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INTERAÇÕES DE ELEMENTOS-TRAÇO ENTRE COMPONENTES BIÓTICOS E ABIÓTICOS EM CURSOS D'ÁGUA DA BACIA DO RIO PARANÁ, GOIÁS, BRASIL
2019/1 até 2023/1
ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA VIDA
ECOLOGIA, CONSERVAÇÃO E QUALIDADE DO AMBIENTE AQUÁTICO
Ecologia de organismos de água doce
HENRIQUE SANTANA COSTA
OBJETIVO GERAL
Determinar o nível de concentração dos elementos-traço alumínio (Al), arsênio (As), ferro (Fe), potássio (K), manganês (Mn), níquel (Ni), fósforo (P) e enxofre (S) na água, sedimento e peixes em cursos d’água localizados na margem direita da bacia do Paraná, no estado de Goiás.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Verificar a influência das variáveis temperatura da água, velocidade e pH da água na interação da água e do sedimento, levando-se em consideração os elementos-traço verificados; ¿
2. Verificar a influência das variáveis biomassa, grupo-trófico, fator ecológico (migração), litologia, cobertura vegetal e bacia na bioacumulação, bioconcentração e biomagnificação dos elementos-traço verificados; ¿
3. Verificar a influência das variáveis litologia, cobertura vegetal, pH, velocidade da água e temperatura da água na mobilidade dos elementos-traço verificados entre água, sedimentos e peixes.
Recebendo esta denominação por ter o rio Paraná como seu principal constituinte, a região onde está localizada a bacia do Paraná ocupa 10% do território nacional (879.860 km²) e se divide entre os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal – região mais industrializada e urbanizada do país.
Com uma extensão de 2750 km até sua foz, o rio Paraná tem como principais afluentes o rio Paranaíba e o rio Grande. Esta região hidrográfica se subdivide em seis amplos rios: Grande, Iguaçu, Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Tietê – apresentando uma vazão média correspondente a 6,5% do total do país. A bacia do Paraná corresponde, também, àquela possuidora de maior capacidade de produção (59,3% do total nacional) e demanda (75% do consumo nacional) de energia do país. Existem 176 usinas hidrelétricas na região, com destaque para Itaipu, Furnas, Porto Primavera e Marimbondo (PNRH, 2006).
O crescimento de grandes centros urbanos (como São Paulo, Curitiba e Campinas), tem gerado grande pressão sobre os recursos hídricos desta bacia. Originalmente apresentando biomas de Mata Atlântica e Cerrado – com cinco tipos de cobertura vegetal (Cerrado, Mata Atlântica, Mata de Araucária, Floresta Estacional Decídua e Floresta Estacional Semidecídua) – hoje, vê-se que os sucessivos ciclos econômicos pelos quais perpassou o país repercutiram em grandes transformações no uso do solo de toda a bacia (o que ocasionou um significativo desmatamento). Há um grande consumo de água para o abastecimento público, a indústria e a irrigação. No que tange a poluição orgânica e inorgânica (efluentes industriais e agrotóxicos), a eliminação da mata ciliar desta região hidrográfica vem contribuindo significativamente para a degradação da qualidade da água de grandes extensões dos principais afluentes do trecho superior do Rio Paraná. Em se tratando dos indicadores de saneamento básico, os percentuais da população atendida com abastecimento d’água variam de 78,6% (no Paranaíba) a 95% (Tietê) (PNRH, 2006).
Constituindo parte da seção alta da bacia do Paraná, a região sul do estado de Goiás mostra-se drenada pelo rio Paranaíba – cuja bacia compreende 149.488 Km² (Galinkin, 2002). Tendo sua ocupação incentivada por fins agropecuários e urbanos desde 1930 (Klink e Moreira, 2002), vê-se que a rede hídrica desta região do rio Paraná em Goiás mostra-se representada por 14 rios – cada qual com seus inúmeros afluentes.
O crescimento da população mundial, a rápida industrialização, a intensificação da aquicultura e a utilização indiscriminada dos recursos naturais têm gerado aumento nos níveis de poluição ambiental – causando sérios problemas para o ecossistema, principalmente devido à contaminação química. Determinar as concentrações dos contaminantes na biota significa monitorar os níveis da fração “biodisponível” destes nos ecossistemas. Fialho et al. (2008) e Araújo e Tejerina-Garro (2009) mencionam que as interações peixe-ambiente em córregos do alto rio Paraná em Goiás mostram-se influenciadas por atividades antropogênicas.
No alto da bacia do rio Paraná em Goiás, a agropecuária representa atividade econômica predominante (Galinkin, 2002) – a qual favorece direta e indiretamente (escoamento superficial) a introdução no ambiente aquático de elementos-traço via esterco bovino (ou uso de fertilizantes agrícolas comerciais) (Franco-Uría et al., 2009), nitrato e fósforo (Shigaki et al., 2006). Por sua vez, a estrutura das assembleias de peixes mostra-se influenciada pela concentração de elementos-traço (Bervoets et al., 2005), fósforo (Tammi et al., 1999) e nitrato (Camargo et al., 2005).
A importância da preservação dos recursos hídricos leva à necessidade de monitorar e controlar a contaminação desses ambientes (Belluta, 2008). A ação química dos elementos-traço tem despertado grande interesse ambiental. Isto se deve, em parte, pelo fato de não possuírem caráter de biodegradabilidade, o que determina que permaneçam em ciclos biogeoquímicos globais nos quais as águas naturais são seus principais meios de condução, podendo-se acumular em diferentes órgãos de humanos e animais – perfazendo, assim, parte da cadeia trófica em níveis elevados (Silva, 2002). Cu, Zn, Cr e As são essenciais quando presentes em pequenas quantidades e tóxicos em concentrações mais elevadas (Ward, 1995); outros (como Pb e Cd) são considerados altamente tóxicos (FDA, 1993) – podendo afetar adversamente os organismos (Din et al., 1997).
Estudos referentes aos elementos-traço, fósforo e nitrato na bacia em análise abordam principalmente as concentrações dos mesmos em cursos d’água próximos de áreas urbanas – como no Rio Descoberto, Brasília-DF (Carmo et al., 2005) ou dos afluentes do rio Meia Ponte, Goiânia (Araújo e Maia, 2008).
A qualidade ambiental e a qualidade de vida da população estão relacionadas diretamente com a gestão dos recursos hídricos. Alguns instrumentos potencialmente indutores do controle, conservação e recuperação ambiental, tratados como instrumentos de políticas ambientais e de recursos hídricos estabelecidos pela Lei Federal n° 6.938 de 1981 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e posteriormente pela Lei Federal n° 9.433 de 1997 que dispõe sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos têm, entre outros objetivos, assegurar as condições de desenvolvimento socioeconômico, proteção e dignidade da vida humana (Braga, 2009).
O conceito de monitoramento da qualidade da água é muito mais amplo do que a simples verificação dos padrões legais de qualidade de água. Deve atender à necessidade de responder o que está sendo alterado e por que estas modificações estão ocorrendo. O gerenciamento da qualidade da água precisa dessas respostas para que ações tomadas sejam eficientes na redução dos danos ao meio ambiente, atuais e futuros (CONAMA, 2005).
Compreender a relação da água, sedimentos e peixes como formas armazenadoras de elementos-traço mostra-se de suma importância para produção-execução de políticas regulatórias de planejamento e gestão das águas mais eficazes – principalmente no intuito de reduzir os riscos ecológicos e para a saúde humana (Forstner e Aptiz, 2007).
O reduzido número de informações pertinentes a este campo de estudo na bacia do Paraná que perpassa pelo estado de Goiás sugere o monitoramento da concentração de elementos-traço nelas presentes a partir da análise de parte de seus componentes abióticos (água e sedimento) e bióticos (peixes).
Nome | Função no projeto | Função no Grupo | Tipo de Vínculo | Titulação Nível de Curso |
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AFONSO PEREIRA FIALHO
Email: pereirafialho@gmail.com |
Pesquisador | Pesquisador | [] | [] |
FRANCISCO LEONARDO TEJERINA GARRO
Email: garro@pucgoias.edu.br |
Pesquisador | Líder | [professor] | [doutor] |
HENRIQUE SANTANA COSTA
Email: henriquesantanacosta@gmail.com |
Coordenador | Pesquisador | [] | [] |