Extroversão dos dados
Participação de eventos científicos e publicação de resultados por meio de artigos e livros científicos.
O projeto em tela se justifica, dentre outros, por dois critérios de significância: científica, e política, conforme definição de Schiffer e House (1977).
No que se refere à significância científica, ressaltamos primeiramente a alta potencialidade arqueológica das regiões em produzir informações científicas para a compreensão das ocupações pretéritas. Os sítios da região se destacam pela diversidade das expressões culturais, a saber:
- Objetos líticos – representados por diversas classes de objetos provenientes de cadeias operatórias diferenciadas de debitagem e de confecção de ferramentas: adornos, instrumentos líticos lascados e polidos; detritos de lascamento (lascas e núcleos), lascas-suporte e matérias primas trazidas para os sítios ou naturalmente presentes neles.
- Objetos cerâmicos – representados por paredes, bordas ou bases de recipientes cerâmicos. Apresentam diversidade de tipos de formas e de uso diferenciado de antiplásticos para composição da massa de argila.
- Grafismos rupestres – produzidos nos suportes rochosos dos abrigos na forma de pinturas e/ou gravuras, expressas em diversos temas como antropomorfos, zoomorfos, vegetais e figuras geométricas;
- Materiais ósseos de fauna – representados pelas partes ósseas de animais consumidos pelos ocupantes dos sítios arqueológicos e pela fauna que adentra de forma involuntária esses locais. Esses ossos podem estar relacionados à dieta alimentar e/ou utilizados como matéria prima para ferramentas. Vestígios ósseos foram encontrados nos sítios de Serra Geral e Serranópolis;
- Materiais ósseos humanos – representados por esqueletos humanos, inteiros ou fragmentados, enterrados intencionalmente nos sítios arqueológicos. Estão presentes somente em sítios de Serra Geral e Serranópolis;
Os referidos tipos de culturas materiais apresentados possibilitam investigações sobre os processos de ocupações humanas nas regiões em estudo e, numa escala mais ampla sua interrelação com outras áreas do território brasileiro, tendo em vista a posição estratégica da área de pesquisa, onde as bacias do rio Araguaia Paraná, Paraguai, Tocantins-Araguaia e Amazônica podem ser consideradas como elementos facilitadores no processo ocupacional.
No que se refere à significância política, esse componente é altamente pertinente em todos os sentidos, em especial quando está relacionado ao problema da preservação dos sítios que envolve, dentre outros elementos, uma ação política e econômica.
É preocupante o aspecto relativo à preservação dos sítios arqueológicos das regiões em estudo, em especial aquelas da região sudoeste do Estado de Goiás (Rubin et al, 2017), haja vista o ávido desenvolvimento dos empreendimentos econômicos, na região Centro Oeste nos últimos anos, ressaltando aqueles de construção civil e agroindustrial, os quais ao impactarem o ambiente põem em risco o patrimônio arqueológico. Destacamos ainda a ação intensa de animais (morcegos e insetos) sobre os grafismos rupestres, provocados pelo desequilíbrio ambiental da região, assim como por ações de vandalismo sobre os paredões rupestres, os quais colocam em risco este patrimônio arqueológico (Binant et al, 2018).
Este patrimônio está em expressivo processo de deterioração e exige uma intervenção não somente científica ou de estímulo à afetividade, mas também política. Espera-se que a continuidade da pesquisa na região ao trazer à tona a questão científica do potencial arqueológico da região, possa também sensibilizar ou fornecer subsídios para a implantação de políticas públicas para a preservação da região arqueológica do Sudoeste de Goiás.
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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ANA CAROLINA CAVENAGUE NAPOLITANO
Email: ana.napolitano@yahoo.com.br |
Pesquisador | Estudante | [] | [] |
JANINE CARVALHO RESENDE
Email: janecarvalhoresende@hotmail.com |
Pesquisador | Estudante | [aluno] | [null] |
JULIO CEZAR RUBIN DE RUBIN
Email: rubin@pucgoias.edu.br |
Pesquisador | Pesquisador | [professor] | [doutor] |
MARCOS PAULO DE MELO RAMOS
Email: argonauta128@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador Externo | [externo] | [mestre] |
SIBELI APARECIDA VIANA
Email: sibeli@pucgoias.edu.br |
Coordenador | Líder | [professor] | [doutor] |