Detalhes do Projeto de Pesquisa

BURNOUT E AS CONSEQUÊNCIAS PSICOSSOMÁTICAS PARA A VIDA DO TRABALHADOR

Dados do Projeto

209

BURNOUT E AS CONSEQUÊNCIAS PSICOSSOMÁTICAS PARA A VIDA DO TRABALHADOR

2016/2 até 2020/1

ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E DA SAÚDE

CLÍNICA, SUBJETIVIDADES E SAÚDE

Saúde: educação, avaliação e intervenção

IVONE FÉLIX DE SOUSA

Resumo do Projeto

Ao longo da história, o trabalho constitui-se como fonte de prazer e sofrimento para o trabalhador e, portanto, sempre ocupou lugar de destaque na vida dos indivíduos de diferentes culturas. Constitui-se como fonte de prazer por possibilitar ao trabalhador o meio de sobrevivência, é o processo pelo qual o indivíduo se reconhece. Como fonte de sofrimento por levar o trabalhador a alienação. França e Rodrigues (1997) demonstravam que os distúrbios da relação do homem com seu ambiente psicossocial e físico podem provocar emoções desprazeirosas e propiciar reações de todas as formas, inclusive patologias. Assim, com o advento das demandas requeridas em que se focam na manutenção da competitividade, as organizações, por meio de seus gestores, vêm intensificando as cobranças de quantidade e qualidade de serviços de forma inadequada ativando as vivências de sofrimento e levando o trabalhador ao adoecimento mental que pode ser evidenciado por meio de sintomas psicossomático, como a síndrome de burnout. Esta síndrome é uma reação a fontes de estresses ocupacionais contínuos que se acumulam (SOUSA; MENDONÇA, 2006), apresentando-se como uma epidemia organizacional (CODO, 1999) e pode levar o trabalhador ao desgaste psicológico trazendo consequências psicológicas e sociais da exposição crônica (MASLACH, 2006), à depressão, à ansiedade e até mesmo ao suicídio (SOUSA; MENDONÇA, 2006). Estes temas estão trazendo preocupações apresentadas pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Estado de Goiás (CEREST Estadual), quando seus profissionais fiscalizam as empresas e constatam a existência de alto nível de adoecimento mental no trabalhador, por meio de observações (OLIVEIRA, 2014). Diante do exposto, percebe-se que uma organização composta por colaboradores adoecidos, estressados, ao contrário do que o mercado de trabalho exige, vai apresentar queda em sua produtividade, falta de eficiência e eficácia. Busca-se neste estudo delimitar quais são os sintomas psicossomáticos que fazem parte do repertório de um trabalhador com síndrome de burnout, avaliando a intensidade e frequência destes sintomas, delimitando-os em cada dimensão da síndrome (exaustão, cinismo e ineficácia). Estes dados possibilitarão apresentar melhores práticas de reabilitação dos trabalhadores com burnout.

Objetivos

Geral:

Analisar quais são os sintomas psicossomáticos das dimensões da síndrome de burnout (exaustão emocional, cinismo e ineficácia) que estão presentes nos trabalhadores de instituições públicas na cidade de Goiânia e avaliar as consequências destes sintomas na vida do trabalhador nas dimensões: carga de trabalho, vivências de controle, reconhecimento, apoio social recebido, justiça e coerência dos valores organizacionais e pessoais.


Específicos

1 Levantar teorias e estudos já desenvolvidos referentes à síndrome de burnout, sintomas psicossomáticos e as dimensões da vida no trabalho, por meio da metodologia “Revisão Integrativa”.

2 Analisar quais são os sintomas psicossomáticos das dimensões da síndrome de burnout (exaustão emocional, cinismo e ineficácia) que estão presentes nos trabalhadores de instituições públicas na cidade de Goiânia.

3 Avaliar as consequências destes sintomas na vida do trabalhador nas dimensões: carga de trabalho,vivências de controle, reconhecimento, apoio social recebido, justiça e coerência dos valores organizacionais

e pessoais no trabalho nas instituições públicas na cidade de Goiânia.

4 Avaliar se existe algum trabalhador nas instituições públicas da cidade de Goiânia que desenvolveu síndrome de burnout e sintomas psicossomáticos.

5. Analisar como o trabalhador das instituições públicas de Goiânia percebem os aspectos da vida no trabalho (sobrecarga de trabalho, controle, recompensa, valores organizacionais e pessoais, percepção de justiça organizacional e relações sociais).

Justificativa

Pesquisar sobre os temas Psicossomática, Burnout e Vida no trabalho em trabalhadores da área da saúde tornou-se importante devido as demandas apresentadas pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Estado de Goiás (CEREST Estadual), quando em suas atribuições de fiscalização nas empresas observam grande número de casos de afastamento do trabalho dos profissionais por motivo de alto nível de adoecimento mental no trabalhador (OLIVEIRA, 2014).  As pesquisas devem partir das demandas apresentadas pela sociedade e neste sentido torna-se mais que necessário que se entenda a amplitude deste adoecimento do trabalhador a fim de fazer intervenções mais adequadas junto aos profissionais adoecidos mentalmente. 

Sabe-se que as condições de vida no trabalho influenciam diretamente na qualidade de vida do trabalhador. Nos tempos atuais os trabalhadores deparam-se cada vez mais com condições hostis de trabalho. Conforme Maslach e Leiter (1999) discutem, estudar o adoecimento do trabalhador sem apontar as possíveis causas que o determinam não faz sentido. Portanto, assim, se faz necessário que se desenvolvam pesquisas que enfoquem as áreas da vida no trabalho para que se possa trazer para a sociedade, possíveis soluções, ou pelo menos, que minimizem os efeitos negativos que o trabalhador vivência em seu meio de trabalho. Para tanto, a presente pesquisa foca as seis áreas da vida no trabalho propostas por Leiter e Maslach (2004; 2005): carga de trabalho, vivências de controle, reconhecimento, apoio social recebido, justiça e coerência dos valores organizacionais e pessoais. Segundo estes autores, estas áreas estão diretamente relacionadas à saúde mental ou ao adoecimento mental dos trabalhadores, podendo desencadear ou não, na síndrome de burnout. 

Esta síndrome é concebida como desgaste psicológico que advém de processos que envolvem as relações inter e intrapessoais no ambiente hostil de trabalho, em que o empregado está inserido (MASLACH, 2006). Quando acometido por esta síndrome o profissional apresenta-se sem ânimo e apático. O trabalho deixa de ser empolgado e perde o sentido da vida e do trabalho. O laborador, que se envolve de forma afetiva com as pessoas das quais mantem relacionamentos organizacionais, se desgasta, chega ao extremo, desiste, não aguenta mais, queima-se, ou seja, entra em burnout (MASLACH; JACKSON, 1981). Assim, a síndrome de burnout é tida como uma reação à tensão emocional crônica, gerada pelo contato direto e excessivo com outros seres humanos (MASLACH; JACKSON, 1981). Na realidade, o contato direto e excessivo com outros seres humanos pode até ser benéfico para as pessoas, dependendo do tipo de relação estabelecida, se é estressante ou não. Entre os sintomas provocados pela síndrome de burnout estão: depressão, ansiedade, absenteísmo, cansaço constante, apatia, irritabilidade, sono excessivo e despersonalização. As mais marcantes singularidades da síndrome são a ‘exaustão emocional’, caracterizada pelo esgotamento, falta de energia e baixa autoestima, a ‘despersonalização’, na qual a pessoa torna-se fria no contato com outras, revela-se, constantemente, impaciente e não, raramente, tem atitudes grosseiras, cínicas e irônicas, e a ‘reduzida realização profissional’, sempre acompanhada de sensação de inadequação, baixa avaliação profissional e insatisfação permanente (SOUSA, 2006). Estes sintomas, nada mais são do que somatizações psicossomáticas advindas das situações estressantes vivenciadas pelos trabalhadores. 

O mundo do trabalho, da forma que é organizado na atualidade é uma das causas que levam o trabalhador a fragilização somática, bloqueando o modo operatório às necessidades mentais. Conforme Dejours (1992) uma das maiores causas da doença somática é o bloqueio contínuo que a organização do trabalho, e, em especial, o sistema taylorista, pode provocar no funcionamento mental. Assim, no conflito entre a economia psicossomática e a organização do trabalho potencializa os efeitos patogênicos das más condições físicas, químicas e biológicas do trabalho (MELLO FILHO, 1992). Conforme Friedmann (1983, p. 168) quando não há possibilidade de afirmação da personalidade do trabalho ocorrem processos de depressão e tensão nervosa permanente. Neste contexto, para Dejours (1992), a somatização é entendida como processo pelo qual um conflito não solucionado mentalmente desencadeia, no corpo, desordens endócrino-metabólicas, ponto de partida de uma doença. Para França e Rodrigues (2005) a psicossomática compreende a doença não como um evento causal na vida de uma pessoa, mas como resposta de um indivíduo que vive em sociedade, em constante interação com outras pessoas, situada em determinado ambiente físico e que procura resolver, da melhor maneira possível, sua existência no mundo. É nessa busca pelo equilíbrio que o trabalhador apresenta uma série de sintomas psicossomáticos. Estes diversos sintomas que o trabalhador pode vir a experimentar mantém uma relação dialética com o trabalho: tanto os sintomas são causas do sofrimento no trabalho, quanto o sofrimento no trabalho possibilita a manifestação de sintomatologias diversas que levam a uma sensação de mal estar contínuo no trabalhador e, consequentemente, à sua perda de capacidade criativa e produtiva. O trabalho está no centro da vida do homem moderno e a busca pelo trabalho institucionalizado, tanto satisfaz as necessidades econômicas e materiais, quanto às de identidade e afetivas (MELO FILHO; BURD, 2010). Assim, a falta de sentido no trabalho leva ao sofrimento psíquico que alimenta um desgaste contínuo no corpo, tornando-o vulnerável. Dentre as manifestações psicofísicas mais comuns pode-se esperar (MELO FILHO; BURD, 2010): a queda da eficiência, a insegurança nas decisões, protelamento de tomada de decisões, sobrecarga, nível de tensão elevada, irritabilidade, explosão emocional, sentimentos de desconfiança, uso de medicamentos e outras drogas e eclosão ou agravamento de doenças. Manifestações hipocondríacas podem se fazer presentes na vida do trabalhador (VOLICH, 1973).

Equipe do Projeto

Nome Função no projeto Função no Grupo Tipo de Vínculo Titulação
Nível de Curso
ANDREA BATISTA MAGALHÃES
Email: andreavidda@gmail.com
Pesquisador Estudante [professor] [mestre]
EMILY FELIX DE SPINDOLA
Email: emilyfelix23@gmail.com
Pesquisador Estudante [aluno] [null]
FLAVIA CANDIDO COSTA
Email: candidoflavia2@gmail.com
Pesquisador Estudante [aluno] [null]
IRACEMA GONZAGA MOURA DE CARVALHO
Email: iracemagmc@gmail.com
Pesquisador Pesquisador [professor] [doutor]
IVONE FÉLIX DE SOUSA
Email: ivonefelixsousa@gmail.com
Coordenador Pesquisador [professor] [mestre]
JESSICA DI DOMENICO
Email: jessicadidomenico@hotmail.com
Pesquisador Estudante [] []
JULIANA BATISTA ARAUJO SANTOS
Email: judeanalitswd@gmail.com
Pesquisador Estudante [aluno, aluno] [null, null]
MARIA ANGELICA SOUSA TELES
Email: maria-angelica-teles@hotmail.com
Pesquisador Estudante [] []
MARINA DE MORAES E PRADO MORABI
Email: marinademoraes@gmail.com
Pesquisador Pesquisador [professor] [mestre]
MARINA MARTINEZ YANO BARCELOS
Email: lisbelamartinez@gmail.com
Pesquisador Estudante [aluno] [null]
MAURICIO BENICIO VALADAO
Email: mvaladao@gmail.com
Pesquisador Estudante [] []
NATALIA CARRIJO LOPES
Email: natcarrijo@outlook.com
Pesquisador Estudante [aluno] [null]
SARAH ALVES CORCELLI
Email: sarahcorcelli@outlook.com
Pesquisador Estudante [aluno] [null]
SEBASTIÃO BENICIO DA COSTA NETO
Email: sebastiaobenicio@gmail.com
Pesquisador Líder [professor] [doutor]